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Ensino De História Da Teoria A Pratica

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Por:   •  3/11/2014  •  4.297 Palavras (18 Páginas)  •  298 Visualizações

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ENSINO DE HISTÓRIA: DA TEORIA À PRÁTICA

Cláudia Maria Calmon Arruda1

Mestre em História pela UFF / Pesquisadora do Arquivo Público do Rio de Janeiro

RESUMO: O artigo analisa o ensino de história sob o ponto de vista da aplicação das teorias à prática de sala de aula, reconhecendo o perfil diferenciado dos alunos.

PALAVRAS-CHAVE: História. Ensino. Teoria. Prática.

Apresentação

Este trabalho consiste num relato de experiências pedagógicas e dos empecilhos

encontrados para a discussão de temas ligados ao preconceito, desenvolvidas entre

alunos do 2º segmento do ensino fundamental, em uma escola da rede pública municipal

do Rio de Janeiro, localizada no subúrbio.

Essas experiências foram elaboradas a partir da observação da arquitetura da

escola, semelhante a um presídio: cercada por grades, trancas e pintada com cores

opacas. A análise da estrutura arquitetônica se combinou à percepção do desinteresse e

apatia, por parte dos alunos, diante das propostas pedagógicas oferecidas, nos fazendo

pensar em novas proposições de ensino que modificassem tal postura.

Sobre a estrutura arquitetônica da escola, é interessante examinarmos o trabalho

de Michel Foucault (2002), no qual foi demonstrado que as medidas punitivas e

disciplinares aplicadas a delinqüentes ao longo da Idade Moderna foram adaptadas a

outras instituições que tivessem por objetivo educar e disciplinar os seus membros.

Essas medidas, na verdade, serviram como pilares para estruturar as relações de poder

nas sociedades modernas ocidentais.

Foucault demonstrou que, a partir do século XIX, foi desenvolvida uma nova

estrutura arquitetônica para as prisões: o panóptico. O panóptico contava com uma torre

1 Mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense, especialista em Teoria da Arte, pesquisadora do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e professora da rede pública municipal do Rio de Janeiro.

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central, construída no centro da edificação, destinada ao vigia. A torre central se elevava

por sobre as celas, que estavam dispostas ao seu redor. A estrutura panóptica foi

montada de tal forma, que os detentos eram observados, porém não conseguiam

identificar o seu vigia. A inovação trazida pelo panóptico consistia na manutenção de

uma vigilância constante e invisível aos olhos do enclausurado, que é “objeto de uma

informação, nunca sujeito numa comunicação”.

Ao longo da história moderna ocidental, segundo Foucault, o Estado elaborou

diversas formas de punição contra práticas delituosas e estabeleceu regras de conduta

para a população. Essas regras tinham por objetivo não apenas coibir a delinqüência,

mas também impor a disciplina e o controle dos indivíduos. Assim, prisões, hospitais,

asilos, hospícios, quartéis e escolas se encarregariam de transmitir e fazer cumprir entre

seus membros as normas disciplinares impostas pelo Estado. O controle do tempo, o

estabelecimento de hierarquias, a adoção de medidas punitivas e a constante vigilância

dos membros dessas instituições, seriam peças chaves para fazer funcionar todo o

mecanismo de sujeição.

O modelo arquitetônico introduzido pelo panóptico é a representação concreta

da estrutura de poder que moldou a sociedade moderna, cuja base se definiu pelo

controle dos indivíduos: “daí o efeito mais importante do panóptico: induzir no detento

um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento

automático do poder” (FOUCAULT, 2002, p. 166).

O espaço escolar, assim organizado, permite o exercício constante de controle

sobre os alunos e faz funcionar a escola “como máquina de ensinar, mas também de

vigiar, de hierarquizar, de compensar”. Esse mecanicismo e controle tolhem a

criatividade, buscando formar alunos que sejam meros reprodutores de idéias pré-

estabelecidas e que não ameacem a estrutura social vigente. Paulo Freire (1999) já

denunciava o pragmatismo pedagógico, no qual as questões sociais são apresentadas

aos alunos como inerentes ao processo de desenvolvimento das sociedades, mascarando

um projeto político que visa a manutenção das desigualdades sociais.

Da frieza da arquitetura coercitiva, passemos aos alunos e nossas primeiras

impressões sobre eles.

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Neste aspecto, percebemos a grande distância que separa a formação acadêmica

da prática em sala de aula. Conceição Cabrini (2000) aponta para esta dicotomia,

observando que o ensino de História, tal qual se apresenta, atribuiu à academia a

prerrogativa para a produção do saber, enquanto às escolas de ensino fundamental e

médio

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