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MOMIGLIANO,Arnaldo. A Tradição Herodoteana E Tucidideana. In: ____. As Raízes Clássicas Da Historiografia Moderna. Bauru: Edusc, 2004. P. 53-83.

Dissertações: MOMIGLIANO,Arnaldo. A Tradição Herodoteana E Tucidideana. In: ____. As Raízes Clássicas Da Historiografia Moderna. Bauru: Edusc, 2004. P. 53-83.. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  3/10/2014  •  1.083 Palavras (5 Páginas)  •  2.713 Visualizações

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O texto fala sobre a escrita da história grega e o que permanece delas nos dias de hoje. O autor discorre as diferenças e semelhanças entre o pensamento de Heródoto e Tucídides e por fim sobre as interpreções que receberam.

“A verdadeira questão não gira em torno da questão se os gregos tinham uma mente histórica, mas sim em torno dos tipos de história que escreveram e que nos transmitiram” (p.54)

I - Sobre os estudos Gregos

“A conservação da memória do passado, o quadro cronológico e uma interpretação dos acontecimentos, são elementos de historiografia que são encontrados em muitas civilizações. [...] O que me parece ser tipicamente grego é a atitude critica em relação ao registro de acontecimentos, isto é, o desenvolvimento de métodos críticos que nos permitem distinguir entre fatos e fantasias. Até onde vão meus conhecimentos, nenhuma historiografia anterior á dos gregos ou independente desta, desenvolveu estes métodos críticos; e nós herdamos os métodos gregos.” (p.55)

II – Pensamento de Heródoto evidenciando com Hecateu

O tipo de análise de Hecateu “não era aquela de um homem que conhece as dificuldades de recolher a documentação, mas aquela do homem que pressupõe que a documentação é conhecida. Ele começou por declarar que os relatos dos gregos eram muitos e ridículos. O seu sucessor Heródoto começou com a declaração que era seu propósito preservar a lembrança de que os homens tinham feito e impedir que as grandes e maravilhosas ações dos gregos e dos bárbaros tivessem que renunciar ao tributo de glória que lhes era devido.” (p.60)

Existe a possibilidade de Heródoto ter dado continuidade ao tipo de análise de Hecateu. “O instrumento da critica usado por Hecateu nunca tinha sido muito claro. Usado por Heródoto para todos os tipos de tradições, estava fadado a tornar-se ainda mais impreciso.” (p.61)

A diferença de Heródoto e Hecateu esta nos princípios do registro e da critica, distinguir o que viu do que ouviu e a confiança que depositava nos informantes.

“Mas Heródoto vai claramente além de Hecateu tanto na questão dos princípios quanto na questão dos interesses. Os dois princípios aos quais Heródoto mantém-se consistentemente fiel não encontrados em Hecateu. O primeiro é o dever de dar prioridade a registrar e não a de criticar.[...] O Segundo principio é a separação daquilo que ele viu com os próprios olhos daquilo que ele ouviu [...] Em outros casos , quando registra o relato de alguma outra pessoa, ele se dá o trabalho de indicar o grau de confiabilidade de seus informantes.” (p. 62-3)

“Juntos comportavam uma nova abordagem metodológica em que a confiabilidade da documentação era mais importante do que a avaliação racional das probabilidades.” (p.63)

Nesse contexto, Heródoto enfrentava alguns problemas, “ao combinar a pesquisa com a critica da documentação, Heródoto amplia os limites da investigação histórica para abraçar a maior parte do mundo então conhecido.Nesta pesquisa tão complexa, a cronologia torna-se um problema maior.Ele tinha que construir um quadro cronológico capaz de incluir várias tradições nacionais diferentes que nunca tinham sido colocadas lado a lado e para as quais não havia medida comum de tempo [...] Outro problema era como recolher a documentação quando os registros escritos não eram acessíveis ou não existiam.” (p.64)

III- Reviravolta dos estudos Históricos de Tucídides.

“Heródoto não teria tido este destino se Tucídides não tivesse dado uma reviravolta nos estudos históricos; reviravolta que envolvia o repúdio ao seu predecessor.Os fatores que contribuíram para o descrédito de Heródoto foram muitos, mas um deles é o principal: Tucídides colocou-se entre Heródoto e seus leitores” (p.67)

Tucídides focava a história em termos de história política, para ele o passado era “[...] o inicio da situação política que existia no presente; e o presente era a base para compreensão do passado.” (p.68). Acreditava na imutabilidade na natureza humana e que os fatos tem valor se estiverem ligados à política, pois as pessoas querem poder e o poder esta no estado (68-9). Diferentemente de Heródoto, “[...] ele nunca se contentava em simplesmente registrar algo sem assumir responsabilidade pelo que registrava” (p.70).

Sua metodologia de pesquisa baseava-se em dados arqueológicos, a etnografia comparativa e a interpretação histórica de textos literários. Ele descreve o passado de modo diferente do presente, pois o passado não é significativo por si só, pois precede do presente de maneira linear, ou seja, o presente é importante.

IV- Sucessores de Tucídides.

Não se pode dizer quanto Tucídides impressionou seus sucessores que embora não concordassem com todas suas ideias, como por exemplo, a imutabilidade da natureza Humana, alguns concordavam que a história estava atrelada a política. Dos sucessores destaca-se Políbio, que concorda com todos os fundamentos do método de Tucídides e foi ele a maior influência para convencer os romanos que a história é história política.

V- Influência de Heródoto e Tucídides na Renascença.

Se pensarmos na Renascença, podemos deduzir que Políbio tinha mais consideração que Tucídides, e de fato até o fim do sec. XVII ele permaneceu o mestre do saber político, diplomático e militar.

De acordo com Momigliano, Tucídides só tem prestigio pelos historiadores no sec. XVIII, “em seguida, o movimento romantico elevou Tucídides á posição que ainda ocupa e o tornou o modelo do historiador filósofo” (p.79).

No sec. XVI Heródoto tornou-se um autor renomado e respeitado. Foi Herótodo que resgatou Tucídides nessa época e ganhou muitos admiradores. A descoberta da América era assemelhada ás observações de Heródoto sobre o estrangeiro e somente ele ajudava na compreensão da história bíblica e quando as análises de Heródoto não eram suficientes Tucídides entrava em cena.

“[...] Hoje Heródoto é mais apreciado de modo geral, e certamente mais amado, do que Tucídides”. A necessidade de uma história mais abrangente, extrapolitica é admitida por todos. Heródoto nos parece muito mais humano do que Tucídides [...] O que é típico da atual situação é que os dois rivais da Antiguidade – Heródoto e Tucídides – são reconhecidos como os dois grandes fundadores da pesquisa histórica. Heródoto talvez não se importasse, mas Tucídides ficaria horrorizado com esta associação.

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