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O Etnocentrismo - Everardo Rocha

Por:   •  18/5/2020  •  Resenha  •  1.082 Palavras (5 Páginas)  •  973 Visualizações

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ROCHA, P. G. E. O que é etnocentrismo. Editora Brasiliense, coleção primeiros passos. 5ª ed. 1988

Nesse livro Everardo Rocha, ao responder à pergunta “O que é etnocentrismo” demonstra de forma didática os passos dados pela Antropologia para afastar-se dele através de um inicial esforço de relativização do olhar sobre o “outro”, que se ampliou e complexificou ao longo do tempo. Mas para não cair em um paradoxo, ele o faz destacando atemporalmente as principais ideias, os principais autores e seus movimentos nesse sentido.

Determinação do Conceito de etnocentrismo: quando eu olho para o “outro” tendo como referência os valores da minha cultura. Essa característica humana, presente em todas as sociedades geralmente incorre em violência, em tentativas de exclusão do diferente, exclusão do outro e caracteriza-se, inicialmente por um sentimento de estranheza que se delineia na dificuldade de enxergarmos o diferente - no plano intelectual- gerando sentimentos de medo, hostilidade, etc. no plano afetivo.

Ao nos chocarmos com o “outro” e excluí-lo, por formar pré-conceitos negativos sobre o diferente do “eu”, o etnocentrismo não dá abertura para que esse diferente tenha voz, desfrute da palavra e de autonomia para dizer algo de si.

No exemplo sobre o pastor que vai catequizar os indígenas e leva no pulso um belo relógio que chama a atenção de um indígena, o autor apresenta como duas culturas em interação pode dar significados diferentes a determinados elementos da cultura do outros, destituindo-o de seu sentido original. Tanto o pastor quanto o indígena dão significados estéticos ao relógio e ao cocar, cujas funções não corresponder respectivamente a tal uso. Tem-se aqui, o “etnocentrismo cordial”, cujas atitudes etnocêntricas não resultam e violência.

Para o autor, o etnocentrismo é uma maneira de afirmação por parte de quem o comete e as sociedades complexas, urbanas e industriais possuem mecanismos de reforço para o seu estilo de vida através de representações negativas da imagem do “outro” – como os livros didáticos, cuja autoridade reforça os estereótipos e diferentes visões forjadas sobre os índios, um lugar onde a imagem desse “outro” é emprestada/alugada para dar sentido ao mundo do “eu”.

Ele cita os três papeis dados ao índio em nossa história: o selvagem, primitivo, pré-histórico, antropófago para legitimar o papel do colonizador como superior e civilizado; como criança inocente, infantil, alma-virgem que precisam da proteção religiosa oferecida pelos civilizados; e finalmente a imagem romantizada utilizada pelo Estado brasileiro para criar uma identidade nacional, valorizando os elementos étnicos presentes em nossa composição diversa. Essa exaltação da figura indígena como corajoso, altivo e cheio de amor à liberdade resulta da impossibilidade de exaltar um ser com as visões anteriores traçadas até então.

Para o autor das ideias que podem ser utilizadas contra o etnocentrismo, a principal é a relativização. Ela nos permite não naturalizar a nossa cultura, enxergando que seus elementos possuem início, continuidades e descontinuidades e mesmo um fim; nos permite não hierarquizar a diferença, mas vê-la através de uma dimensão de riqueza.

A Antropologia nasce, assim extremamente arraigada ao etnocentrismo, mas dá passos ao longo de sua história ruma ao desprendimento de todas às amarras que a ligavam ao seu contexto de criação, o conceito de cultura utilizados e a concepção de tempo e história utilizados, entre outros.

O nascimento dessa disciplina está relacionado ao contexto de navegações, expedições e colonizações dos séculos XV, XVI e XVII, momentos de intensos contatos com o “outro”, que exigiu que se pensasse a diferença.

Como características da cultura moderna ocidental que vivia ainda um período de transição, esse homem trazia consigo ambiguidades relacionadas a sua formação cultura greco-romana, acreditava no transcendente e por ele era movido e enxergava-se como um ser escolhido que devia expandir sua forma de pensar aos outros, excluindo e barbarizando todos os diferentes.

Nesse momento de encontros e choques nota-se o plano intelectual movido pelo etnocentrismo – a dificuldade de pensar o outro- que traz perplexidade. Ela cede aos poucos espaço à novas ideias, procurando compreender as diferenças que vão assumindo novas formas.

Em seguida nessa busca por respostas surge o Evolucionismo, um marco fundamental do pensamento antropológico. Encontra-se assim, no século XVIII e XIX uma resposta: o outro é diferente pois encontra-se em um grau diferente de evolução.

Essa visão é problemática, pois é formulada de forma totalitária e universalizante, como se todas as sociedades tivessem que passar pelos mesmos problemas, ou nadarem juntas num mesmo rio tentando encontrar sua outra ponta/fim, um lugar previamente determinado e sabido pela sociedade que está à frente.

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