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Análise do conceito de gestação Étnica de Darcy Ribeiro

Por:   •  15/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  789 Palavras (4 Páginas)  •  744 Visualizações

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RIBEIRO, Darcy, O povo brasileiro, a formação e o sentido do Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 2002.

ANÁLISE DO CONCEITO DE GESTAÇÃO ETNICA.

No livro “O povo brasileiro” Darcy Ribeiro discorre sobre a história e desenvolvimento do povo do Brasil a partir de suas matrizes como a dos índios, negros, portugueses e demais europeus.

Segundo Darcy o cidadão brasileiro é o resultado de uma mistura sincrética de diversas crenças e valores, sendo isso o motivo para que a cultura brasileira seja tão rica e diversificada. 

Ele descreve as conjunturas desta formação fazendo uma verdadeira análise da gestação étnica em que os brasileiros se desenvolveram dizendo que este povo é fruto de miscigenação, cita que parte importante deste processo de miscigenação se deu por meio de um sistema indígena chamado “cunhadismo”.

O indígena foi o primeiro povo a instalar-se na terra e tendo este povo como parte de sua cultura a prática de oferecer uma moça de sua tribo aos recém-chegados, foi à própria prática da tradição indígena que tornou possível a chegada de estranhos as comunidades, facilitando assim         que o estrangeiro estabelecesse parentesco com os índios, tornado-os parte de sua família.

Cunhadismo é um sistema parte da tradição indígena em que o índio oferece uma moça de sua tribo a um estrangeiro afim de que este se torne parte de sua família. Entre os índios não existia a ideia de propriedade privada, dessa forma, os mesmos viam a terra como um bem comum, um bem de partilha, o que propiciou condições ainda mais favoráveis aos colonizadores.

Houve um verdadeiro choque cultural entre índios e colonizadores por terem visões de mundo tão diferentes. Os índios eram considerados pelos portugueses improdutivos e fúteis, cuja vida era levada dia a dia sem acúmulo de qualquer riqueza. Já os índios consideravam os exploradores afoitos, na verdade, os índios não conseguiam entender todo aquele desespero para juntar tantas coisas se ele tinha apenas uma vida para consumi-las. 

Para os colonizadores portugueses essa prática de casar-se com índias gerou a abertura necessária para o processo de ganho e exploração nas novas terras. Tal prática ainda gerou um contingente enorme de índios que por se tornarem, além de seus familiares, se tornaram mão de obra gratuita,  se colocando a disposição do parente branco, servir ao parente era também parte de sua singela cultura.

Cada colonizador podia se casar várias vezes, assim sendo, a tradição indígena se tornou uma forma de recrutamento para os trabalhos difíceis como cortar pau de tinta, transportar para os navios e outras tarefas relacionadas à exploração da terra. O cunhadismo acabou gerando uma camada numerosa de pessoas que são fruto destes “casamentos” e que acabou ocupando naturalmente o território brasileiro, gente mestiça fruto da miscigenação.

Esta prática estava acessível a qualquer europeu que desembarcasse junto às aldeias, o que gerou um enorme movimento de navios e colocou os índios num sistema de produção como mão de obra barata. Posteriormente o cunhadismo passou dos portugueses aos franceses, holandeses, alemães enfim, aos demais europeus cujos navios já sabiam onde atracar.

Por fim a necessidade de mãos de obra foi aumentando o que acabou gerando a troca do cunhadismo pelo sistema de escravização que capturava índios e posteriormente negros.

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