O TRABALHO E A VIDA COTIDIANA DA CLASSE SUBALTERNA NA ROMA ANTIGA
Por: Christian Silva • 12/12/2018 • Artigo • 1.249 Palavras (5 Páginas) • 220 Visualizações
O TRABALHO E A VIDA COTIDIANA DA CLASSE SUBALTERNA NA ROMA ANTIGA
Christian Souza da Silva
cs.souza1@outlook.com
RESUMO: Proponho uma reflexão sobre como viviam os plebeus romanos, em comparação com a aristocracia, a partir dos estudos sobre o cotidiano da cidade de Pompeia. Veremos ao curso desta discussão uma análise do cotidiano de Pompeia em seus últimos anos antes da erupção do Vesúvio.
PALAVRAS-CHAVE: Plebeus - Aristocracia – Cotidiano -Trabalho
A expansão territorial de Roma fez com que seu domínio fosse presente em diversas cidades em diferentes locais, com diferentes línguas e culturas. O arqueólogo e autor Pedro Paulo A. Funari afirma: “ainda, houve cultura urbana romana na pátria primigênia, sem dúvida, mas também em regiões variadíssimas, da África do norte à Bretanha, do Danúbio à Grécia, da Ásia Menor à Mesopotâmia.” (FUNARI, 2003, p.33). Sendo assim, não é possível tratar como homogêneo o cotidiano romano sem especificar a cidade em que consiste as pesquisas. Portanto se faz necessário um recorte geográfico, que neste caso, será feito sobre a cidade de Pompeia.
A elite romana “cujo trabalho estava a cargo dos outros, mas cujo resultado serviam à satisfação de seu consumo” (FUNARI, 2003, p.26) viviam uma “herdeira e continuadora imóvel da tradição (mos), reprodutora de um passado clássico” (FUNARI, 2003, p.26). Por outro lado, os populares não se submetem aos padrões eruditos. Para os pobres, o trabalho era rotineiro, e essencial para sua sobrevivência. “Podemos afirmar que os setores subalternos exerciam ofícios como o artesanato, comércio, cabeleireiro, porteiro, taberneiros entre outros, desenvolvidos por libertos, cidadãos ricos ou pobres e escravos.” (OMENA, 2007, p.6). Podemos ver que mesmo aqueles plebeus que de alguma forma saíram dá pobreza, não se enquadravam como aristocratas. Então para esse setor da sociedade existia a valorização do prazer do momento. “Essa consciência do gozo do momento permeava a vida cotidiana do homem do povo.” (FUNARI, 2003. p.26).
A elite da sociedade romana desprezava a participação dos plebeus nas decisões políticas. Sendo assim “grupos privilegiados que controlariam o acesso aos benefícios concedidos pelo poder político, excluindo, dessa forma, setores populares denominados por plebs” (OMENA, 2007, p.1). Porém, esses grupos não privilegiados não se manteriam satisfeitos para sempre diante desta exclusão “Então, como manobra política, para a manutenção da ordem e afastá-la das decisões políticas, as autoridades davam-lhe o pão e o circo.” (OMENA, 2007, p.1). Além de distribuir trigo para que os plebeus não morressem de fome, eram promovidos espetáculos públicos para que houvesse entretenimento acessível aos setores populares.
“Essa massa estava presente nos teatros, nos anfiteatros, nos bares e nos templos. Assistiam a tragédias, a recitais musicais e poéticos, a diversos gêneros de comédias (atellanae, mimi pantomimici), picantes e jocosas, assim como às lutas de gladiadores e entre homens e feras (uenationes). Participavam ativamente, também, de cultos de Baco, Ísis e Vênus, entre outras divindades populares.”(FUNARI, 2003, p.27)
Os populares ainda desenvolviam outras atividades de lazer, como compor “suas próprias canções, trovas, músicas, danças.” (FUNARI, 2003. p.27). Porém, isto não quer dizer que os setores populares viviam em um ócio cotidiano. Como já citado, os plebeus exerciam ofícios. “Temos, nestes ofícios, mais do que um desprezo e sim um retrato de como os setores subalternos viviam em seu cotidiano, mantendo-se de atividades rendosas e não sobrevivendo de pão e divertimento. Visão estereotipada que foi construída ao longo da História.” (OMENA, 2007, p.6)
A cidade de Pompeia, devido a forma com que a erupção do Vesúvio cobriu rapidamente seu território, conservando assim registros arqueológicos quase intactos, é frequentemente utilizada para analise da vida cotidiana romana. Foram encontradas em Pompeia “inscrições parietais ou grafites que demonstram a participação política das massas e suas preocupações com o dia-a-dia” (FUNARI, 2003. p.27). É possível extrair destas inscrições parietais, ou grafites, informações sobre o nível de instrução dos setores populares. Foram encontradas mais de dez mil inscrições em Pompeia.
“Teriam os autores destas intervenções frequentado a escola primária? Não se pode saber, naturalmente, mas não cabe dúvida que, se passaram pelo luds primi magistri, aprenderam ou assimilaram bem pouco não apenas das regras ortográficas, como norma culta, em geral.” (FUNARI, 2003, p.78)
É interessante perceber, que dentre tantas inscrições nas paredes de Pompeia, existiam diferenças no domínio da norma culta entre elas. “accepi epistolam tuam (‘recebi tua carta’), escrito em perfeita grafia e com o acusativo marcado; a referência a uma carta já estaria a indicar tratar-se de alguém com formação escolar.” (FUNARI, 2003, p.78). Neste caso, a norma culta ortográfica foi reproduzida corretamente. O que indica um nível maior de instrução por parte desse romano. “Outros muitos, no entanto apresentam desvios quanto à norma culta, como uma inscrição de um arquiteto, cujo próprio nome escreve erradamente: Cresces architectus (CIL IV 4755).” (FUNARI, 2003, p.78). Através desta comparação podemos concluir que existiam diferentes níveis de instrução entre a população. De que maneira foi adquirido tal nível de instrução para a escrita, parece ser uma pergunta não respondida. Porém, devemos nos atentar ao fato de que, de alguma forma, os populares tinham contato coma cultura erudita. “Não há dúvida que muitas dessas inscrições ecoam a cultura erudita, por exemplo, ao citarem autores eruditos” (FUNARI. 2003, p.78) Existem diferenças entre as paredes das elites e dos populares em Pompeia. As elites, com suas grandes construções, de diversas paredes, as preenchiam com pinturas e inscrições eruditas. Porém
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