Mulheres no pos guerra e seus cabelos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL CATALÃO

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE HISTÓRIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE HISTÓRIA.

A PERFORMATIZAÇÃO DAS MULHERES DA ELITE PAULISTANA NO  PÓS GUERRA

 ATRAVÉS DOS CABELOS

FREDERICO EBELING DE SOUZA

CATALÃO

2016

FREDERICO EBELING DE SOUZA

A PERFORMATIZAÇÃO DAS MULHERES DA ELITE PAULISTANA NO  PÓS GUERRA

 ATRAVÉS DOS CABELOS

        

CATALÃO

2016

SUMÁRIO

1 – INTRODUCÃO....................................................................................................... 4

2 - CAPÍTULO I – O PERÍODO PÓS-GUERRA E SUAS TRANSFORMAÇÕES NO AMBIENTE FEMININO.......................................................................................29

3 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................40

INTRODUÇÃO

             Os saberes e as práticas estéticas do quotidiano das mulheres da elite de São Paulo irão embasar este projeto para compreender a performatização das mulheres entre os anos  1945 a 1960, advindas das transformações que o fim da segunda guerra mundial implicou em toda uma sociedade, mostrando que as mulheres pesquisadas adotaram um modelo de comportamento diferente das gerações passadas, adaptando-se a nova organização social implicada naquele momento. Trata-se de uma sociedade em plena transformação social e econômica advinda das facilidades e dificuldades criadas com o fim da II guerra mundial, o que, de modo diferente, influenciou um novo comportamento variando nas diferentes classes sociais existentes.

              A escolha do tema deve se ao fato da vontade em pesquisar um tema que abordasse cabelo, podendo assim me referenciar ao tema que trabalho exercendo a função de cabeleireiro, e assim, usar de meus conhecimentos técnicos profissionais para analisar os cabelos dessa época e identificar suas possíveis transformações e assim expor no meio acadêmico.  Os conhecimentos humanos são importantes para a sociedade e esses conhecimentos podem explicar uma transformação ocorrida no mundo em um determinado período através da analise desses saberes. São práticas que para alguns são quotidianas, mas para um estudioso, essas práticas viram fontes de saberes e documentos importantes não somente para um período ou uma profissão, mas sim, um quotidiano que sofreu as mesmas alterações que a sociedade passou devido a uma necessidade criada neste período para as mulheres de classe média e como elas se adaptaram a essas mudanças sem perderem seus valores adquiridos em suas casas.

              Buscando apresentar as mudanças ocorridas no mundo pós-guerra e suas influencias para a contemporaneidade, o trabalho irá apresentar como a performatização da mulher da classe média de São Paulo foi alterada com sua partida para o mercado de trabalho em decorrência da carência de homem no mercado no mundo pós-guerra. Muitas mudanças vividas nesse período podem ser percebidas na sociedade, onde a tecnologia teve uma importante participação nas mudanças da sociedade. Um novo mercado é criado com a participação da mulher na construção econômica do mundo, o que influenciou uma nova construção de produtos destinados a esse novo mercado feminino.  Essas mulheres alteraram toda a construção de estética antes adotada para se adequar ao novo modelo vigente de sociedade, com modificações podendo ser percebidas em seus modos de embelezamento e a criação de novos produtos que atendessem suas necessidades. Contudo, essas modificações não são percebidas e vividas por todas as mulheres desse período, podendo variar de acordo com o acesso de meios de propaganda, bem como a classe econômica pertencente.

A partir de 1945, as técnicas para produção de penteados ou o cabelo do dia a dia passou por mudanças para facilitar a vida da mulher, onde um cabelo mais natural ou mais ondulado era visível na maioria das mulheres. Mas foi nos anos 50 que o desenvolvimento maior dos cosméticos ajudou o profissional do cabelo a garantir um novo visual, como os reflexos e penteados mais modernos.

A pesquisa terá como problemáticas as possibilidades de compreensão do comportamento feminino no período estudado, sendo transformações em seu cotidiano e na sua identificação estética e social.  Quais as descobertas que ajudaram a composição da estética feminina?  Os cabelos estudados podem oferecem algum indicio de mudança na performatização que a mulher desse período passou a adotar como padrão estético?  Visto em diversas referências que as mulheres que sofreram com os infortúnios advindos da segunda guerra eram mulheres da classe media e trabalhadora, as mudanças percebidas no contexto histórico social dessas mulheres e estudadas por vários estudiosos mostram que essas mulheres criaram uma nova concepção de mundo, estando essas, agora, inseridas no mercado de trabalho e alterando o comportamento de toda uma sociedade que estaria por vir.  Visto isso,  o modelo estético adotado por essas mulheres nesse período foram influenciados pelo novo mercado criado por essas mulheres, levando ao grande desenvolvimento da indústria do cosmético criada para atender essa demanda.  De modo gradual, seria possível perceber as diferenças estéticas  entre as mulheres de classes sociais distintas e, deste modo, identificar a localização social que uma mulher pertencia através de seus cabelos? Por fim, quais as diferenças estéticas que as mulheres da sociedade paulistas percebiam nas diferentes classes sociais que elas se relacionavam?  Se isso ocorreu, o cabelo como instrumento de pesquisa, pode revelar diferentes informações sobre um período e a sociedade estudada, sendo assim um instrumento que fornece informações importantes para uma pesquisa.

Primeiramente, para compreender a mulher em São Paulo ente os anos 1945 e 1960, utilizarei do estudo de performatização do gênero de Judith Butler para construir a identificação criada para essa mulher neste período, mostrando que as percepções analisadas por mim serão no campo das mudanças em suas performances na sociedade e quais influências que essas mulheres seguiram para criar suas performances estéticas.

Nessa perspectiva, a autora Judith Butler (2008) aponta a inexistência do sujeito mulher que o feminismo busca representar, discutindo e expondo a instabilidade da identidade do feminino, da essência do feminino, por assim dizer. Deste modo, a autora propõe a desconstrução do gênero a partir do seu questionamento em relação ao binarismo sexo/gênero, no qual o movimento feminista esteve muitas vezes fundamentado. Butler rompe com a lógica binária dos pares opositivos tanto quanto com “o” significado dado e preexistente.  A pós-feminista escreve: