Planos de aula de historia - tema: brasília

JUSTIFICATIVA

Apesar de alguns avanços nos estudos historiográficos e das mudanças de paradigmas que orientam tal estudo ainda permanecem no ensino de história práticas com viés positivista, nas quais apenas a história política é valorizada. Neste contexto, a história da construção de Brasília tem se apresentado a partir da edificação da cidade com foco nos grandes “vultos históricos” que fizeram parte deste processo, como Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Além disso, são privilegiados os aspectos políticos, urbanísticos e arquitetônicos da cidade em detrimento dos aspectos sociais, econômicos e culturais dos diferentes sujeitos que fizeram parte da construção e consolidação da nova capital.

Segundo Oliveira (2005) o governo de Juscelino Kubitschek reuniu fotos, imagens cinematográficas e documentos sobre a construção da cidade de Brasília e publicou uma coleção de livros intitulada “Coleção Brasília”, produzindo assim não apenas fontes documentais e de pesquisa, mas uma versão da história do Brasil e da história de Brasília. Essa versão oficial tem sido privilegiada pelas práticas de ensino de História fazendo com que a participação de diversos atores sociais seja desconsiderada ou minimizada.

Este tipo de abordagem apresenta a realidade de forma conservadora e dogmática, além de compreender o tempo histórico de forma linear e evolucionista. Faz-se necessário, portanto, empreender um ensino de história crítico e reflexivo sobre o papel do Estado na formação de um imaginário coletivo que sirva a seus interesses. Pretende-se com essas aulas, contribuir para a formação de um pensamento crítico e analítico sobre a construção de Brasília a partir da consideração de todos os sujeitos envolvidos neste processo. Para isso, pretende-se trabalhar a história enquanto problema, investigando o cotidiano e buscando a compreensão de diferentes visões sobre o mesmo fato e das memórias silenciadas.

REFERENCIAL TEÓRICO

O ensino e aprendizagem de história têm importante papel na formação de um cidadão crítico e reflexivo acerca de sua realidade social. Por isso, é fundamental que o pedagogo, enquanto educador e docente faça escolhas metodológicas que compreendam a história como uma construção, na tentativa de romper com a visão de História como verdade absoluta e de se considerar os múltiplos sujeitos como agentes históricos.

Neste sentido, os fatos históricos não devem ser traduzidos em eventos políticos, mas devem ser tratados como ações humanas significativas com o resgate das evidências históricas e da reconstrução da historicidade a partir das vivências e experiências do aluno e do professor. A aula deve ser vista como espaço para a construção do conhecimento histórico, em que aluno e professor são também considerados agentes da história.

Para ir além da história oficial dos livros didáticos e documentos, é imprescindível que o docente considere todos os sujeitos que fazem parte da construção histórica. Os sujeitos históricos deixam de ser apenas os governantes e os políticos para se transformar em todo e qualquer ser social.

O sujeito histórico pode ser entendido, por sua vez, como sendo os agentes de ação social, que se tornam significativos para estudos históricos escolhidos com fins didáticos, sendo eles indivíduos, grupos ou classes sociais. Podem ser, assim, todos aqueles que, localizados em contextos históricos, exprimem suas especificidades e características, sendo líderes de lutas para transformações (ou permanências) mais amplas ou de situações cotidianas, que atuam em grupos ou isoladamente, e produzem para si ou para uma coletividade. Podem ser trabalhadores, patrões, escravos, reis, camponeses, políticos, prisioneiros, crianças, mulheres, religiosos, velhos, partidos políticos, etc. (BRASIL, 1997, p. 29).

A consideração de múltiplos sujeitos permite o reconhecimento de várias histórias dentro de uma mesma história, além de proporcionar a compreensão mais ampla de determinado fato, favorecendo a análise mais crítica e consciente de uma situação. Dessa forma, o ensino de história poderá colaborar na formação de um cidadão consciente de seu papel enquanto agente social que está permanentemente contribuindo para a construção histórica.

Objetivo Geral

Compreender a história de Brasília por meio de um ensino de história que desloca o foco de estudo dos grandes vultos históricos para os sujeitos comuns.

Objetivos específicos:

• Conhecer a história da construção de Brasília;

• Construir a identidade de cidadão brasiliense participante do processo histórico;

• Reconhecer a participação dos diversos sujeitos envolvidos na história da capital brasileira;

• Conhecer o processo de formação das regiões administrativas do Distrito Federal;

• Identificar a importância das diversas regiões administrativas para a sociedade brasiliense.

PLANOS DE AULA

Aula 01

Tema: Brasília capital de um Brasil

Turma: 5º ano.

Justificativa

O processo de planejamento, idealização e construção de Brasília é fruto de uma série de decisões políticas marcadas principalmente pela figura do então presidente da república Juscelino Kubitscheck. Usualmente, a história da construção tem como foco principal a figura desse homem e das pessoas que participaram da idealização do sonho de evoluir “50 anos em 5”.

Com isso, deixam-se de lado questões polêmicas como o exagerado gasto dos recursos públicos para a construção de uma capital onde antes havia apenas fazendas ou pequenas cidades. Além disso, também pouco se fala sobre os sujeitos que trabalharam arduamente sob o sol quente para poder “levantar uma cidade do meio do nada”. Essas pessoas vieram de outras regiões do país, principalmente do nordeste e viveram em condições precárias para poder construir uma cidade, passando por muitas dificuldades