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BRAUDEL, Fernand. História e ciências sociais - A longa duração

Por:   •  22/3/2016  •  Resenha  •  5.573 Palavras (23 Páginas)  •  2.212 Visualizações

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BRAUDEL, Fernand. “História e ciências sociais. A longa duração”. In: Escritos sobre a história. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 2005

p. 261        crise geral nas ciências do  homem – estão esmagadas pelos seus progressos. Trabalho         coletivo para organizar novos conhecimentos precisa ser feito.

        Todas ainda permanecem presas a um humanismo retrógrado, insidioso.

        Tentativas de superar essa dificuldade são através de  mudanças de definições e conceitos,         sobre fronteiras com outras ciências

        alguns “sábios isolados” organizaram aproximações entre as ciências. ex.: Levy-Strauss

p.262

        colocação de limites estimula conhecimento de outras ciências. Esboça-se a construção de         um “mercado comum” entre as ciências sociais. Elas encontram pontos em comum.

        Mas a aproximação imediata é uma operação urgente. Nos EUA tomou a forma pesquisas         coletivas sobre áreas culturais do mundo atual (China, India, EUA, etc..)

        é preciso que tais estudos unam de forma completa as ciências sociais, sem privilegiar as         mais antigas em detrimento das mais novas. A história, por exemplo, tem espaço         extremamente pequeno nessas tentativas dos EUA.

        Demais ciências sociais estão mal informadas sobre a crise que a disciplina da história         atravessou nos últimos 20 ou 30 anos (o texto é de 1958). Elas tem a tendência a         desconhecer um aspecto da realidade social em que a história é boa auxiliar: a duração social         – “tempos múltiplos e contraditórios da vida dos homens, que não são apenas a substância         do passado, mas também a base da atual vida social”

p.263

        esse desconhecimento é razão para a insistência no debate que se instaurou sobre a utilidade         da história, ou antes, da “dialética da duração” - oposição entre instante e tempo lento.

        

        Artigo falará da história do tempo da história.

        Das experiências recentes da história desprende-se  - “consciente ou não, aceita ou não” -         uma noção cada vez mais precisa da multiplicidade do tempo e do valor do tempo longo –         esse ultimo interessa mais às outras ciências sociais

        1 – HISTÓRIA E DURAÇÕES

        “Todo trabalho histórico decompõe o tempo passado, escolha entre suas realidades         cronológicas, de acordo com preferências exclusivas mais ou menso conscientes”

        A história tradicional atenta-se ao tempo breve, ao indivíduo.

        A nova história econômica e social coloca em primeiro plano a oscilação cíclica e sua         duração: alia relato (ou “recitativo”) tradicional ao da conjuntura em largos períodos – 10, 20 ou 50 anos

p.264        Há também uma história da longa duração, de amplitude secular, oposta à história factual         (événementielle é o termo usado em todo o texto)

        

        tais palavras não têm segurança absoluta, diferentemente de “acontecimento” - da curta         duração, explosivo, encha a consciência dos contemporâneos, mas dura pouco.

        Filósofos dizem que essa definição de “acontecimento” despoja a palavra de parte de seu         significado. “Acontecimento” pode se ligar a um tempo muito maior, a uma cadeia de         acontecimentos e carregar uma série de significações e relações. Pode ser extensivo ao         infinito.

        Benedetto Croce – em todo acontecimento, a história inteira se incorpora e se redescobre.         Com a condição, é claro, de acrescentar a esse fragmento o que ele não contém no início,         sendo submetido, portanto, ao julgamento do historiador. - Sartre propõe reflexões nesse         sentido.

        Lugar do factual é o tempo curto, o tempo do cronista e do jornalista.

p. 265        À primeira o passado é uma massa de pequenos fatos. Existem ramos das ciências sociais         que coletam dados neles (microsociologia e microhistória). Porém, essa massa não constitui         toda a realidade. O tempo curto é a mais enganadora das durações.

        

        História tradicional, dita factual, se confunde com história política.

        História política não é condenada a ser factual, mas no seu conjunto dos últimos cem anos         ela foi feita em torno dos “grandes acontecimentos”. O progresso na conquista científica de         instrumentos e métodos de trabalho, com a descoberta maciça do documento levou o         historiador a crer que na autenticidade documentária estava a verdade total.

        Esse ideal de “história em estado nascente”, surgida das correspondências de embaixadores         e debates parlamentares,  segue a história factual, no fim do século XIX.

        Os historiadores do século XVIII e início do XIX, ao contrário, estavam atentos à grande         duração, que, depois foram retomados por outros poucos – Michelet, Ranke, Fustel,         Burckhardt

p. 266        ir além da curta duração foi bem precioso da historiografia dos últimos 100 anos porque foi         raro. Assim, é possível compreender o papel da história das instituições, das religiões e das         civilizações. Também o papel de vanguarda dos estudos sobre Antiguidade Clássica, graças         a arqueologia, que depende de grandes períodos.

        

        “A recente ruptura com as formas tradicionais da história do século XIX não foi uma ruptura         total com o tempo curto.”

        Ela agiu em benefício da história econômica e social e em detrimento da história política.         Com a história quantitativa, houve mudanças de método e centros de interesse.

        Houve sobretudo alteração do tempo histórico tradicional. A história política tradicional         trabalhava com dias. Análise de preços, aumentos demográficos, salários, da produção, etc,         precisam de períodos largos, de dezenas de anos.

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