Beco do Batman
Por: rafos • 13/11/2015 • Trabalho acadêmico • 554 Palavras (3 Páginas) • 198 Visualizações
Há incontáveis ruas, vielas e muitos caminhos através de São Paulo, muitos esquecidos, deixados às traças pelo governo e muitas vezes pela população. As rua Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque, na Vila Madalena - zona oeste de São Paulo - em meados dos anos oitenta, assim como outras inúmeras ruas de nossa cidade jaziam esquecidas, deteriorada e suja, quando à época ainda jovens, um grupo de grafiteiros entre eles Rui Amaral e o americano John Howard chegaram ao local. Havia sujeira, várias pichações e um símbolo do Batman (personagem dos quadrinhos que então daria nome ao local), quando os jovens deram as primeiras pinceladas nas paredes do local há por volta de trinta anos atrás e então passando a pintar sistematicamente. As pinturas no local vão desde desenhos com influência cubista a pop arte, psicodélica e letras estilizadas. O Beco do Batman atrai milhares de visitantes todos os meses, além de turistas tendo se tornado ao longo dos anos um grande ponto de referência para o graffiti e a arte urbana em São Paulo tendo sido citado por diversos veículos da mídia internacional entre eles a BBC de Londres que classificou o lugar como "cheio de energia criativa". Os visitantes podem conferir desenhos grandiosos ricos em cores e riqueza de detalhes. Aos que são apreciadores de artes plásticas em geral podem facilmente identificar nos trabalhos grande influência de outras escolas, que muitos não imaginam serem fundíveis ou inspirarem a arte de rua, uma mostra de que a arte não é dividida por paredes que isolam e limitam estilos a um nicho específico, mas por portas que podem ser abertas permitindo aos artistas transitarem por estilos e absorver influências e conceitos de outros grupos enriquecendo sua arte e expressão.
Além, é claro, da qualidade do trabalho dos grafiteiros nas paredes "Beco" outro fato a ser mencionado e enaltecido é o caráter rotativo dos trabalhos. Ou seja, apesar de não ser uma galeria formal o Beco do Batman funciona numa espécie de auto-gestão, tem suas regras. O ultimo a pintar um determinado espaço é o "dono" daqueles limites. Você pode chegar lá e pintar, mas é preciso comunicar o artista que anteriormente deixou seu trabalho lá e então receber a autorização dele para criar outra arte naquele espaço. "Atropelar" é o ato de criar por cima do trabalho de outro artista sem comunicá-lo disto.
É praticamente impossível encontrar um espaço de parede virgem no local. O poder da arte transformou o lugar não apenas em termos de notoriedade ou rotatividade, mas também da forma mais simples: esteticamente. O Beco do Batman é constantemente utilizado como Background peças publicitarias e até desfiles de moda, sendo a principal referência do graffiti na cidade de São Paulo e uma galeria a céu aberto extremamente versátil e sempre com ar de novidade já que você dificilmente vai encontrar os mesmos trabalhos por vários meses seguidos.
Em entrevista a VEJA SÃO PAULO o dono de agência de turismo Thiago Cyrino afirma “Desde 2009, já levei cerca de 1500 pessoas ao Beco do Batman” ressaltando a notoriedade do local. Fato que se deve totalmente ao trabalho dos grafiteiros e grafiteiras que preservam e renovam sua obra incansável e periodicamente. Em torno do local surgiu um circuito para aqueles que curtem artes plásticas, tudo isso atraído pelo magnetismo do Beco do Batman
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