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MOVIMENTO HIPPIE NO CONTEXTO DOS MOVIMENTOS LIBERTÁRIOS DOS ANOS 60

Por:   •  19/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.702 Palavras (15 Páginas)  •  235 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CIÊNCIAS SOCIAIS – HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA IV

AUTORES:

MILLA LOPES

FRANCISCO SBALQUEIRO

LETHICYA VICTÓRYA

MOVIMENTO HIPPIE NO CONTEXTO DOS MOVIMENTOS LIBERTÁRIOS DOS ANOS 60

Introdução

O tema central desta monografia é o movimento hippie nos anos 1960.  Nosso objetivo com este trabalho é contextualizar de forma geral e abrangente os movimentos de caráter libertário que tiveram inicio no final da década de 50 e eclodiram na américa do norte na década de 60, dentro da proposta de prioridade ao movimento hippie, percorrendo os principais acontecimentos que acarretaram na força dessa mobilização nos Estados Unidos da América no período em questão.

 

  1. Introdução ao Tema

O movimento Hippie nasceu, na metade da década de 60 – mais precisamente 1966, na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos da América – Baseado no movimento que teve início no final da década de 50, conhecido como Contracultura. Para que haja bom entendimento do tema, é necessário uma contextualização histórica dos acontecimentos que levaram ao surgimento da contracultura, para então dar início a introdução ao tema do movimento hippie nos anos 60.

O período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a queda do muro de Berlim (1989) ficou conhecido como Guerra Fria, durante este longo período iniciou-se um hábito, vindo dos poderes políticos estatais, de imposição de um modelo comportamental à sociedade. Não apenas nos Estados Unidos, mas também na União Soviética, este modelo deveria ser seguido a risca por todas as famílias residentes dos países e por todos os países politicamente aliados aos dois primeiros.  

Nos Estados Unidos, os conceitos de “American Way of Life” e “American Dream” que, contextualizando rapidamente, impunham os ideais de merecimento – como a  liberdade, a igualdade e a oportunidade eram, supostamente, valores presentes e ativos na sociedade norte americana, com esforço e dedicação, todos os residentes dos EUA seriam capazes de atingir todos os seus objetivos e encaminhar todas as suas demandas, independente das barreiras colocadas pelas desigualdades sociais e econômicas, a ideia de desigualdade não era minimamente discutida. Somado a isso, vinha a insatisfação perante ao que já se possuí e que já foi produzido e a ambição por progresso que, já em grandes níveis, sempre aumentava, assim a ideia de realização/felicidade estava diretamente ligada ao consumismo desenfreado estadunidense. Estas formas de pensamento presentes no cotidiano norte americano, abriram as portas da sociedade e aumentaram gradativamente a aceitação, por parte do povo americano, das políticas de fronteiras. Tudo isso impulsionado pelo marketing alienador da grande mídia, que sempre produziu belas propagandas, onde as chamadas “famílias tradicionais” eram sempre representadas consumindo muito e com expressões de grande contentamento.

Em contraste com os EUA, na União Soviética, havia o socialismo soviético, conhecido também como socialismo estatal ou autoritário. O estilo de vida socialista soviético carregava os ideais ilusórios de uma sociedade igualitária e nivelada, onde todos teriam as mesmas oportunidades, direitos e deveres. Duas culturas diferentes que eram impostas de maneiras distintas em suas inserções, mas com a mesma finalidade de impor, ditar e impulsionar formas de vida e pensamento aos dominados, formas estas que respondiam unicamente aos interesses dos dominantes.

No final dos anos 50 – mais precisamente, 1957, influenciado pela obra clássica e precursora de Jack Kerouac, On the Road,  que se trata da história de um jovem que decide largar tudo que tem e viajar pelo mundo em busca de experiências com novas culturas e comportamentos diferentes e distanciados da sua própria realidade social – com a crise do moralismo rígido imposto nas sociedades e o decepcionante “American Dream” que não mais entusiasmava os jovens, nasce o movimento de legitima contestação desta cultura padrão imposta pelos EUA, URSS e todos os países que estavam sob a influência direta dos dois no período, este movimento fica conhecido como a Contracultura.

A obra de Kerouac, que influenciou toda a geração anti-conformista da época, também originou o movimento dos Beatniks que vinha da expressão “beaten down” traduzido tem também o significado de oprimido e rebaixado. Esse movimento introduziu o estilo de vida anti-materialista entre os jovens estadunidenses e deu origem ao famoso movimento hippie nos anos 60 (1966, São Francisco, EUA), impulsionados pela situação extremamente tensionada em que se encontrava o mundo, com a eminencia de uma guerra nuclear entre as duas superpotências (EUA e URSS), o inicio da guerra no Vietnã e as tensões políticas e econômicas mundiais influenciam os jovens nascidos no pós-guerra de mais de 20 anos da Guerra Fria, a negar e contestar o exercício da função militar.

Os anos 60 representam as grandes e praticamente pioneiras transformações de visão libertária que ocorreram no mundo até hoje, realizadas por meio de projetos culturais e ideológicos.

O Movimento Hippie nos Anos 60

O movimento nasce da geração Beatnik, em meados da década de 60 no período do pós guerra nos EUA. Os jovens, insatisfeitos com a ideia de serem os próximos a morrer na guerra, cansados da vida pacata, tradicional e conformada, revolucionam o estilo de vida estadunidense, buscando novas experiências e relações sociais. Para isto, partindo do princÍpio da liberdade individual do ser humano de ser e fazer o que desejar, sem influências capitalistas, consumistas e opressoras e também, contra os “padrões de massa” que eram impostos pelas categorias dominantes das superpotências e seus “satélites” (países que sofriam influência direta dos EUA e URSS).

Produziram linguagem, literatura e música próprios, aderiram o modo de vivência comunitário/coletivo e/ou nômade em sintonia com a natureza. Suas atividades econômicas vinham do artesanato e do plantio principalmente para subsistência. Rejeitavam qualquer tipo de produto e instrumento artificiais e eram defensores ferrenhos da total liberdade física e mental do ser. Por meio do movimento, os jovens buscavam uma inquirição existencial que era abrangente ao ponto de ir além das pautas econômicas, sociais e politicas, visava compreender integralmente o ser perante a vida e o mundo.

Eram contra toda e qualquer guerra independente de seus motivos, adversos a todos os padrões sociais e morais tradicionais e impostos, estavam em constante desacordo com os valores padronizados da classe média e dos governos capitalistas e totalitários. Observando de um contexto mais organizativo, construíram um movimento anti-militarista de direitos civis e humanos que buscava igualdade, um movimento pacifista, mas não profundamente organizado, que remetia mais a anarquia do que ao anarquismo propriamente dito.

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