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História das Ideias Políticas

Por:   •  2/9/2018  •  Projeto de pesquisa  •  2.077 Palavras (9 Páginas)  •  255 Visualizações

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Angela Maria Lima dos Santos

Châtelet, François. Duhamel. Olivier. Pisier-Kouchner, Evelyne. História das ideias politicas. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1985.

O Estado Força

  • “Estado total, poderíamos dizer, se a expressão não convidasse a confundir fascismos e socialismos; Estado racial, se ela não induzisse a uma assimilação abusiva da Itália mussoliniana com a Alemanha de Hitler; Estado-Povo, se essa tradução do alemão völklisch não privilegiasse apenas um termo em detrimento do outro, quando precisamente a palavra völklisch os funde”. Pág. 236
  • “(...) a luta por um Estado forte que não seja limitado pelo direito, sem nem mesmo apresentar a desculpa ou pretexto de sua futura extinção”. Pág.236
  • “A direita francesa da primeira metade do século XX é dominada pela personalidade de Charles Maurras: “Uma das maiores forças intelectuais de nosso tempo”, “um dos mestres de nossa geração”, “meu mestre”. Pág. 237
  • “No final das contas, se o nacionalismo francês afastou a França do fascismo, não deixou por isso de forjar “as origens do fascismo”. Pág. 237
  • “A contra-revolução política condena os ideais da Revolução Francesa e lhes opõe as virtudes da monarquia”. Pág. 238
  • “O cristianismo lhe era particularmente insuportável: “Há no evangelho um almanaque para formar um bom demagogo anarquista”. Pág. 238
  • “Odiando o romantismo – bárbaro por ser estranho às letras clássicas, preferindo os impulsos a razão, a desordem e a indisciplina à ordem greco-latina -, Maurras chega a recusar a Revolução, já que o romantismo “não passa de uma consequência literária, filosófica e moral da Revolução”. Pág. 239
  • “Em geração, marcada pela derrota de 1870, imputava a responsabilidade de tal derrota à deriva democrática impotente em face do autoritarismo prussiano (...) Pág. 239
  • “A hereditariedade confere ao poder a força, a duração e a continuidade das quais carece cruelmente o regime democrático”. Pág. 239
  • “O monarca hereditário não tem muito a ver com o chefe carismático que inflama suas coortes”. Pág. 240
  • “Os partidários do nacionalismo integral, portanto eram convidados a propagar a doutrina. Num segundo momento, com os progressos da “mentalidade conspirativa”, chegou a hora do “golpe de força”. Pág. 240
  • “Por outro lado, a concepção maurrasiana do Estado monárquico, está bastante longe da concepção do Estado fascista. Ela não se apóia numa mobilização popular, o que lhe tira a componente de mesa própria dos fascismos”. Pág. 240
  • “E Maurras irá encontrar acentos tocquevillianos para pregar uma monarquia descentralizada”. Pág. 241
  • “No sistema fascista, as corporações são um instrumento em mãos do partido único para permitir ao Estado estender se controle sobre sociedade subordinada”. Pág. 241
  • “Era algo corrente, no século XIX, se ser racista e não ocultar demasiadamente o fato. A esquerda teve seus anti-semistas, entre os quais várias figuras do socialismo francês”. Pág.242
  • “A aliança dos sorelianos e dos maurrasianos franceses suscitou na Itália um entusiasmo que dificilmente se pode imaginar hoje”. Pág.244
  • “O movimento sindicalista substitui a poeira de indivíduos, que quer encontrar acima dela o Estado republicano, por agrupamentos profissionais sobre os quais se apoia a tradicional monarquia francesa”. Pág. 244
  • “Pode-se admitir que esse racismo constitui um pré-fascismo”. Pág. 246
  • “O anti-semitismo levará o próprio Maurras a desejar a vitória do inimigo eterno, pois, “ se os anglo-americanos ganhassem, isso significaria o retorno dos franco-maçons, dos judeus e de todo o pessoal político eliminado em 1940”. Pág. 246
  • “Hitler vê “o jovem judeu de cabelos negros espiar durante horas com o rosto iluminado por uma alegria satânica  jovem inconsciente do perigo, que ele suja com seu sangue, emasculando assim o povo onde ele provém”. Pág. 246
  • “O fascismo, contudo, não se reduz a um evento, do qual seria preciso buscar as causas, nem a um fenômeno, do qual caberia revelar as manifestações; é também uma ideologia”. Pág. 247
  • “O procedimento consiste em buscar inicialmente a chave do fascismo nas especificidades nacionais dos países que o adotaram”. Pág. 247
  • “O sucesso dos grupos fascistas italianos torna-se assim a última explosão de um mal enraizado entre os italianos, constituído pelo hábito da insubordinação, pela ausência de sentimento cívico [...], pela corrupção; em suma, por vícios nascidos de séculos do governo despótico”. Pág. 247
  • “Um enfoque análogo, pondo o acento nas culturas políticas, buscou a chave do nazismo no espírito alemão, inclusive na alma germânica”. Pág. 248
  • “O prussianismo é igualmente invocado, na medida em que teria engendrado “a uniformização submissão irrefletida em fase das autoridades [...], todos os tipos de pulsões e de paixões malsãs”. Pág. 248
  • “A versão mais explosiva dessa tese foi elaborada pelo germanista francês Edmond Vermeil, segundo o qual toda a história alemã é dominada pelo “romantismo organizado”. Pág. 248
  • “O nazismo teria germinado a partir desse dualismo fundamental, que ele integra em sua dinâmica; e sua agressividade tende a resolver a dilaceração criada ao longo da história alemã”. Pág. 248
  • “À guerra mundial, cedo sucedeu a guerra fria. Mudam as necessidades: e aparece a explicação totalitária”. Pág. 249
  • “Assim como certos homens de direita aceitaram o nazismo porque o avaliaram, num primeiro momento, como uma anticomunismo, outros conservadores o rejeitam por ver nele, antes de nada, um criptocomunismo”. Pág. 249
  • “À medida que a tese do totalitarismo toma corpo, as diferenças entre sovietismo e hitlerismo são cada vez mais minimizadas, ou mesmo inteiramente silenciadas”. Pág.250
  • “Hannah Arendt, que foi quem melhor aprofundou a noção de totalitarismo, concebe-o em última instância como uma lógica da demência”. Pág. 250
  • “O sociólogo americano Daniel Lerner estudou a origem social dos quadros nazistas a partir do Anuário do Terceiro Reich e construiu um índice de marginalidade pelo acúmulo de várias variáveis (...)” Pág. 251
  • “Último modo de chegar à mesma conclusão: fascismo e comunismo decorrem de um único sistema, o sistema totalitário”. Pág. 251
  • “As sociedades totalitárias levam ao limite máximo as taras das sociedades técnicas do mundo contemporâneo, das quais se distinguem apenas pela unificação dos instrumentos que, nos regimes democráticos, conservam-se separados”. Pág. 252
  • “a acumulação desses monopólios por uma só força leva ao quase desaparecimento da sociedade civil e a uma supressão do “homem privado”. Pág. 252
  • “Mas cada uma dessas fases põe problemas: a primeira exige a destruição permanente, sob pena de esclerose; a segunda sobrecarrega o chefe; a última oscila entre o terror e a persuasão”. Pág. 253
  • “Curiosamente, foram historiadores da Alemanha Ocidental que puseram em questão algumas simplificações da teoria do totalitarismo, sublinhando as oposições entre comunismo e nazismo”. Pág. 253
  • “(...) o fascismo constitui a contra-revolução do século XX, o tipo contra-revolucionário novo, que corresponde à nova fase do capitalismo, o imperialismo monopolista”. Pág. 254
  • “O núcleo invariante das análises marxistas do fascismo relaciona-o a crise estrutural do capitalismo desenvolvido: a ditadura fascista corresponde a uma solução para o capital ameaçado”. Pág. 254
  • “Na origem desses esquemas, o simplismo desemboca no absurdo. Foi o caso da teoria do social-fascismo, formulada pela Terceira Internacional por ocasião da conquista do poder por Mussolini e logo estendia à Alemanha”. Pág. 254
  • “Os comunistas podiam se permitir lançar todo o mundo no mesmo saco fascista, já que a revolução estava na ordem do dia”. Pág. 255
  • “Como  sequência da história entrou em choque frontal com a inanidade dessa expectativa, a tese da ultra-reação substitui a do social-fascismo”. Pág. 255
  • “Os outros adeptos do materialismo cientifico, professores universitários e/ou políticos, sem abandonar a correlação entre fascismo e crise do capitalismo desenvolvido, irão pôr o acento – em diferentes graus – na autonomia relativa do fenômeno fascista”. Pág. 256
  • “Quanto ao materialista libertário que é Daniel Guérin, ele considera que – num primeiro momento – o fascismo era o instrumento da indústria leve, embora essa distinção desapareça com a crise e a conquista do poder pelas forças fascistas (...)” Pág. 256
  • “Quando os marxistas querem ir adiante ao reconhecimento da especificidade do fascismo, podem recorrer ao esquema bonapartista. Esboçado por Marx em O 18 Brumário de Luís Bonaparte, a explicação afirma que, em situação de crise a burguesia pode ser levada a abandonar o poder político para melhor conservar seu poder social ameaçado”. Pág. 256
  • “O fascismo e apresenta então como o mediador indispensável para restabelecer essa hegemonia, o que ele faz mediante  criação de um partido de massa, a conservação de uma dualidade entre partido e Estado e o recurso privilegiado à família e à propaganda para perpetuar a dominação”. Pág. 257
  • “Quando a Mussolini, ele escapa mais facilmente `s psicobiografia na medida em que ninguém lhe atribui a condição de sifilítico ou suspeitou que fosse impotente”. Pág. 258
  • “Antes de recorrer à psicologia das massas, alguns historiadores interpretam o fascismo italiano como uma doença moral”. Pág. 258
  • “O fascismo soube responder à angústia das massas, dilaceradas entre seu desejo de liberdade e seu medo da liberdade”. Pág. 259
  • “Erich Fromm pôde então avaliar a personalidade autoritária do homem subjugado. “A aspiração ao poder não é produto da força, mas o filho abastardado da fraqueza”. Pág. 259
  • “O aparentamento se opera em face da família e em face da sociedade; mas o capitalismo tende a destruir esses laços de identidade: “As relações sociais perderam seu caráter direto e humano [...]”. Pág. 259
  • “A sociologia confirma a banalidade do fascismo. S. Lipset falará assim de um extremismo do centro para caracterizar o nacional-socialismo”. Pág.261
  • “Sem entrar nos detalhes das análises sociológicas do fascismos, gostaríamos de mencionar a tentativa de síntese que reconhece nele uma das vias para a modernização. O totalitarismo hitleriano ou mussoliniano seria um dos caminhos para a modernização, do mesmo modo como as ditaduras do Terceiro Mundo que, hoje, parecem se inspirar  neles, em maior ou menor medida”. Pág. 261
  • “A primeira e a última fase do desenvolvimento não constam para o fascismo, eu só suscetível de intervir na segunda e na terceira”. Pág. 262
  • “O fascismo “representa um compromisso típico entre duas elites com vocação de poder”: a coexistência entre uma elite agrícola tradicional, forte mas em declínio, e uma elite industrial ascendente, mas ainda débil; uma aliança entre a antiga e a futura classe dominante, com o objetivo de impedir uma afirmação muito rápida das massas; “a última vitória da aristocracia rural”, que consegue efetivamente “ exonerar a elite agrária do pagamento dos custos econômicos e sociais da industrialização”. Pág. 262
  • “Os nobres se consideravam superiores por causa da pureza de sua linhagem, da especificidade da raça”. Pag. 263
  • “No final do século XX, a busca de uma justificação científica da dominação tenta recorrer às descobertas da biologia e defende um darwinismo social”. Pág. 263
  • “O darwinismo social, contudo, irá mais longe que o simples desigualitarismo. Ele postula o determinismo social”. Pág. 264
  • “A ciência propõe-se aqui a combater o racionalismo da filosofia das Luzes, já que essa chamada liberdade do homem não é mãos do que “ignorância das causas que o subjugam [...]” Pág. 265
  • “Na época moderna, mais do que nunca, “ um povo é um organismo criado pelo passado, pois era das multidões é a dos primitivos”. Pág. 265
  • “Paralelamente às referências de Darwin, um outro racismo encontra seus argumentos no bio-historicismo”. Pág. 266
  • “Hitler retoma o tema em Mein Kampf, afirmado que os judeus “querem destruir abastardamento que resulta da mestiçagem essa raça branca que eles odeiam; querem destrona-la do alto nível de civilização e de organização política ao qual ela se elevou e tornaram-se seu senhores”. Pág. 266
  • “As culturas são organismos. A história universal é sua biologia geral”. Nascimento, infância, juventude, maturidade e velhice se sucedem nas civilizações; e a decadência se caracteriza pela mistura das culturas e das almas, já que cada cultura possui sua alma: a cultura antiga, a alma apolínea; a árabe, a alma mágica; e a ocidental, a alma faustina”. Pág. 266
  • “A exploração das ciências humanas a serviço do Estado-Força culmina com o recurso à geografia. Fredrich Raisel,o fundador da geo-política, parte igualmente de uma concepção biológica do Estado para dela deduzir que cada povo tem o direito de explorar os territórios que correspondem a seu espaço vital”. Pág. 267
  • “Sem pregar o racismo que se tornou inconfessável em qualquer variante, uma corrente científica e política contemporânea procede de modo comparável aos adeptos do darwinismo social de final do século XIX, transpondo pura e simplesmente os resultados ou leis das ciências naturais para as ciências sociais e, mais particularmente, as descoberts da biologia para a  ciência política”. Pág. 267
  • “A “Ciência” – no caso, a sociobiologia – demonstra que os comportamentos sociais são determinados em bases biológicas”. Pág. 267
  • “As conclusões políticas da bioideologia variam ao sabor das “descobertas” e das preferencias de seus adeptos”. Pág. 269

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