Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional
Por: kilanejorge • 21/7/2021 • Resenha • 1.801 Palavras (8 Páginas) • 120 Visualizações
Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional[pic 1]
Departamento de História
Estudante:
Keilane Fátima Teixeira Jorge
Zumbi e Palmares: Historiografia, Produção Cultural e Movimentos Sociais
Avaliação 1
Resenha do capitulo 2 da tese de Silva Lara
Palmares e Cacaú
O aprendizado da dominação
Campos dos Goytacazes-RJ
04 de outubro de 2019
Diversas historiografias sobre Quilombo dos Palmares
Com o passar dos anos e devido às fugas de escravos, a população do quilombo cresce tanto que as investidas contra o quilombo aumentaram tanto no período de dominação holandesa quanto com os portugueses. Diante disso, era necessário acabar com o Quilombo dos Palmares para recuperar a mão de obra escrava e para que o exemplo não se espalhasse pela colônia.
Deste modo, Ganga Zumba enfrenta vários ataques derrotando os portugueses com o sistema de guerrilhas atacando-os pela retaguarda. No entanto, sofreu grande perdas, sobretudo com a destruição da produção agrícola dos mocambos e sequestro de parentes. Foi então que o governador do Império, em 1678, propõe um tratado de paz. Essa proposição dividiu os líderes quilombolas. Enquanto alguns eram contrários ao tratado, como Zumbi, outros, como Zumba, ficaram balançado com a ideia. Sob apoio de uma parcela dos líderes, fartos de batalhas, apoiam Ganga Zumba na decisão.
É a partir desse momento que Silva começa a estudar como foi o processo após esse episódio tão importante. Neste trabalho trataremos a respeito do capitulo 2, onde a autora retoma a tese da historiografia que dá ênfase às raízes africanas de Palmares. Ela começa esclarecendo que uma grande parte da pesquisa histórica consiste em fazer relacionar textos variados, escritos em momentos e com intenções diferentes e a partir dessas relações muitas vezes divergentes é que os historiadores obtém a possiblidade de conhecer o passado. Para isso a autora nesse capítulo a autora busca ampliar a conversa sobre a historiografia reunindo o ponto de vista de vários autores.
Nina Rodrigues foi o primeiro autor a olhar com mais atenção as “origens africanas” de Palmares. Ao analisar suas características de governo, por exemplo, ele afirma terem os Palmares se organizado "em um estado em tudo equivalente aos que atualmente se encontram por toda a África ainda inculta", comparando-o com exemplos encontrados entre os Ewes, Egbas e outros povos do Daomé ou do Senegal. Mais adiante, porém, especifica ser Palmares "uma criação exclusivamente bantu", na qual predominavam os Angola. Durante seus estudos a respeito das hierarquias existentes entre os palmarinos, o entende que mesmo que não houvesse somente negros e africanos em Palmares, a presença deles exercicia bastante influencia dentre o povo.
O que mais chama atenção é que o fato de que mesmo Palmares tendo tanta influência não era algo positivo, embora Rodrigues o considerasse um caso especial e sem exemplo na história, concluía que eles haviam voltado a barbárie africana e que a destruição de Palmares abriria caminho para a civilização do futuro povo brasileiro.
Rodrigues defendia que as mudanças nas culturas aconteceria se fosse provocada por agentes externos, dessa forma, com a permanência dos africanos no Brasil teria-se uma descaracterização da cultura original, uma perda da identidade cultural. Já que acreditava que a cultura era estática, homogênea e só sofreria alterações se houvesse a junção de uma outra cultura.
Ele acreditava que se os Palmarinos fossem retirados do Brasil e realocados em outro lugar, seriam capaz de se reestruturar culturalmente. Ele acreditava que a cultura era singular, cada um tem a sua e se uma não interferir o espaço da outra continuam homogêneas.
Arthur Ramos e Rodrigues se divergem em alguns pontos e se aproximam em outros. Para Ramos, o quilombo era um” estado com tradições dentro do Brasil, uma reação a dissolução cultural que o africano sofreu com a escravidão. Ramos acreditava que já não se tratava de uma criação exclusivamente bantu” como Nina Rodrigues mas de adaptações e transformações. Alguns dos usos dos Palmares copiavam os africanos mas eles sofriam influência da cultura do lugar onde viviam.
Para Ramos, os africanos não eram mais negros africanos mas sim “negros brasileiros”, a cultura agora se tornava heterogênea. Mas para Rodrigues as culturas não podiam se unir, o brasileiro não podia ter características da cultura africana e nem o contrário.
O livro de Edson Carneiro publicado em 1947 dar continuidade as perspectiva de Rodrigues e de Ramos ao considerar Palmares “um pedaço da África transplantado para o Nordeste do Brasil”. Porém se difere de seus predecessores pois para ele a cultura era um meio de resistência, a rebeldia dos escravos citados acima era uma forma de lutar para que sua cultura não se perdesse.
Semelhantemente à Rodrigues, ele acredita que os quilombos reproduziram aqui no Brasil um estado negro rudimentar, eles evidenciavam a suposta origem africana dos Palmares por isso para eles não havia necessidade de especificar a gêneses histórica dos quilombos pois eles consideravam que os Palmares eram uma transposição transcontinental de instituições politica e cultural.
Diferente de Freitas, que acreditava que de nada adiantava as manifestações de grupos de pequeno porte[1] pois em nada abalaria a ordem escravista, os suícidios, as fugas em pequenos grupos em nada contribuía pois havia quilombos que se colocavam a margem do sistema escravista. Moura acreditava que essas pequenas manifestação com o tempo foi enfraquecendo o sistema escravista, uma vez que com as fugas, com a morte de fazendeiros, tudo isso foi criando uma certa repercussão até que chegou ao estopim para que a autora começasse a estudar esse momento da trajetória dos Palmares.
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