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O conceito de drible e o drible do conceito: analogias entre histórias do negro no futebol brasileiro e do epistemicídio na filosofia

Por:   •  13/8/2020  •  Resenha  •  955 Palavras (4 Páginas)  •  497 Visualizações

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O conceito de drible e o drible do conceito: analogias entre histórias do negro no

futebol brasileiro e do epistemicídio na filosofia – renato Noguera

INTRODUÇÃO

O conceito de drible e o drible no conceito: analogias entre a história do negro no futebol brasileiro do epistemicídio1 na filosofia, trata da influência da colonização europeia branca ocidental e do imperialismo capitalista sobre os processos de produção e reprodução do conhecimento.

Nesse artigo, o filósofo Renato Nogueira utiliza a dimensão do drible no futebol brasileiro a fim de reivindicar a autenticidade da filosofia africana. Para Noguera, drible é o exercício de encontrar canais para a visibilidade da filosofia africana e afrodiaspórica2. Com ele, é possível assinalar a filosofia de maneiras diferentes de um texto de filosofia ocidental.

Segundo Renato Nogueira, a proposta da filosofia afrodiáspórica tem como finalidade de descentralizar e abrir novas perspectivas na produção de conhecimento. Sua construção filosófica advoga uma perspectiva africana que abrange elementos da herança cultural dos

povos africanos no Brasil e no pensamento brasileiro.

DESENVOLVIMENTO

Em seu artigo, Renato busca legitimar as literaturas africanas em relação à literatura europeia, tornando-se um instrumento da africanidade na construção da nossa identidade brasileira. A questão é fazer filosofia num contexto formado pelo patriarcado. No contexto da colonialidade, a filosofia tem reproduzido um mito de universalidade que recusa o seu caráter geopolítico. Renato Noguera defende uma linha ou abordagem filosófica pluralista que reconhece a existência de várias interpretações, seu sustentáculo é demarcado por repertórios africanos, afrodiaspóricos e indígenas.

O argumento central por trás da ideia de que o drible foi invenção negra tem relação com a própria história do futebol brasileiro. Segundo Renato, além das inúmeras restrições impostas aos jogadores negros, havia ainda a prática racista de juízes que sempre tendiam

para o lado dos atletas brancos. O drible foi uma forma desses jogadores negros se adaptarem

1 Epistemicídio é a destruição de pensamentos, de saberes, e de culturas não integradas pela

cultura branca ocidental (NOGUERA, 2011, p. 44).

2 Afrodiáspora pode ser conceituada como um processo de imposição de modelos políticos, culturais e epistêmicos na colonização seja no continente africano e desterritorialização e deslocamento sofrido pelos descendentes de africanos que foram escravizados entre os séculos IX e XIX fora do continente europeu (NOGUERA, 2011, p.26).

à situação dos jogos, uma vez que deveriam ser rápidos o suficiente para não sofrer faltas ,  as quais não seriam marcadas pelos juízes. Além disso, as rodas de sambas também foram importantes para a elaboração dos dribles, seja no movimento rápido com os pés, seja no balanço do corpo.

Nesse sentido de drible, o autor com para as continências sofridas pelos futebolistas negros e as retenções sofridas pelos pensadores africanos diante do totalitarismo do pensamento filosófico ocidental. Nessa cosmologia, Renato Noguera defende que o ensino de

filosofia não deve se concentrar numa isonomia ou qualidade antecedente de certo discurso filosófico, mas deve contemplar a diversidade do fazer filosófico e pleiteia, de modo particular, levar em conta a variedade de escolas e estilos filosóficos no continente africano ou dos africanos e seus descendentes localizados por todo o mundo em diferentes épocas e espaços em diálogo com as tradições já canonizadas, despindo-as de seu eurocentrismo.

Para Renato, a Filosofia pode ser um exercício de descolonização. Mas também pode ser de colonização e recolonização. Renato defende uma Filosofia que descoloniza, uma Filosofia que declare emancipação e autonomia sem dogmas. Numa sociedade racista que apresenta dados alarmantes de violência urbana em que as principais vítimas são jovens cútiz negra, filosofar pode ajudar a repensar o cenário político e social. Todavia, segundo Renato Noguera, eles devem estudar uma Filosofia que seja marginal e antidogmática. Uma Filosofia que pense o racismo, que trate

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