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Industria Brasileira

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Por:   •  28/11/2014  •  3.166 Palavras (13 Páginas)  •  1.215 Visualizações

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1. A INDÚSTRIA BRASILEIRA

O Brasil, a partir de 1930, passou por amplo processo de industrialização, que trouxe profundas conseqüências em termos de mudança na estrutura produtiva e nos modos de vida da população.

A dinâmica industrial brasileira foi em geral pautada pelas necessidades de consumo, seguindo etapas mais ou menos definidas. Os investimentos, em termos setoriais, foram se dando em “blocos”, de acordo com as necessidades da demanda e com as possibilidades de materialização dos investimentos (condições da acumulação: escalas necessárias, existência de financiamento etc.).

Antes de 1930, as indústrias existentes surgiram nas “franjas” da economia cafeeira, ou seja, de acordo com as necessidades de atender a um mercado consumidor incipiente, surgido com o processo de imigração e a renda dos trabalhadores ligados ao setor agrário-exportador. Duas correntes principais visam explicar a origem da indústria brasileira neste período:

• a teoria dos choques adversos;

• a industrialização induzida por exportações.

“Teoria dos Choques Adversos - a indústria surgiu no Brasil como uma resposta às dificuldades de importar produtos industriais em determinados períodos. Como exemplo, poderíamos citar a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão dos anos 30. Nestes momentos, em que se diminuía o valor das exportações, grava-se um protecionismo, que aumentava a rentabilidade da indústria. Assim, passava-se a produzir internamente, com vistas a suprir a falta de importações.

Industrialização Induzida Por Exportações - a indústria apareceu nos momentos de expansão da economia cafeeira. Segundo esta, nestes momentos ocorria expansão da renda e do mercado consumidor, através do aumento da massa salarial, bem como aumentava a oferta de divisas necessárias à importação de equipamentos industriais para investimentos”. (PEREIRA, 1977, pp. 156-157)

Em ambas, a indústria surge para atender às necessidades da economia cafeeira. Na primeira, é a crise do setor exportador que gera o impulso para a industrialização. Na segunda, o impulso é o bom desempenho do setor exportador.

Nos dois casos, a indústria visava atender às necessidades de consumo dos trabalhadores assalariados do café, com produtos cuja importação era mais difícil. Exemplos disto seriam os bens perecíveis ou aqueles que apresentavam baixa relação valor/frete, ou seja, alto custo para importar. Nestes casos, viabilizava-se a concorrência doméstica, apesar da menor eficiência (produtividade). Outra precondição para que determinados setores fossem objeto de investimento industrial era a baixa necessidade de capital.

Analisando as duas explicações anteriores, pode-se concluir que o investimento industrial se deu nas fases de expansão do setor exportador, quando havia divisas para importar as máquinas necessárias ao investimento. Já a ocupação da capacidade instalada, o aumento da produção, se dava nos momentos de crise do setor exportador quando se dificultava a importação de bens de consumo e se permitia que a produção nacional se tornasse competitiva.

Assim, nesta primeira fase, destacavam-se os bens de consumo leve. De acordo com o censo industrial de 1920, os produtos têxteis, alimentícios e bebidas, respondiam por mais de 80% do valor da produção industrial no país. No censo de 1939, esta participação se mantém elevada, correspondendo a 2/3 da produção .

Os demais ramos industriais existentes eram basicamente setores acessórios, que surgiam para a prestação de serviços aos principais setores. Um exemplo seriam as oficinas que com o tempo passaram a produzir algumas peças de reposição internamente. Outro exemplo de atividades industriais eram aquelas que visavam suprir a demanda de instrumentos de trabalho para a agricultura: enxadas, arados, etc. Mas todos estes setores, metal-mecânico, siderurgia, materiais elétricos e de transportes etc. eram extremamente insignificantes no total da produção industrial e esta, no produto econômico.

O crescimento industrial, nas décadas de 10 e 20, situou-se em torno de 50% em cada período. Somente na década de 30 é que se acelerou o ritmo de crescimento industrial, quando a industrialização foi colocada como objetivo nacional. Desconsiderando-se os anos de 1931 e 1932, em que sob o impacto da crise internacional o país ficou praticamente estagnado, já a partir de 1933 retomou-se o crescimento econômico com base na indústria. O investimento industrial substituiu as exportações enquanto variável dinâmica da economia. O crescimento industrial no período de 1933/39 foi de 100% e, na década seguinte, apesar da Segunda Guerra Mundial, o crescimento foi de 110%.

A década de 50 é marcada por rápido crescimento industrial, que triplicou a produção entre 1950/61. Com isso, a participação da indústria no PIB passou de 24,1% para 32,5%. Neste período, nota-se o aumento da participação dos setores mais intensivos em capital. Como exemplo desta alteração, temos o setor de material de transportes que passou de 2,3% no total da produção industrial em 1949 para 6,7% em 1959. Comportamento semelhante aconteceu nos setores metalúrgicos, mecânico, químico, material elétrico e de comunicações.

Essa maior participação dos setores de bens duráveis foi decorrente do Plano de Metas (1956/61), cujo diagnóstico que sustentava o plano era a existência de uma demanda interna reprimida por bens de consumo duráveis; logo passou-se a estimular a produção interna destes bens. Um exemplo disto foi a implantação no país da indústria automobilística a partir de uma série de incentivos ao capital estrangeiro. Esta mudança de direcionamento pode ser percebida de acordo com o censo de 1959, segundo o qual o setor de material de transportes respondeu por 24% do investimento industrial total.

Para percebermos as mudanças introduzidas ao longo do Plano de Metas, podemos verificar as seguintes taxas de crescimento da produção industrial (para alguns setores específicos) entre os anos de 1955/62:

• materiais de transporte: +711%;

• materiais elétricos e de comunicações: +417%;

• têxtil: +34%;

• alimentos: +54%;

• bebidas: +15%.

Percebe-se, pelos dados, clara mudança no direcionamento da produção industrial. Os setores de bens de consumo leve, que havia sido implantados, passaram a ceder o lugar dinâmico aos bens de consumo duráveis. Esta mudança está de acordo com a lógica do PSI (Processo de Substituição de Importações), e

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