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Multiculturalismo

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Por:   •  24/9/2014  •  Resenha  •  558 Palavras (3 Páginas)  •  145 Visualizações

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"O multiculturalismo falhou." Com esta frase, pronunciada a 16 de outubro perante a juventude conservadora, Angela Merkel lançou uma pedra no debate sobre o Islão que há meses vem agitando a Alemanha. Para a chanceler alemã, os imigrantes devem integrar-se e adotar a cultura e os valores alemães: "Sentimo-nos vinculados aos valores cristãos. Quem não aceite isso não tem aqui lugar", declarou. Assim, a chanceler "do centro" adota a linha do muito conservador ministro presidente da Baviera, Horst Seehofer, que propõe um endurecimento da política de integração em sete pontos, reproduzidos na Focus. Afirma que a Alemanha não é um país de imigração, que é necessário favorecer os imigrantes que desejem integrar-se e combater a recusa de integração de forma determinada.

Um debate ultrapassado

Para ilustrar o "choque de civilizações" à alemã, a Focus publica uma primeira página dupla. A primeira diz "A minha Alemanha", pelo Presidente Christian Wulff, que recentemente declarou que o Islão faz parte da Alemanha. A outra retrata “A Alemanha dele", a de Horst Seehofer. E no meio de ambos encontra-se uma Angela Merkel que tem de disputar eleições regionais difíceis, correndo rumores da sua substituição pelo atual ministro da Defesa, Karl Theodor zu Guttenberg. Este debate está absolutamente ultrapassado, considera o Tageszeitung. A noção de "multikulti" outrora difundida por figuras como Daniel Cohn-Bendit já não se aplica. Mesmo os Verdes "há 10 anos que procuram não a utilizar, pois não diz nada sobre a nossa maneira de viver em conjunto", observa o diário alternativo. Quando Angela Merkel ou Horst Seehofer se agarram a palavras de ordem que pedem "mais integração" (Merkel) ou "mais Leitkultur" (Seehofer), trata-se de frases ocas. "O Governo não pode, por um lado, adular os quadros estrangeiros e, ao mesmo tempo, agitar o papão do estrangeiro". E na verdade, a Alemanha necessita de 400 mil trabalhadores qualificados.

A história repete-se

Estas exigências são justas, responde Die Welt. "Ninguém vai contra os imigrantes que querem viver cá, trabalhar e criar raízes”, assegura o diário conservador. “Mas há muito quem seja hostil àqueles imigrantes que querem importar o direito do seu país. Imigrar quer dizer aceitar a tradição do país de acolhimento, mas também abraçá-la. Daí que Horst Seehofer e Angela Merkel tenham razão ao dizer que a imigração exige princípios claros." Segundo Die Welt, o país de imigração que a Alemanha é tem necessidade de imigrantes "que dominem a língua alemã após um período razoável e prestem juramento da Lei Fundamental”. Mas para o TAZ, muito alarmado, o diagnóstico não deixa dúvidas. Com a viragem à direita da sociedade alemã, a história repete-se. "Mais de metade dos alemães querem limitar a liberdade religiosa dos muçulmanos" e 37% preferiam uma RFA sem Islão. O diário estabelece vários paralelos históricos, em especial com a disputa antissemita que dilacerou Berlim a partir de 1879.

Nessa época, alguns anos após a unificação alemã e em plena crise económica, o historiador Heinrich von Treitschke pediu a assimilação total das minorias religiosas.

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