Estratégias Competitivas Na Indústria Brasileira
Dissertações: Estratégias Competitivas Na Indústria Brasileira. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: carolduda • 29/9/2013 • 4.814 Palavras (20 Páginas) • 437 Visualizações
Artigo1: A inovação, a competitividade e a projeção mundial das empresas Brasileira
Convivendo com o risco da inovação tecnológica – pag 194/ 195
Inovação é conceituada, frequentemente, a partir de seus resultados (OCDE, 2005). O que dá sentido à inovação são os impactos e as consequências que produz na sociedade.Sem a verificação desses resultados financeiros ou não, a inovação seria inócua e ficaria desprovida de qualquer significado. Assim, não há inovação sem ousadia, não há inovação sem riscos. Em função disso e da necessidade de otimizar a alocação dos recursos gastos e a minimização dos riscos pelas empresas nas atividades de PD&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação), nota-se uma crescente e justificada preocupação com a estruturação de programas de gestão consistentes e efetivos. Sobretudo na área de PD&I, os resultados esperados (e prometidos) devem ser sempre considerados a partir de uma perspectiva de risco e probabilidade de sucesso. O risco deve ser gerenciado. Para tanto, há que se considerar o ambiente competitivo enfrentado pelas empresas, que as obriga a fazer escolhas difíceis e pouco lineares.
Ora, já é da natureza das empresas conviver com riscos, sobretudo comerciais, no ambiente de negócios. Assim, as empresas confirmam-se como atores determinantes da inovação. No entanto, para buscar uma inovação mais ousada, de ruptura talvez, será necessário conviver com incertezas crescentes de tecnologias na fronteira do conhecimento. Isso exige uma mudança cultural importante nas empresas e na sociedade. Mais ainda, tamanha mudança parece mais fácil em momentos de otimismo econômico que tendem a aumentar a tolerância ao risco das empresas. Estamos no Brasil, justamente nesse momento em que, conforme destacado pela Pintec 2008 (IBGE, 2010), o PIB do país cresceu 4% em 2006 e 6,1% em 2007. Por sua vez, o consumo das famílias brasileiras aumentou, nos mesmos anos, respectivamente, 5,3% e 6,3%, e a formação bruta de capital fixo apresentou elevação de 9,8% e 13,9%,respectivamente. Já em 2008, mesmo com a crise econômica internacional no último trimestre do ano, o PIB do país cresceu 5,1% e houve um aumento em quase todos os indicadores macroeconômicos. Para 2010, os valores estão sendo apurados, mas pode-se prever crescimento do PIB de cerca de 7%. Coerentemente com essa evolução dos indicadores macroeconômicos, o investimento em PD&I vem aumentando no Brasil, tendo passado de 0,96% do PIB em 2001 para 1,02% do PIB em 2006 (OCDE, 2008) e atingindo 1,13% em 2008. Desse total, as empresas participam com pouco menos de 50%, participação percentual praticamente estável no período considerado (CGIN,2010). Ou seja, mesmo considerando-se circunstâncias relativamente adversas a investimentos em PD&I com a elevada taxa de juros, por exemplo, nota-se que as empresas aumentaram seu investimento em PD&I além do crescimento do PIB brasileiro no período. A própria dinâmica da competitividade impõe essa evolução. Mas vejamos esses números com mais detalhes. Uma primeira leitura dos resultados da Pintec 2008 (IBGE, 2010), ou seja, Pesquisa de Inovação Tecnológica realizada pelo IBGE referente ao período2006-2008 e publicada em 2010, nos induz a considerar que esse círculo virtuoso da economia está sendo desdobrado numa dinâmica de inovações, uma vez que, no período considerado, de um total de 100.496 empresas industriais, 38,1% declararam que implementaram, nesse período, um produto ou processo novo ou aprimorado contra 33,4% no período de 2003-2005.
No entanto, quando analisamos o tipo de inovação percebemos que somente 1.567 ou 4,1% das 38.229 empresas inovadoras lançaram um produto novo ou aprimorado para o mercado e somente 2,3%, um processo novo. Nessa imersão, observamos que a aquisição de máquinas e equipamentos aparece como a “atividade inovativa” mais importante da indústria representando 78,1% do esforço de inovação contra pouco mais do que 4% do investimento em P&D.
Esse movimento de importar conhecimento e tecnologia embarcada em equipamentos, se persistente a médio ou longo prazo, terá consequências negativas para as aspirações de um Brasil competitivo tecnologicamente, o que fica mais claro quando observamos que o número de empresas que realizaram atividades internas de P&D caiu de 6,5% em 2005 para 4,4 % em 2008, ficando concentrada em 4.754 empresas, que juntas atingiram investimentos da ordem de R$ 15 bilhões nessa atividade.
Artigo2: Competitividade internacional e tecnologia: Uma análise da estrutura das exportações brasileiras
Matriz de dinamismo das exportações brasileiras – pag. 509
A demarcação e hierarquização dos produtos e suas respectivas categorias como mais intensivos em tecnologia (casos que crescem positivamente acima e abaixo da média do Índice de Retenção, calculado em relação às transações comerciais da OCDE e aplicados à pauta brasileira) foi o procedimento inicial para o avanço no exame do estado de dinamismo das exportações do Brasil. Seu desdobramento exige uma análise ampla para cada categoria tecnológica. Com base nessa consideração, foram definidas matrizes de dinamismo para as exportações brasileiras totais e desagregadas por categorias tecnológicas, inspirando-se nos desenvolvimentos similares já aplicados, por exemplo, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) na análise da competitividade dos países no que diz respeito ao comércio internacional14. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) referentes às exportações brasileiras foram tabulados sob a ótica da classificação internacional padrão de mercadorias adotado na apresentação de estatísticas comerciais – a SITC Rev.3 a três dígitos.
Além da alocação dos grupos de produtos SITC Rev.3 a três dígitos entre os casos acima e abaixo da média de retenção, a construção das matrizes de dinamismo necessitava de outro indicador que complementasse a análise, focando na especialização. Assim, a opção escolhida foi o índice de Vantagem Comparativa Revelada (VCR), calculada para cada um dos 149 grupos de produtos já selecionados anteriormente (97 acima da média e 52 abaixo da média do Índice de Retenção calculado para os países da OCDE e ambos com crescimento positivo das importações da OCDE entre 1997-2001). O índice de vantagem comparativa revelada foi desenvolvido por Bela Balassa em 196515 com o propósito de verificar a vantagem comparativa entre os países a partir de seus fluxos de comércio16. A suposição adotada é que, ao ser o índice de VCR superior à unidade, o país
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