O TRABALHO: SUA CENTRALIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO (1)
Artigos Científicos: O TRABALHO: SUA CENTRALIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO (1). Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: elviosanches • 13/6/2013 • 1.879 Palavras (8 Páginas) • 586 Visualizações
O TRABALHO: SUA CENTRALIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO (1)
José Francisco de Melo Neto
Resumo
Este texto insere-se na discussão atual sobre a problemática do trabalho. Procura mostrar que existe, ainda, uma
mistura teórica ao identificar-se trabalho com emprego, quando se esquece que trabalho é uma relação filosófica
do humano com a natureza, enquanto que emprego é uma mera relação funcional na vida das pessoas. O
trabalho, sendo uma relação humana com a natureza, é caracterizado, dialeticamente, como expressão de
humanização da natureza enquanto que, também, se constitui como um processo de naturalização do humano.
Finalmente, apresenta uma perspectiva teórica do trabalho como uma questão que se mantém no centro do
debate paradigmático, nos dias de hoje.
Esta é uma questão que vem sendo apresentada de forma muito confusa, sendo, além
disso, bastante complexa. Afinal, de que centro e de que mundo se está falando? Que tipo de
trabalho? Por outro lado, a temporalidade das questões e mesmo das soluções que esse debate
gere pode durar poucos dias. Em pouco tempo, questões, soluções políticas e tudo que se disser
pode estar mudado. Mesmo assim, este é um tema tanto palpitante como movediço. Tudo que se
afirma está, cada vez mais, provisório.
Apesar dessas considerações, enfim, o que está acontecendo? Diante do debate que se
trava em torno da problemática trabalho e sua centralidade, uma certeza é cristalina: a continuar
com a conformação que ora se estabelece mundialmente e se cristalizando esse tipo de
desenvolvimento, a vida dos trabalhadores caminha para piorar. Outra verdade é que as
transformações que se processam no mundo são surpreendentes. O que ocorreu nesses últimos
vinte anos apresentou-se como humanamente impossível de predição. Há pouco tempo, fazia-se
previsão para quinze, dez, cinco anos... Atualmente, previsões conjunturais realizadas para quinze
dias são discutíveis. Qualquer previsão com esse prazo traz, em si mesma, a marca da ousadia.
Houve crise da bolsa mexicana, do petróleo, da queda do muro de Berlim, das bolsas asiáticas,
brasileira, russa, argentina e nada de previsão. Vive-se na crise até hoje, mesmo que o discurso
apontasse para a sua superação, desde a década de oitenta.2
A constatação, contudo, do ponto de vista ideológico, é que foram transformações que se
encaminharam rumo ao conservadorismo político. Acrescentem-se ainda as formulações de um
certo irracionalismo que vem se denominando de pós-moderno.
Do ponto de vista das idéias, vive-se diante de um grande retrocesso. Neste início de
milênio, há uma busca por um “salve-se” em qualquer formulação ou teoria. O que está
ocorrendo é um encontro de elementos cada vez mais precários. As opções surgidas, no campo do
trabalho, como o toyotismo, não têm mais o mesmo empolgamento de seu início. Parece que o
que se apresenta é uma mesclagem profunda de vários estilos de produção, ocorrendo com muita
velocidade. Isso tudo pode suscitar a questão: será que não está surgindo um novo estilo de modo
de produção? (2).
Entretanto, se isto se torna possível, não significa a passagem para o socialismo. A
superação pode ser a do capital, mas isso não está claro. Está apresentando-se muito mais como
período de transição; uma transição que está levando ao aumento da exclusão, ao ponto de jogar a
África e regiões da América Latina fora do processo, impondo condições de vida piores do que as
de épocas pré-históricas.
Há uma capacidade de destruição do capital e da humanidade, mesmo que possam
apresentar-se tendências construtivas. Ora, nesse processo, há a destruição da própria burguesia,
considerando sua existência condicionada à existência da classe que lhe é antagônica: o
proletariado.
Por outro lado, há uma queda na própria cultura da classe burguesa, sofrendo também sua
destruição cultural. É patente a ausência de teoria nas formulações apresentadas pela burguesia
americana e européia, presas, única e exclusivamente, à perspectiva da lucratividade, imergindo
sob essa exigência os próprios estados considerados periféricos. Nessa situação, encontram-se a
África, Ásia, grande parte da Europa, como também a maior parte da América, tendo-se no Brasil
um exemplo clássico da impossibilidade de se “honrar” os compromissos com seus credores
internacionais. A dívida brasileira foi rolada para frente em trinta anos, obrigando o país ao
pagamento dos juros. Mas, até mesmo o pagamento desses juros tem gerado uma forte pressão
sobre as condições sociais do país. Outro exemplo grave é o da Rússia que, de forma explícita,
comunicou a sua impossibilidade de pagamento da dívida, decretando moratória e, ainda mais
recente, os casos do México
...