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FICHAMENTO DO TEXTO “ A AMÉRICA PORTUGUESA E OS SISTEMAS ATLÂNTICOS NA ÉPOCA MODERNA” DE JOÃO FRAGOSO, ROBERTO GUEDES E THIAGO KRAUSE

Por:   •  28/8/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.941 Palavras (8 Páginas)  •  346 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA-UFJF

TAINA DE OLIVEIRA RODRIGUES

FICHAMENTO DO TEXTO “ A AMÉRICA PORTUGUESA E OS SISTEMAS ATLÂNTICOS NA ÉPOCA MODERNA” DE JOÃO FRAGOSO, ROBERTO GUEDES E THIAGO KRAUSE

Nesse texto, os autores, colocam em pauta questões antigas e novas para compreensão das relações entre colônia e metrópole. Enquanto de um lado teremos autores, como Caio Prado Júnior, que defendem “(...) a ideia de a colônia ser uma economia dominada pelo capital mercantil europeu.” (p.11); outros já não acreditam em um conceito de colônia, buscando novas percepções. Em cima de vários trabalhos e autores, o texto vai mostrando essas novas interpretações e sua importância para o real entendimento da dinâmica, entre os séculos XVI e XVIII, do Novo Mundo com o Império lusitano.

 A primeira parte do texto mostra como os programas de pós-graduação em história a partir da década de 70 contribui na expansão de novas ideias acerca do entendimento das relações colônia-metrópole. A partir disso “(...) os antigos modelos explicativos da chamada economia colonial começaram a ruir.” (p.12) Porém, isso foi e ainda é um longo processo, uma vez que tais ideias de autores como Caio Prado Júnior e Celso Furtado estão tão difundidas.

Caio Prado vai definir a economia colonial como uma estrutura feita para atender somente as demandas do capitalismo europeu. Que possuíam algumas características básicas:

“(...) produzir mercadorias a baixos custos (...).” (p.12)

“(...) possuir um mercado que adquirisse manufaturados (...).” (p.12)

“(...) ter por base a mão de obra africana (....)” (p.12)

Na concepção de Celso Furtado, a dinâmica dessa relação seria apenas “(...) de um grande canavial gerenciado por senhores de engenhos, porém dirigidos por um ‘capitão não residente’ (...). Assim, a economia colonial não tinha dinâmica própria (...).” (p.13)

Como já dito anteriormente, a partir da década de 70, esses modelos começam a ser alvo de críticas. Nessa época se destacam Ciro Cardoso e Jacob Gorender, que vão colocar em foco duas fraquezas desses modelos.

“O princípio teológico contido, (...), processos dos séculos XVI e XVII, a partir do que era a economia brasileira na década de 1940.” (p.14)

“(...) a ênfase dada à circulação das mercadorias na determinação das formas sociais de produção.” (p.14)

Para os dois autores a análise de tal dinâmica tinha que ser diferente do que vinha sendo feito à anos.

“(...) o procedimento correto seria atentar para a estrutura de produção. Da mesma forma, eles sublinharam a importância de analisar a lógica das relações sociais vividas naquelas sociedades.” (p.14)

A partir da década de 1990, com o número cada vez maior de dissertações de mestrados e teses de doutorado, os modelos tão difundidos sobre a dinâmica colonial começam a sofrer de vez. Através desses trabalhos com pesquisas sólidas empíricas começa a se mostrar o erro de várias interpretações tradicionais da historiografia colonial.

“(...) começou-se a demonstrar que a economia era mais do que uma plantation exportadora, existindo um circuito de mercados internos disseminados pela América.” (p.15)

Começam a se desenvolver também estudos sobre sociabilidade entre os cativos. O trabalho por exemplo de Hebe Castro: “(...) negava a natureza marginal ou de desclassificados sociais atribuída à população de homens livres pobres. Estudando um município da província fluminense do oitocentos, ela demonstrava ação social destes homens e mulheres nas suas lavouras e comunidades, interagindo com as elites fundiárias locais no mercado e diante do acesso à terra.” (p.16)

“Ainda nesta geração temos o pioneiro trabalho de Sheila de Castro Faria, baseado em fontes cartorárias e registro paroquiais, que descortinou diversos traços da vida na sociedade do setecentos no Norte fluminense, tais como sistema de casamento, mobilidade social e geográfica, formas de acesso à terra, etc.” (p.16)

Muitos outros estudos foram desenvolvidos durante anos, por diversos pesquisadores que investigavam diferentes áreas da “sociedade colonial”. Depois de muito tempo é que fica claro “(...) que a América não era um simples canavial, habitado por prepostos do capital mercantil e semoventes (escravos), conectados à humanidade apenas por rotas comerciais.” (p.18)

A partir da análise de testamentos das grandes famílias da época colonial é feita a descoberta que uma grande parte do patrimônio era destinado a igreja, a salvação da alma. A que se dava grande importância nessa época.

“(...) o equivalente a 40% do valor dos negócios registrados em cartórios ia para missas, igrejas e irmandades pias.” (p.20-21)

“Ao que parece, esta economia tinha os seus investimentos comandados pelos mortos e não tanto pelo capital mercantil europeu.” (p.21)

Além disso, a análise de testamentos ajuda muito mais em outras de descobertas feitas sobre a América lusa.

“Quanto à América lusa coo mercado de manufaturados europeus, mais uma vez os testamentos podem nos ajudar. Na primeira década do século XVIII, camisas, vestidos, lençóis e utensílios domésticos eram vistos como bens preciosos e doados como tal nos testamentos a entes queridos como filhos, irmãos e amigos. (p.21)

“O padrão de consumo e de mercado nesta América era ainda protoindustrial e o seria por muito tempo, como mais uma vez os testamentos informam.” (p.21)

Ainda nessa época teremos outra crítica importantíssima sobre a historiografia internacional. A ideia de Estado Absolutista. Para os críticos da época não se pode falar em Estado Absolutista como sinônimo de Antigo Regime. Portanto, “(...) o Estado Leviatã cedeu espaço à agência dos poderes locais e de grupos como a nobreza.” (p.26)

A partir disso, novas leituras são feitas sobre a dinâmica dos impérios ultramarinos. E mais ideias são acrescentadas à nossa colônia.

“Em fins da década de 1980, colocava-se em dúvida a ideia de absolutismo, assim como a exploração econômica e a subordinação política impiedosa das, até então, chamadas colônias.” (p.26)

“Era ela (monarquia) a ‘cabeça pensante’, capaz de articular as jurisdições das várias partes que compunham o conjunto do corpo social, seja no Reino, seja no ultramar. Com isto temos a ideia de uma monarquia polissinodal e corporativa de base católica.” (p.26-27)

Anos depois, dois autores revisionistas importantíssimos na historiografia internacional apresentam duas novas ideias que vão revolucionar várias teoria antes apresentadas. J. H. Elliot com o conceito de monarquias compósitas e J. Greene com a noção de autoridade negociada.

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