Ensaio do livro "Do Seringal ao Asfalto"
Por: Wálisson Clister • 31/3/2019 • Ensaio • 1.022 Palavras (5 Páginas) • 145 Visualizações
“Monstro de cimento, insensível e desumano! Em sua incontida ânsia de progresso, a cidade nada respeita. Vai em frente, destruindo sonhos, devorando vidas, dizimando gente que luta por um lugar ao sol.” (POTYGUARA, ano, p. 111)
Assim é como o autor, na fala de Fernando, expressa o cenário urbano, especificamente o carioca, no livro “Do Seringal ao Asfalto”.
Embora a cidade revele-se como algo transbordante de beleza, onde diariamente milhares de pessoas circulam incessantemente, não esconde a ferocidade de suas relações necessárias à subsistência, seja nas noites frias nos becos e esquinas, ou de sol a sol nas avenidas e escritórios. A manutenção da cidade se faz necessária na fomentação de sonhos, paixões e vidas, como revela a obra. Seguindo a lei da sobrevivência, vence aquele que seja mais forte e se adapte ao meio.
No entanto, a cidade não tem vida. A existência desse habitat é condicionada pela existência de núcleos inferiores que dão sentido e constroem as relações cotidianas. Caso contrário não passaria de um deserto populacional. Diferentemente da vida natural, onde a selva se faz pela presença de animais silvestres e plantas de toda sorte que integram o meio num sistema de reciprocidade, ou seja, uma coisa não existe sem a outra. Diversamente, como foi dito, da selva de concreto.
O livro narra a história de uma jovem acreana que vive na cidade do Rio de Janeiro. Vinda de um seringal do Acre e filha de pai cearense (grande seringalista) e mãe peruana, Diana Barbosa vive presa a um passado que a assombra constantemente, fruto de uma decepção amorosa.
Passando-se no decorrer do século XX, na cidade do Rio de Janeiro, a trama da história se dá pelo elo do passado e do presente de Diana, uma jovem bela e recatada que desperta o desejo do jornalista e advogado Paulo Oliveira. O jovem se aproxima da moça, contudo, o bloqueio psicológico de Diana impede qualquer tipo de afeto.
Vivo nas memórias da moça, Fernando, rapaz pelo qual Diana é perdidamente apaixonada, ainda causava muito dor e sofrimento. Pois este havia abandonado a moça depois de deflora-la, embora fosse noivo de outra mulher. A fuga de Fernando do seringal do pai de Diana, lugar onde exercia função de guarda-livros, se deu por motivo de este precisar provar a inocência de sua conduta ilibada que havia sido manchada de uma acusação injusta de roubo. Razão que fez com que o mesmo, foragido da justiça, fosse parar em um lugar tão distante de sua terra natal, Ceará, em um seringal acreano.
Diana, devido a doença de seu pai, acaba viajando até o Rio de Janeiro para a cirurgia da perna do mesmo. Nessa ocasião, a moça encontra um antigo amigo de Fernando, o Padre, que lhe informa notícias sobre o homem amado. Decepcionada, a moça vê-se desiludida e com poucas esperanças de encontra-lo.
Com o falecimento de seu pai, Diana estabelece residência em uma pensão do Rio de Janeiro. Contendo diversas personalidades, a pensão era propriedade do português Manoel Dias da Fonseca, homem rustico mas de boa índole, e de sua esposa, D. Eugênia.
Embora longe, muitos elementos curiosamente aproximavam a moça de sua terra natal. Como a Rua Acre, próxima a pensão, e a avenida Rio Branco, nome, respectivamente, do Estado e da Capital de seu lugar de origem.
Em um dia comum, na ida para o trabalho, Diana depara-se com a cena de dois jovens brigando na rua. Fato que lhe chamou a atenção e a fez intervir no entretenimento de transeuntes. Neste momento que a moça conhece Pedrinho, garoto que ela adota como se fosse seu próprio filho.
Boa parte da trama da história se dá no conflito de Margarida, filha dos donos da pensão, e de Manoel, pai da jovem. A garota alimentava uma paixão proibida com um
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