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Procedimentos metodológicos no ensino de Histórias.

Por:   •  4/6/2018  •  Resenha  •  3.305 Palavras (14 Páginas)  •  390 Visualizações

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BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. “Aprendizagens em História“ in: Ensino de História: fundamentos e métodos, Cortez Editora, São Paulo, pp. 180-221.

P.183

“É comum à afirmação de que o ensino a aprendizagem de História acontecem por intermédio do domínio de conceitos.” [...] “É preciso ligar o fato a temas e aos sujeitos que o produziram para buscar uma explicação. E para explicar e interpretar os fatos, é preciso uma analise, que deve obedecer a determinados princípios. Nesse procedimento, são utilizados conceitos e noções que organizam os fatos, tornando-os inteligíveis”. Nesta perspectiva o ensino de história seria inviável sem o domínio conceitual. O que supõe que para algumas faixas etárias o ensino de história seria impossível, pela falta de capacidade de abstração para assimilar alguns conceitos.

P.184

“Não pretendemos discutir de maneira aprofundada os pressupostos teóricos da psicologia cognitiva, mas sim apresentar alguns tópicos de estudo desses autores que têm servido de base para o denominado ”construtivismo”, fundamento da maioria as formulações curriculares atuais.” Destacando a problemática das formulações dos conceitos sociais.

P.185

Piaget coloca que [...] “As estruturas cognitivas dos indivíduos são adquiridas ao longo da vida em estágios delimitados pela maturidade biológica e, em face do meio, assimilam os “objetos” (materiais ou ideais), de acordo com as estruturas internas orgânicas. Ao se situar diante de um “objeto”, cada individuo acomoda-o a determinados esquemas, incorporando-o de acordo com as condições disponíveis e organizando o pensamento para a assimilação.” Por meio dos processos de assimilação e acomodação as estruturas mentais se desenvolvem e se tem um acréscimo das capacidades cognitivas. [...]

P. 186

[...] “Os estágios de desenvolvimento – do concreto ao abstrato – determinam a formalização das etapas de domínio conceitual assim como as fases “operatórias”  progressivas no processo de conhecimento.” [...] “etapas de desenvolvimento da criança – a fase oral, a do pensamento concreto e a do pensamento concreto  e a do pensamento abstrato – em versões diversas.” Por meio desta perspectiva a educação se vinculou ao desenvolvimento biológico, e a maturidade se tornou a base da organização dos conteúdos. Esta perspectiva sofreu criticas por educadores e psicológicos voltados para a problemática da aprendizagem de temas sociais. [...] “Piaget entende o conceito espontâneo e o conceito cientifico como antagônicos, pressupondo que o primeiro fosse impeditivo ou pusesse obstáculos à constituição dos conceitos científicos.” Assim seria necessário entender o pensamento espontâneo da criança para combate-lo e anula-lo.

P. 187

“Vygotsky defende a existência de uma interação muito próxima entre os conceitos, o espontâneo e o cientifico”. Aponta para a modificação dos esquemas intelectuais, e não o desaparecimento dos conceitos espontâneos. A teoria de Vygotsky se aprofunda na aquisição social dos conceitos, não apenas na maturidade biológica. Sendo assim fundamental considerar as dimensões históricas, culturais, e a capacidade de expressar e compartilhar com os outros membros da sociedade. A linguagem se torna o intermédio entre o sujeito e o objeto, favorecendo a formação dos conceitos, abstrações e generalizações. [...] “o ser humano pode progressivamente chegar ao desenvolvimento dos conceitos, que para ele significa o entendimento das palavras. Os conceitos científicos correspondem á ampliação do significado das palavras, interferindo nesse processo o desenvolvimento de outras funções intelectuais” Aqui está o papel fundamental da escola, que a aprendizagem só se adquiri de forma organizada e sistematizada. Muitos seguidores de Piaget desconsideram as influencias do espaço social e da vivencia desse individuo.

P.189 - 190

Reflexões sobre o conhecimento prévio dos alunos

“As novas interpretações sobre a aprendizagem conceitual e a importância das interferências sociais e culturais nesse processo erigiram o aluno ou o aprendiz e seu conhecimento prévio como condição necessária para a construção de novos significados e esquemas” [...] “A história escolar não pode ignorar os conceitos espontâneos formados por intermédio das experiências”. Para se alcançar a eficiência do ensino não se pode descartar o desenvolvimento operatório piagetiano, deve considera-lo relacionado as estruturas de conhecimento adquiridas por meio das experiências. [...] “O importante, na aprendizagem conceitual, é que sejam estabelecidas as relações entre o que o aluno já sabe e o que é proposto externamente – no caso por interferência pedagógica -, de maneira que se evitem formas arbitrárias e apresentação de conceitos sem significados, os quais acabam sendo mecanicamente repetidos pelos alunos, confundindo-se domínio conceitual com definição de palavras”.

P. 190

A tendência atual dominante segue nesta perspectiva de se levar em consideração o conhecimento das experiências e o senso comum na aprendizagem, sendo assim um conhecimento construído a partir da junção do conhecimento acumulado com o conhecimento sistematizado por métodos científico. Freire considerava a questão da “leitura de mundo” de cada individuo no processo de aprendizagem. Em sua perspectiva o professor seria aquele que dialogaria com esse conhecimento, pois o aluno está sempre aprendendo. Consequentemente Freire observa o próprio conhecimento como não estático, pois este está sempre em constante processo de construção. Ao final deste trecho a autora reflete sobre o preconceito com o senso comum, este visto frequentemente como antagônico ao conhecimento cientifico – racional e objetivo -, por ser posto como extremamente ideológico e conservador, o que a autora aponta para a necessidade de se superar este preconceito.

P. 191 - 192

Bittencourt ressalta para o fator da própria ciência possuir seus preconceitos e também os reforça-los, – dando exemplo das teorias racista de “raça superior, servindo assim como ideologias de controle social” -, assim evidenciando a possibilidade de se superar essa oposição entre ciência e senso comum para que se possa compreender melhor o mundo e suas complicações. Ao final deste tópico a autora leva a discussão para as necessidades do ensino com está aproximação ciências/senso comum, necessitando assim da articulação, os “conceitos científicos” se construiriam por base nos “conceitos espontâneos”.

Conhecimento histórico: conceitos fundamentais        

O historiado lida com conceitos, e os categoriza sistematicamente, logo selecionar esses conceitos e categorias é uma das dificuldades de seu trabalho, principalmente quando se trata da questão do ensino de história. Ao professor é necessário um domínio do assunto, e, além disto, é necessário saber como “[...] introduzir e encaminhar as tarefas de aprendizagem para alunos de diferentes idades e condições culturais”.

P. 192

- 193

História e Conceitos

“[...] os historiadores empregam conceitos específicos especialmente produzidos para a compreensão de determinado período histórico”. Esses conceitos estão delimitados em um tempo e espaço específicos, e acabam por designar vários elementos; grupos sociais, sociedades, nações. E a História escolar acaba por utilizar destes conceitos, assim baseando seus conteúdos nestes. Bittencourt ressalta para o lado interdisciplinar da história, frequentemente o historiador se encontra obrigado a utilizar conceitos de outros campos científicos e até mesmo provenientes do senso comum juntos aos conceitos criados por eles para contextualizar a história e torna-la inteligível.

P. 193 -  194

Ressalta para a necessidade de adaptação destes termos para a História para que estes termos sejam aplicados de maneira correta. Ex: “[...] termos usados normalmente, parecem muitas vezes ter sempre existido em todos os lugares e em todos os tempos”. A autora evidencia para a necessidade de que tais termos sejam bem descritos, pois são conhecidos por todos, e logo podem ter significados diferentes de acordo com sua época. Destaca para a contextualização. Pôs a história sempre está marcada por seu recorte, tempo, espaço e sujeitos, os termos estão ligados a seu período, logo deve-se ter certo cuidado com a terminologia utilizada na história. EX: Quando se afirma que a escravidão era costumeira entre os povos africanos e eles estariam acostumados a escravidão Brasileira, se trata de um equivoco pois a escravidão africana tinha outro caráter, não fazendo parte da acumulação de capital.

P. 194

Bittencourt aponta para o grande risco de utilizar conceitos de áreas diversas e do senso comum na história, que seria a prática do anacronismo, sendo assim necessário extremo cuidado ao lidar com a terminologia para evitar este mau, se apegando firme a metodologia. Lembrete; os conceitos mudam no tempo, deve-se observar as diferenças no contexto econômico, politico e social de cada época. Kosellech: evidencia o inter-relacionamento dos conceitos. Ex: cidadão e poder político. OBS: Chama atenção para mudança nos conceitos por meio do tempo, e esta mudança pode reverter totalmente o significado do conceito.

P. 195 – 196

Apreensão de conceitos históricos na escola

 Autora aponta para o fato do conhecimento escolar produzir-se mediante o social, cívico, absorve conceitos, e esta sempre relacionado a uma formação de cidadania. O conteúdo histórico precisa estar articulado com outros elementos desde o inicio da fase escolar com a teoria, assim evitando implicações meramente morais e dogmáticas.

P. 196

Moniot vai contra a teoria piagetiana, que impediria o ensino de história em algumas fases escolares pela sua “falta de capacidade de abstração”, aponta que o ensino é viável em todas as fases desde que esteja visando o domínio e a precisão dos conceitos. Bittencourt ressalta a forma como diversos educadores piagetianos organizam seus currículos, por meio dos  “círculos concêntricos”, partindo da vivencia dos alunos e tornando esse conhecimento em algo atemporal. De forma que “[...] os valores morais e cívicos são transmitidos por uma história de heróis responsáveis pelos grandes “fatos” nacionais destituídos de qualquer noção de tempo histórico”.

P. 197

A autora cita Pilar Maestro, afirmando que as concepções piagetianas junto a os ideais da sociedade industrial levou a disciplina História a ser considerada como um saber secundário. Ressalta para a importância dada no período para o “aprender a aprender”, pregando que a capacidade de aprendizado não dependeria dos conteúdos e tarefas a serem desenvolvidas, nesse período a preocupação com o conteúdo histórico escolar foi afetada. “[...] A autora contrapõe-se à desvalorização dos conteúdos históricos escolares, sustentando que a produção de um conhecimento efetivo deve orientar a aprendizagem em uma relação mais estreita com as dificuldades geradas pelos “conceitos e a estrutura epistemológica de cada ciência com os métodos a ela associados”. Bittencourt ressalta para a separação realizada por Piaget entre a História – humanas -  e a Física/Matemática – exatas -, por conta das ciências como a História serem afetadas pela “moral”, ou outras interferências sociais.

P. 198

Marca esta perspectiva, apontando que a História não poderia ser considerada um conhecimento “verdadeiro”, pois é o resultado de diversas interferências, sendo assim dificilmente presa a uma “racionalidade objetiva”. Desta forma talvez o ensino de história se trataria somente da matéria escolar, que teria objetivo de criar valores morais, não necessitando dos alunos uma análise intelectual. Bittencourt ressalta que as práticas de ensino mais recentes revivem parte das abordagens piagetianas , mas utilizam das críticas de Vygotsky, levando em conta variáveis como sociedade e cultura.

P. 199

Bittencourt ressalta para a relação método/conteúdo, a possiblidade de se entender conceitos/conteúdos de diversas áreas utilizando de um mesmo método.

Tempo/espaço e mudança social: conceitos históricos fundamentais

Neste tópico a autora inicia ressaltando a importância do tempo e espaço para a História, “[...] Todo objeto do conhecimento histórico é delimitado em determinado tempo e espaço”. Evidenciando que o espaço deve ser compreendido como uma construção social.

P. 200

Noções de tempo e de Espaço

[...] Há o tempo vivido, o tempo da experiência individual: o tempo psicológico – os acontecimentos agradáveis parecem “passar rápido” e os desagradáveis parecem “durar mais tempo””.  O tempo vivido também o biológico, nesta cultura se dando por anos de vidas, em outras culturas pode ser marcado de outra maneira.  “[...]Este tempo vivido é percebido e aprendido por todos os grupos e sociedades e, evidentemente, está aos dois polos da vida: o nascimento e a morte.”

Bittencourt coloca também o tempo concebido de maneira paralela ao tempo vivido, este sendo organizado e sistematizado de acordo com cada sociedade e sua cultura, tendo o proposito de controlar o tempo vivido e estabelecer diferentes tipos de relação com ele. Ex: tempo cronológico, astronômico e geológico.

P. 201

Ex: Relação Capitalismo “tempo é dinheiro” e alguns indígenas. A autora também realça que o tempo é tratado por diferentes ciências, sendo tratado de forma diferente entre elas.

P. 203

A autora realça dois elementos neste trecho, o primeiro seria a indissociabilidade entre tempo e espaço, “[...] O espaço é um instantâneo tomado sobre o curso do tempo e o tempo é o espaço em movimento”. O segundo é “[...] às reflexões sobre o tempo intuitivo e o tempo apreendido segundo o pensamento formal, que Piaget denomina de pensamento operatório. O tempo intuitivo limita-se ás relações de sucessão (antes e depois) e de duração fornecidas pela percepção imediata, tanto externa quanto interna. O tempo operatório, por sua vez, desenvolve relações de sucessão e de duração por intermédio de operações lógicas. Pode ser métrico (medido por unidades numéricas – ordinal ou cardinal) ou qualitativo, possibilitando, neste ultimo caso, a construção de relações de simultaneidade, sucessão e duração”. Na perspectiva de Piaget é necessária uma maturação biológica para se entender o conceito de tempo, pois seria se “[...] libertar-se do presente”. Neste trecho Bittencourt abre o pensamento do próximo tópico, como a História e os historiadores apreendem o tempo e o espaço?

Historiadores e o tempo histórico

Autora realça que toda escrita histórica se situa em um tempo e espaço especifico

P. 204

Bittencourt frisa que a “[...] História propõe-se reconstruir os tempos distantes da experiência do presente e assim transforma-los em tempos familiares para nós”. Para tal tarefa o historiador perpassa por diversas categorias temporais como, acontecimento, ciclo, estrutura e conjuntura. Sempre visando o tempo cronológico, buscando enredos, sucessão, mudança e permanência dentro de suas durações/períodos, sendo está uma tarefa eterna do historiador, situar os fatos nestas categorias datadas e criar novas. A autora frisa que as mais diferentes culturas buscaram instituir parâmetro temporais, exemplos calendários solar e lunar.

P. 205

Bittencourt realça que o calendário gregoriano se internacionalizou no mundo ocidental pela influencia da igreja e por sua característica de “[...] abranger três dimensões temporais: o tempo cíclico – o ano litúrgico, que possibilita retomar os acontecimentos da fé [...] o tempo evolutivo – a contagem dos anos com base na referencia antes e depois de cristo; o tempo salvacionista – o tempo futuro da ressurreição após a morte, o qual fundamenta a fé cristã e cria valores na relação presente – futuro”. A autora também evidencia as mudanças na contagem temporal para se adequar a noção de tempo capitalista. Bittencourt frisa que os historiadores ocidentais fazem uso do tempo cronológico cristão, e o periodizam e sistematizam em delimitadas épocas de acordo com os fatos dentro deste recorte.

P. 206

Neste trecho a autora inicia uma discussão sobre as criticas a está história que pretende abranger toda a história da humanidade, que organiza o tempo de maneira linear, dando desta forma uma ideia de progresso. Realça para as criticas dos historiadores da escola dos Annales na década de 30 do século passado, que como Jean Chesneaux ressalta, acaba por excluir diversos povos e grupos – principalmente os pobres -, sendo desta forma uma “tabula rasa” da história. Aqui Bittencourt cita Bloch, um dos fundadores da Escola dos Annales, que coloca como a tarefa do historia sendo ir além da ordenação cronologia, ou seja pensar os acontecimentos “ [...] no tempo da duração, que é um tempo continuo, mas também o de  mudança constante. Continuidade e mudança constituem os atributos cuja antítese faz surgir os grandes problemas que o historiador tem de desvendar”.

Bittencourt também cita Fernand Braudel, que realiza uma reflexão sobre a duração, a colocando com fundamento da problemática histórica, realçando seus diferentes ritmos e níveis.  Braudel evidencia três ritmos de duração, o acontecimento – breve duração, um momento preciso -, a conjuntura - média duração, resulta de flutuações mais ou menos regulares dentro da estrutura, exemplo: guerra fria – e a estrutura – longa duração, escapa da percepção dos contemporâneos -. Também evidencia três níveis: culturais, econômicos e políticos, que articulam os fatores distintos que explicam as mudanças sociais.”[...] O primeiro nível corresponde ao acontecimento, geralmente se refere ao plano político acidental ou individual ( forma politica da atualidade). O segundo nível aplica-se a conjuntura das relações de poder e das flutuações da economia. O terceiro se ocupa de movimentos lento da ecologia humana, de comportamentos coletivos mais enraizados e de crenças ideológicas e religiosas, articula-se, por exemplo, à história cultural e das mentalidades”.

P. 207

Além de situar as ações humanos no tempo o historiador também deve situa-los no espaço, os caminhos e as mudanças do espaço fazem parte do conhecimento histórico.

P. 208

“[...] Mapas históricos possibilitam a localização das sociedades em determinados espaços, assim como a verificação das mudanças na sua ocupação”. Entretanto como realça Bittencourt muitos historiadores vem se preocupando em explicar as diferentes formas que o espaço era visto em diversos momentos históricos. Le Roy Ladurie em sua obra evidencia a forma na qual os camponeses viam a terra, como um espaço imediato, utilizando de medidas corporais, como “palmos”. O espaço geográfico “era proporcionado pela percepção da região, do território, da “terra” como espaço maior do que o da casa [...]”.

P. 209

Como Salienta a autora, o espaço era percebido de acordo com as relações que possuíam, comercio, trabalho, casamentos, situações que possibilitavam a aproximação entre diferentes regiões. Segundo Bittencourt também se dava pela relação cultural como o sotaque, ou a própria toponímia. A autora aponta que atualmente os estudos demonstra que não existe um determinismo do meio sobre a humanidade, e sim uma interferência recíproca entre o espaço e as ações dos homens, o que é alvo de estudo de vários historiadores e ambientalistas, estudam como os homens são afetados pelo meio em diversas sociedades.

P. 210

Desta forma indo contra o determinismo do século XIX, tem-se uma nova preocupação, a relação homem e natureza, não mais se vê a sociedade como refém do meio físico. Esta nova perspectiva como ressalta Bittencourt, observa a cultura como agente que prepara e significados usos dos elementos do meio físico, e igualmente percebe-se a necessidade de observar como a natureza influencia na construção histórica das sociedades. Não basta apenas localizar os espaços, agora é necessário entende-los e compreender suas mais diversas relações como o pertencimento a este local, elementos antes ignorados se tornam essenciais para a análise histórica, ou seja compreender como são apreendidos e percebidos esses espaços vividos pelos diferentes grupos sociais.

Tempo histórico e ensino

Segundo Bittencourt uma das maiores dificuldades dos alunos no ensino de história seria localizar os acontecimentos no tempo

P. 211 - 212

Outro fator que a autora evidencia é que acabam por utilizar o tempo cronológico como sinônimo do tempo histórico, e não basta apenas se lembrar de datas, é essencial articular os eventos, e refletir sobre suas datações, por que neste período? Quais eventos vieram antes? E Depois? Os eventos não se dão do nada, são consequências de outros eventos, ou seja não se pode desliga-los um dos outros. Bittencourt realça sobre a aprendizagem do tempo cronológico nas séries iniciais, normalmente vinculada à noção de geração, pais, avós, de um elo próximo tentam explicitar um momento diferente, o que será expandido nas séries posteriores, ampliando a para elementos cada vez mais distantes deles, chegando em diversos tempos e lugares.

P. 213

A autora evidencia para alguns possíveis problemas vindos das periodizações, que muitas vezes acaba por seguir alguma “marca de referência”, como normalmente ocorre no conhecimento escolar que acaba por seguir o padrão eurocêntrico, que exclui muitos povos e culturas dentro de suas periodizações, nesta perspectiva apenas são realçados aqueles os quais são considerados “importantes”, e acaba por deixar de fora da narrativa histórica inúmeros povos. Ex: Idade Média centrada no mundo do cristianismo romano.

P. 214

Conforme Bittencourt se deve criar novas marcas para “[...] estabelecer e organizar a noção de tempo cronológico, sistematizando acontecimentos de acordo com critérios que indiquem temporalidades de diferentes populações”, mesmo que em ritmos e tempos diferentes. Realça também a possibilidade de situar as problema ticas histórica com o tempo presente e assim possibilitar que “[...] estudando “outras realidades temporais e espaciais”, eles possam “dimensionar a sua inserção e adesão a grupos sociais diversificados”.

P. 215

Neste trecho a autora realça da importância da duração para a compreensão do tempo histórico, por meio desta podemos analisar as mudanças, transformações e permanências, além de poder perceber temporalização dos fatos, a qual se restringe entre curta, média e longa duração.

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