O Negro na Sociedade Paulista Após a Abolição da Escravidão
Por: Felipe Michel Braga • 14/10/2018 • Artigo • 1.217 Palavras (5 Páginas) • 170 Visualizações
O negro na sociedade paulista após a abolição da escravidão.
Felipe M. B.•
Resumo
Este artigo busca compreender a realidade social do homem negro,ex-escravo, liberto ou nascido livre no estado de São Paulo. Criar também um panorama da luta abolicionista, e das resistênciasdiretas ou indiretas a marginalização, e principalmente conhecer e entender a vida na sociedade paulista do homem negro, e as tentativas de despojo de seus direitosrecém-conquistados, a partir do dia 14 de maio de 1888 aos primeiros anos do século XX.
Palavras-Chaves: Escravizados, Pós Abolição, Marginalização.
INTRODUÇÃO
Através deste artigo estuda-se a relação do negro paulista com a sua sociedade, e os seus meios de sobrevivência, e resistênciaà profunda desigualdade e marginalização no período de 1888 aos primeiros anos do século XX. Partindo daregião da cidade de São Paulo, capital do estado, tem o objetivo de identificar a conjuntura social do pós-abolição, e analisaros conflitos que a população negra livre enfrentoudurante e depois da abolição, e que mesmo com a derrota da escravidão não foram erradicados da convivênciadiária, assim este artigo vai trazer um retrato da resistência empregada pelos negros contra o despojamento de seus direitos recém-conquistados, e tambémdas suas lutas contra a marginalização.
Justifica-se esse recorte espacial através de estudos que comprovam a importância de São Paulo para o fim da escravidãoe a necessidade de se ampliar através de pesquisas, as diversas casualidades que suprimiam as condições de vida do negro livre, ressaltando a importância doestado, tanto na economia, quanto na politica, para o Brasil,no período retratado.
O recorte temporal é de 1880 á 1910, ese justifica devido aincidência de relatos historiográficos que mostram violências contra negros, e por ser um período de pouca clareza no que se refere às consequências da abolição para os libertos no estado de São Paulo.
Este artigo trata-se de uma pesquisa inicial para conclusão do curso de licenciatura em historia, e a intenção é criar uma síntese do processo de pós-abolição na região de São Paulo utilizando-se de materiais historiográficos e artigos, e assim contrapor através de fontes históricas como revistas, imagens e documentos, o ideal comum de vitória dos abolicionistas com o cotidiano do negro após sua emancipação. Ou seja, neste artigo vamos lidar com o que aconteceu com o liberto, qual o papel que ele assume na sociedade, e compreendermos o impacto da abolição em nossa sociedade, e entender se as elites lutavam junto ao negro pela libertação, ou somente queriam se livrar da escravidão por um mero capricho do estigma de ser a ultima nação livre escravocrata do ocidente.
São Paulo no pós-abolição: Primeiras impressões da Escravidão.
Em São Paulo logo após a emancipação, o preconceito, e a indiferença da sociedade contra os negros permaneceram e se intensificou, esse fato é nítido através da grande imigração de homens brancos provindos da Europa, para servir como mão de obras no lugar do negro, é a amostra mais clara da marginalização massiva sofrida pelos afrodescendentes paulistas.
É necessário conhecer a historia do negro em São Paulo, para entender a sua situação social no pós-abolição. O negro na condição de escravo esteve presente no estado desde os primórdios da colonização, ou seja, a escravidão ocorreu por 350 anos nessa região, com maior intensidade, ou menor intensidade, dependendo do período analisado. E foi à população negra através de seu trabalho e jugo, que em primeiro momento, de forma mais discreta, fincou através de seus trabalhos nas lavouras de cana de açúcar, as bases deste estado, e por volta da metade de 1800 para frente à população negra escravizada cresce em São Paulo, pois a sua força de trabalho é necessária para gerar a riqueza nas lavouras de café. É valido reforçar que nos primeiro dois séculos após a chegada dos portugueses a esse território, a presença do negro é inexpressiva (mas não inexistente), pois a mão de obra mais utilizada nesse período era a indígena, essa situação é revertida a partir do século XIX, com as plantações de canas de açúcar e principalmente as plantações de café.
Inicialmente cultivado no rio de Janeiro, o café atingiu as área montanhosas da divisa com São Paulo, de onde se expandiu para outras áreas da província. A proeminência do vale do Paraíba na produção cafeeira estendeu-se desde o segundo quartel do século XIX, quando produzia dois terços da produção paulista do produto, ate a década de 1880, [...] (Bertin, 2013, p. 35)
O inicio do ciclo de plantação de café em São Paulo demandou grande quantidade de mão de obra escrava aumentando consideravelmente a população negra
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