O FEMINISMO E A ASCENSÃO DA MULHER AO LONGO DA HISTÓRIA
Por: michyft • 10/4/2016 • Artigo • 1.517 Palavras (7 Páginas) • 703 Visualizações
O FEMINISMO E A ASCENSÃO DA MULHER AO LONGO DA HISTÓRIA
As civilizações antigas cultuaram a mulher e a feminilidade sem fragilidades, segundo JJ BACHOFEEN a mulher era ouvida, reverenciada, obedecida e mitificada por ser fêmea, não frágil, geradora e mantenedora da espécie. Assim criaram-se os clãs matriarcais. Estes foram responsáveis pela economia no período paleolítico (2,6 milhões de anos a 10 mil A.C). Período este caracterizado por atividade de caça-coleta (atividade de recolha de recursos naturais disponíveis). (Obra ‘Direito Matriarcal: Uma investigação do caráter jurídico e religioso do matriarcado no mundo antigo’, 1861).
Gordon Childe criador do termo “revolução neolítica”, em sua obra ‘The Dawn of European Civilization’, coloca os clãs matriarcais como responsáveis pela transformação do “Ser parasita” a “sócio ativo da natureza”. Ou seja, estes grupos sedentarizaram as populações nômades e consolidaram as civilizações agrícolas (fixação a locais definitivos e adaptação de suas necessidades, desenvolvendo uma economia produtora, que lhes dá um controle das fontes de alimento). O Matriarcado é tido como responsável pela criação e desenvolvimento de uma economia produtora, pela consolidação de muitas civilizações da pré-história até as civilizações pré-helênicas (de 10.000 a 3.000 A.C).
Conforme a análise de Margareth Murray, por volta de 2.000 A.C. os hebreus desenvolvem a domesticação (violenta) de animais e a pecuária e assim institucionalizam o “patriarcado” (a opressão e dominação do macho) e disseminam a ideia. A partir deste momento da história inicia-se de uma maneira lenta e gradual, a prática da misoginia (ódio, desprezo, inferiorização e desconsideração da mulher).
Joseph Campbel (em ‘As Máscaras de Deus’) teoriza a transformação do poder matriarcal forte, criativo, para um poder patriarcal aterrador, aterrorizante e desigualitário. O que originou perseguições religiosas, desterramentos, perda de identidade territorial, lutas de classes, escravagismo e guerras. O Patriarcado se expande, e através da romanização (a cruel dominação romana), e o advento do cristianismo vai silenciando a mulher, tornando-a subserviente, inculta.
A mulher mantém acesso a profissões, direito a propriedade, chefia da família (mesmo após enviuvar), mantenimento da prole, acesso a universidades, fundação de escolas, mosteiros, conventos, exercício de poder e dominação política, até meados de 1200 D.C, desde que branca e abastada (rica). A igreja e o capitalismo embrionário alijam, inferiorizam e marginalizam a mulher por 200 anos (1200 a 1400 D.C).
As pestes (peste negra, tifo, bexiga negra {varíola}), as carestias, as guerras, faz ressurgir a luta de classes. A mulher pobre, só (companheiros morrem de doenças ou de guerras), trabalha nos campos, cuida a prole, socorre e medicam velhos e aleijados, (prostitui-se durante as guerras). Muitas delas (as mais instruídas e ricas) denunciam em fala e escrita os maus tratos, a desigualdade de direitos, o roubo “legalizado” da propriedade de viúvas, a não instrução para meninas. Christine de Pisan (considerada a precursora do feminismo, por Merlin Stone, Marija Gimbutas) escreve e publica, em 1402, o livro ‘A cidade das mulheres’, defendendo a educação para meninos e meninas e equanimidade de direitos para homens e mulheres, ricos e pobres.
O capitalismo, segundo Proudhon, privilegia a sociedade dividida em classes, separa esta em dominantes e dominados, burgueses e miseráveis. A primeira revolução industrial inicia-se por volta de 1600 D.C com a invenção de máquinas a vapor, máquinas para lavoura e indústrias, e marginaliza mais ainda a mulher, condicionando-a a casa e a obediência a pais e maridos. São proibidas de exercer trabalho artesanal, comercial e agrícola. Unem-se mulheres e miseráveis em movimentos contra a opressão e a bárbara miséria. Neste momento, inicia-se grande crise na Europa. A obra ‘Igualdade entre homens e mulheres’ de Marye D’Gourmay (1622) é distribuída secretamente entre a plebe. Desencadeiam-se lutas e querelas que antecedem a Revolução Francesa. Os líderes revolucionários prometem a Liberdade, Igualdade, Fraternidade para todos. Ouve-se a palavra feminismo pela primeira vez. Iludidas pelos ideais da revolução as mulheres participam ativamente em conflitos armados, em reuniões de clubes de mulheres e na propaganda política. Etta Palm discursa na Assembleia Nacional da França pelos direitos das mulheres ao próprio corpo, aos direitos de sucessão, de propriedade, do casamento, do mantenimento da prole, do divórcio, do serviço militar. Olimpe de Gouges publica a Declaração dos Direitos da Mulher (1791). Os homens “filósofos” vencedores da revolução Robespierre, Danton e Marat retiram todos os direitos concedidos às mulheres. Olimpe é guilhotinada para servir de exemplo.
Mary Wollstonecraft, na Inglaterra em 1792 escreve ‘Defesa dos direitos da mulher’, exigindo a independência econômica das mulheres e denunciando a falsa igualdade alardeada pelos filósofos iluministas franceses. Eclodem movimentações iguais a estas nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil.
Nos anos 1800 proliferam inventos, inventores, fábricas, oficinas, laboratórios, indústrias. Temos aí a segunda Revolução Industrial, as mães abandonam os lares para trabalhar nestes lugares, gerando consequências drásticas para a vida dos filhos. A desestruturação dos lares, das camadas trabalhadoras e os vícios decorrentes do ambiente de trabalho promíscuo fez crescer os conflitos sociais. A Revolução Industrial incorporou o trabalho da mulher no mundo fabril, industrial e separou o trabalho doméstico daquele remunerado fora do lar. A mulher foi incorporada subalternamente ao trabalho industrial. Em épocas de alta produção juntava-se a mão de obra da mulher e do homem. Em épocas de crise substituía-se o trabalho do homem pelo da mulher (por ser mais barato devido à teoria de fragilidade).
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