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O conceito de revolução em Caio Prado Júnior e Florestan Fernandes. Socialistas.

Por:   •  30/9/2019  •  Resenha  •  1.894 Palavras (8 Páginas)  •  434 Visualizações

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FICHAMENTO TEXTO 03

QUEIROZ, Fábio José C. de. O conceito de revolução em Caio Prado Júnior e Florestan Fernandes. Outubro: Revista do Instituto de Estudos Socialistas. Alameda, Número 19, 2011, pp.155-177.

Andressa Luiza Montanha de Araújo

- Autor explica os contrastes da burguesia brasileira (e latino-americana), que, ao invés de se juntar ao proletariado, ficou ao lado do latifundiário. (p. 159).

- Aí ele fala sobre o que Trotsky percebeu da burguesia latino-americana quando esteve no México. “Para ele, a burguesia aborígine, “por sua debilidade geral e sua atrasada aparição os impede alcançar um mais alto nível de desenvolvimento que o de servir a um senhor imperialista contra outro. Não podem lançar uma luta séria contra toda cominação imperialista e por uma autêntica independência nacional por temor a desencadear um movimento de massas dos trabalhadores do país, que por sua vez ameaçaria sua própria existência social (TROT5KY, 2000, p. 93)”. (p. 160).

- Com isso o autor chama atenção ao fato de que, por ter uma burguesia que não consegue encabeçar a revolução e que prefere ficar do lado do imperialismo, não há como falar, pela perspectiva marxista, em revolução burguesa no Brasil ou na América Latina. (p. 161).

- Mas ele diz que também que Florestan Fernandes e Caio Prado Jr. procuram entender a “revolução brasileira” cada um a seu modo. “Florestan Fernandes busca, por meio de um enfoque reconhecidamente criativo, preconizar um processo de revolução burguesa no Brasil. Por sua vez, Caio Prado Júnior refere-se à revolução brasileira e se recusa a defini-la, quer dizer, se nega a estabelecer a sua natureza. Ambos procuraram investigar e determinar a especificidade da "via brasileira". É objetivo do presente artigo examinar os pontos de vista desses autores quanto ao sentido do termo revolução, o que faremos a seguir”. (p. 162).

A REVOLUÇÃO NO HORIZONTE TEÓRICO DE CAIO PRADO JR.

- Então o autor começa explicando que, para o PCB, a revolução seria encabeçada pela burguesia (como na teoria marxista) e eles se apegavam à existência de “supostos resquícios feudais no Brasil”. (p. 62).

- Caio Prado Jr. foi por outra ótica, entendendo que não há como falar em revolução feudal e democrático-burguesa se o Brasil, nesse momento, já era capitalista e não feudal. (p. 163).

- “Assim, para Prado, conforme lembra Reis (2003), seria preciso "partir do contexto brasileiro específico para a sua interpretação" (p. 190). Em sua ótica, ainda estávamos sob a égide de um "capitalismo colonial"”. (p. 163).

- Deste modo, segundo o autor, Caio Prado Jr. “sustenta que o latifúndio: 1) não é, forçosamente, aliado do imperialismo e, 2) até o ignora. Procurando combater o esquema do PCB, em que os fazendeiros aparecem como cúmplices do imperialismo e a burguesia industrial como parente por afinidade do proletariado, ele termina engendrando uma solução teórico-histórica duvidosa. Pior: recua a origem do capitalismo, no Brasil, aos primórdios da colonização, uma tese imprópria. (p. 163).

- Mas o autor destaca que isso não é suficiente para descredibilizar sua tese, pois Caio Prado Jr. trouxe importantes reflexões em combate aos pensamentos do PCB, principalmente no quesito de “aniquilar a lenda de uma burguesia industrial antilatifundiária e antiimperialista. (p. 163).

-  Queiroz explica ainda que o pensamento de Caio Prado Jr, nesse sentido, se aproxima ao que foi falado por Trotsky (pensador marxista) acerca da burguesia autócne ser "acionista menor" do capital imperialista”. (p. 164).

- Então ao autor destaca que, por conta das ideias defendidas pelo PCB, a revolução brasileira possuía concepções teórica errôneas. (p. 164).

- Em seguida o autor apresenta a diferenciação que Caio Prado Jr. faz de “insurreição” e de “revolução”, de modo que insurreição “diz respeito ao "processo imediato”, enquanto revolução está ligada a transformação do regime político-social". (p. 164).

- Em conformidade com Caio Prado Jr:

São esses momentos históricos de brusca transição de o uma situação econômica, social e política para outra, e as transformações que então se verificam, que constituem o que propriamente se há de entender por "revolução”. (p. 165).

- Queiroz problematiza também que Caio Prado não pretende dizer qual tipo de revolução é a brasileira (se é burguesa ou socialista), mas o que importa é entendermos o que se passa nessa revolução. Nesse sentido, Caio Prado entende que as lutas brasileiras irão desembocar no socialismo, mas sem um processo teórico esquematizado para isso. “Em síntese, a revolução brasileira ignora "esquemas abstratos" e não tem uma natureza definida, não é burguesa e nem socialista, ainda que projete esta última. Sem se prender a modelos ou receituários, a verdadeira revolução brasileira estar por acontecer e, para os socialistas, conforme Caio Prado Jr., ela começaria pelas demandas próprias da conjuntura e por sua interligação com o "processo histórico de que resulta". (p. 166).

- Nesse sentido, Caio Prado não se deixou levar pelas concepções teóricas do “etapismo” (conceito marxista de tendência stalinista) defendido pelo PCB. (p. 166).

- Por fim, Queiroz entende que “a crítica a "um aparato teórico deficiente e inflexível" (Idem, 2007, p. 174) não quer dizer exatamente uma ruptura com o caráter estratégico da ideia de revolução do PCB, centralizado no privilegiamento de uma concepção do processo revolucionário medida por laços que se desenredam”. (p. 166).

A TESE DA REVOLUÇÃO BURGUESA EM FLORESTAN FERNANDES

- Segundo o autor, para Florestan o Brasil já estaria vivendo uma revolução burguesa. E Florestan ainda se difere de Caio Prado por entender que é preciso sim entender o que a revolução é (Caio Prado entendia, como vemos antes, que o que importava era saber o que se passa na revolução). (p. 167).

- “Florestan fixa uma estreita vinculação entre o que entende por revolução burguesa e elementos-chave - modernização, formação de uma sociedade de classes e absorção de um "padrão de civilização" - que, pensamos ser, naturalmente, o padrão ocidental, característico do capitalismo dos países centrais. Ou seja, o Brasil se teria igualado aos países centrais por um caminho excepcionalmente distinto do modelo clássico das nações europeias ou dos norte-americanos”. (p. 167).

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