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Fichamento Profetas e santidades selvagens

Por:   •  2/8/2017  •  Resenha  •  1.056 Palavras (5 Páginas)  •  225 Visualizações

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POMPA, Cristina – Profetas e santidades selvagens

Esse profetismo também se constrói através da relação de nativos e jesuítas

Profetismo: desejo de explicação dos males, não se encontra no campo concreto

Terra sem males: o paraíso

SEM FÉ, SEM REI, SEM LEI

  1. Pompa inicia discutindo o profetismo dos tupi-guarani, temática de muito interesse dos pesquisadores da questão indígena, principalmente no que se refere à busca da terra sem males
  2. Assinala que este profetismo tem sido considerado uma prática totalmente autóctone natural e exclusiva dos índios e preexistente à conquista. Todavia, nos últimos anos esta tese tem sido colocada em xeque por etnólogos e historiadores.
  3. Não se propõe a analisar a questão pelo olhar do antropólogo. O que lhe interessa é olhar a questão pela análise da função do campo ou “campos semânticos” construídos em torno da noção de profecia
  4. Assinala que para esta compreensão é preciso “desvendar o processo de leitura e tradução do “outro”, que se iniciou com a descoberta com os primeiros relatos dos viajantes e missionários a respeito dos tupinambás e de seus grandes xamãs: os caraíbas” (p.179)

Para a autora:

“ O ‘profetismo’ é muito mais uma projeção de uma categoria ocidental, utilizada na época do contato para ler, entender e finalmente construir o ‘outro’ indígena, do que propriamente um elemento ‘original’, no sentido de pré-colonial, da cultura tupi-guarani” (p.179)

Destaca a presença dos profetas e santidades na terra dos indígenas, o que implica entender o outro para melhor domina-lo. Escatologia missionária com a cosmologia;

Missionários identificaram os caraíbas como inimigos mortais da catequese, ao afirmarem que estes tinham demônios e impediam os índios de chegarem à verdadeira fé cristã;

Destaca-se a leitura de que ao ver o indígena como um ser pagão, podia-se justificar a sua catequização

Não é apenas a relação de dominação, mas também de inversão; apropriação dos missionários e manter-se minimamente.

Relação entre os nativos e colonizadores se constrói uma relação de via dupla, mesclando e difundindo-se;

  • Leitura e tradução do outro: inicia-se com a descoberta, primeiros relatos de viajantes;
  • Desejo da terra sem males
  • Paraíso a partir da cristianização; profecias cristãs
  • O profetismo era muito mais presente na cultura dos missionários do que dos indígenas;
  • Desconstrução do saber dos pajés e xamãs. Estariam mais sujeitos a conversão dos grupos e comunidade.
  • Edenização e demonização (Souza, Laura de Mello e)

A invenção da América

Naquele contexto, como dirá o texto de Souza “ouvir valia mais do que ver”. Já que “a argumentação decisiva não é a prova empírica, mas o discurso da autoridade dos eruditas e dos santos” (p.180)

O horizonte teológico sustenta a imagem fornecido pelos viajantes do século XVI

A partir de De Certeau na sua referência a Jean de Léry “a narrativa é uma viajem em busca do eu, cujo produto final é a invenção do Selvagem” (p. 180)

Povos sem religião

As descrições dos viajantes e particularmente dos missionários são carregados de revelação do “ocidente evangelizador diante dos habitantes da terra dos papagaios” (p. 181)

A descrição que se faz dos índios impossibilitaria de percebe-los em sua alteridade religiosa, devido o olhar do paganismo clássico, torna-se justificadora – funcional ao projeto catequético.

“Estes, a partir de São Paulo... (181) – formas de justificar

“Entre bárbaros e gentis... (p.181) – selvagens, porém inocentes, com oscilações pendendo mais para o bárbaro, demonizando os nativos.

  • Inumanidade dos povos nativos: (imagem do selvagem para legitimar a “empresa” evangelizadora)
  • BIFRONTALIDADE: Colonizar as terras e as almas (expandir a fé cristã) (conceito de Laura de Mello e Souza)
  • Interesses da igreja e da coroa

Deus, os selvagens e o fim dos tempos

Se a falta de religião facilitava a catequese, eliminando a necessidade de se dar fim a outra idolatria, permitindo-lhes trabalhar num terreno virgem, por outro lado a escolástica mandava identificar no intelecto um sinal de Deus (p.183)

Eis que na mesma página em que aparece a ausência de religião entre os tupinambás

A bula do papa Paulo III, além de reconhecer-lhes a humanidade, mandava traze-los para a fé cristã pela pregação do verbo de Deus e do exemplo (p. 183)

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