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Arte e Historiografia sobre a Independência

Por:   •  21/4/2021  •  Trabalho acadêmico  •  878 Palavras (4 Páginas)  •  247 Visualizações

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AS DIFERENTES PERSPECTIVAS HISTORIOGRÁFICAS E A ARTE COMO FONTE SOBRE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Gabriel Azevedo de Oliveira

Tivemos, na última aula do dia 25 de março, a presença da Historiadora Prof.ª Dr.ª Luciana de Oliveira que nos falou sobre a utilização das artes, com enfoque em imagens, dentro das produções históricas e das práticas pedagógicas no mesmo campo. Iniciou-se a discussão trazendo a realidade da má utilização, principalmente em livros didáticos e textos pedagógicos de divulgação ampla, das imagens – utilizando-as como meros enfeites ou ilustrações sem contextualização de produção ou análise representativa.

Apresenta-se três problemáticas do uso das imagens como fonte para a história ou para o ensino histórico: a) as legendas que transformam as imagens em verdades históricas; b) as análises formais e viés autoexplicativos; c) imagem ilustração versus imagem problema. Temos que lembrar que a imagem é produzida, seja ela uma pintura, desenho ou foto. Desta forma, algo que é produzido é produzido por alguém, se é produzido por alguém é feito através de certa subjetividade e vontades.

Assim como a escrita da história através de documentos escritos pode adquirir um viés de acordo com quem escreve e quem lê o documento, aqueles que produzem as ilustrações ou aqueles que as interpretam fazem através de suas lentes pessoais da realidade. A escolha da arte, seja ela uma imagem, uma escultura, um monumento, é subjetiva e não pode ser considerada uma verdade histórica, mas um retrato de um dos aspectos, ou um dos olhares para o acontecimento histórico que retrata.

A definitiva conformação da imagem Memorial deu-se, todavia, durante a gestão de Affonso d`Escragnolle Taunay. Logo depois de assumir o cargo pondera que “...o Monumento do Ipiranga, construído para a celebração do nosso magno acontecimento nacional, como solenemente o declara a sua grande placa inaugural da escadaria, com todo o seu destaque quase nada havia que lembrasse a tradição brasileira e paulista” [Taunay 1918]. Para sanar o que interpretava como lacuna, Taunay, valendo-se do apoio político e financeiro de autoridades e empresários, imprimiu novos rumos aos acervos e empreendeu uma de suas principais obras [...] (OLIVEIRA, 1995, p. 195-196)

Este trecho, retirado do artigo escrito por Cecília Helena de Salles Oliveira, mostra como a arte pode ser utilizado para fins de narrativa diversa e da exibição de uma história que corresponda a um interesse específico ou a um determinado fim. Não é surpresa para os estudiosos da história que esta é feita de narrativas historiográficas diversas, que variam de acordo com as escolas historiográficas, fontes utilizadas, ou por outros motivos diversos.

Neste sentido, cabe ao historiador perguntar-se, quando deparado com um documento histórico – seja ele qual for – quem o produziu, porque o produziu, em que época produziu, qual o contexto histórico que permeiam a produção de tal fonte, etc... Ainda neste contexto de diversidade de narrativas ou intepretações sobre um mesmo evento, podemos elencar as diferentes ideias sobre a independência presente nos autores dos textos propostos para a aula do dia 25.  Jurandir Malerba (2005) aponta as discordâncias entre seus pares e as diversas interpretações sobre o processo de Independência do Brasil. O autor elenca as diferentes propostas de interpretação, apresentadas por seus colegas historiadores, sobre o referido evento e coloca seus questionamentos e conclusões sobre as carências ou beneficies de cada uma delas. Sobre uma das visões de seus pares, Malerba (2005, p. 106) coloca:

Trata-se [...] de interpretação fundada num quadro teórico engessado, que retira do processo histórico toda cor e todo brilho das relações sociais vividas pelos agentes. Um processo eminentemente social, ideológico e político, como foi a Independência brasileira, se torna derivação de um macro-processo econômico.

Pimenta (2009, p. 61-62) também apresenta uma visão das diferenças historiográficas quando aponta:

Em meados do século XIX, a produção escrita de uma História nacional brasileira baseada em métodos pseudo-científicos e de forte utilidade política e ideológica, valeu-se amplamente da perspectiva de que a Independência fora positiva porque assentada na continuidade da dinastia de Bragança e na liderança pessoal de Pedro I. O maior representante dessa produção, Francisco Adolfo de Varnhagen alocou perfeitamente a ideia em sua História da independência do Brasil, escrita em  1875  e  pensada  como  o  desfecho  natural  daquela  que ficaria à posteridade como sua máxima realização intelectual, a História geral do  Brasil  (publicada  a  partir  de  1854).  Ambas correspondiam bastante bem aos intentos de escrita de uma história nacional arvorada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado em 1838.

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