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RELATÓRIO: O PLANO E O PANICO

Por:   •  20/11/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.758 Palavras (8 Páginas)  •  310 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO - UFRRJ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ICHS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS - DHRI

CLEIDE DA SILVA

MATRÍCULA 201126048-3

RODRIGO DE SOUZA VIDALETE

MATRÍCULA 201326030-8

WILSON SANTOS DA SILVA

MATRÍCULA 201326037-5

RELATÓRIO DO LIVRO O PLANO E O PÂNICO

SEROPÉDICA-RJ

2015

1- APRESENTAÇÃO DO AUTOR DA OBRA: O PLANO E O PÂNICO

       Este currículo se encontra no site da Universidade de São Paulo. A autora Maria Helena Machado é especialista em história social da escravidão, abolição e pós-emancipação com experiência de pesquisa no Brasil e EUA. Graduada em história pela USP (1979), mestrado (1985) e doutorado (1991) em história social também pela USP. Atualmente é professora titular MS-6 no Departamento de História da USP desde 1996. Foi professora visitante na Universidade de Michigan e Visiting Fellow na Universidade de Harvard. Publicações: Brazil Through the Eyes of William James, 1865-1866. Cambridge: David Rockefeller Center for Latin American Studies/Harvard University Press, 2006 (livro); From Slave Rebels to Strikebreakers: The Quilombo of Jabaquara and the Problem of Citizenship in Late-Nineteenth-Century Brazil, Hispanic American Historical Review, vol 86:2, 2006 (artigo); Travels and Science in Brazil: Charles Darwin, Louis Agassiz and William James, Revista. Harvard Review of Latin America, David Rockefeller Center for Latin American Studies, Cambridge (EUA), Spring, 2009 (artigo); Teremos Grandes Desastres, se não Houver Providências Enérgicas e Imediatas: A Rebeldia dos Escravos e a Abolição da Escravidão, in K. Grinberg e R. Salles, orgs. Brasil Império, 1870-1889, vol III (capítulo de livro). Em 2010, em colaboração com Sasha Huber, organizou o livro (T)Races of Louis Agassiz: Photography, Body, and Science, Yesterday and Today/ Rastros e Raças de Louis Agassiz: Fotografia, corpo e Ciência, Ontem e Hoje. São Paulo: Capacete/ 29° Bienal de Artes de São Paulo, e lançou a segunda edição revista do livro O Plano e o Pânico: Os Movimentos Sociais na Década da Abolição (Edusp). Foi Editora-Coordenadora da Revista de História do Departamento de História da USP de 2002 a 2007 e é membro do Conselho Editorial das revistas: Topoi, desde 2003, El Matadero (Argentina), desde 2008 e Tempo (UFRJ), a partir de 2009, Mujimbo, desde 2010. Atualmente desenvolve projetos sobre a Expedição Thayer (1865-66) e sobre biografias de escravos e libertos.

No livro O Plano e o Pânico (versão modificada da tese de Doutorado apresentada à FFLCH da USP em 1991), a autora Maria Helena Machado vai direcionar sua pesquisa para alguns pontos da história dos movimentos abolicionistas na década de 80, que até então haviam sido desprezados. Com uma abordagem historiográfica mais extensa através da busca por fontes que enriquecessem sua pesquisa como arquivos de cartório, de delegacias, registros de terras doadas a escravos, entre outros, e considerando o silêncio dos discursos oficiais diante do que realmente acontecia nos anos finais da escravatura no Brasil, a autora traz a tona, registros históricos dos sem história, a dinâmica e os mecanismos que introduziram o abolicionismo nas fazendas, as revoltas de escravos na região de Campinas, nas localidades da alta Mogiana Paulista e em vilas do Vale do Paraíba. Maria Helena Machado faz um mapeamento dos conflitos ocorridos bem como o papel social do negro livre, nas palavras dela, dos desclassificados sociais em geral e dos abolicionistas. Reconstituindo as ideias e os movimentos presentes naquele período que fizeram com que esses grupos conseguissem transformar a realidade em que viviam.

2- APRESENTAÇÃO GERAL DA OBRA

     

       O livro foi publicado em 1994 e divide-se em cinco capítulos. No capítulo primeiro -Senhores e Escravos na construção do sonho da terra - A autora vai abordar questões como o tipo de trabalho escravo realizado nas fazendas brasileiras. O dia-a-dia dos escravos e seus senhores, a reivindicação dos cativos pelo reconhecimento de seus direitos bem como a recusa por parte destes ao trabalho em grupo fiscalizado, o que gerava na maioria das vezes em atos de criminalidade contra os senhores e seus feitores, pois, em razão da expansão da produção cafeeira do século XIX, passa a ser exigido dos escravos um ritmo de trabalho cada vez mais intenso. O controle da mão-de-obra escrava não se adequava mais às transformações do período, e em meio a esse ambiente de crise do sistema surgem disputas judiciais no reconhecimento de liberdade de escravos, depoimentos que revelavam a maneira pela qual os mesmos viviam nas fazendas. As condições desumanas eram cada vez mais questionadas. Apesar da insistência em manter as estruturas iniciais do sistema escravista, o desejo de liberdade e de propriedade somado ao apoio dos abolicionistas crescia a cada dia. A autora aponta também para a questão da ocupação de terras pelos libertos, com poucos registros históricos, esses fatos ficaram evidentes somente em casos que foram contrariados interesses maiores, e geraram ações de violência e despejo.

No capítulo segundo - O governo e o desgoverno dos escravos - A autora trabalha com a questão da perda de controle do sistema escravista por parte dos senhores de escravos, pois, se torna evidente o apelo à liberdade e os movimentos empreendidos, a tal ponto que, aos montes, os escravos passam a abandonar as fazendas, com atos de desobediência, revoltas e crimes que passam a fazer parte da realidade do sistema escravista trazendo temor à população e a classe senhorial. Diante dos acontecimentos e com a intervenção da justiça em favor dos senhores de escravos diante dos crimes ocorridos, no final das contas cabia à polícia o enfrentamento da situação de desgoverno dos senhores com os escravos. Não só conter os movimentos de rebeldia dos escravos como também o controle de doenças, pestes e de indivíduos loucos ficava a cargo dos órgãos policiais, que mal aparelhados e com pouco efetivo ficavam impossibilitados de conter a onda de conflitos principalmente no âmbito servil. Apesar de também defenderem os interesses senhoriais, havia a preocupação dos órgãos policias em fazer com que a lei fosse cumprida, o que de fato gerava um desconforto em razão de a opinião pública discordar, em alguns momentos, das arbitrariedades cometidas pelas forças policiais. Machado mostra que quanto à questão da divulgação do que acontecia nesses conflitos, foi fundamental a atuação dos jornais nos casos envolvendo escravos. Mesmo assim, os casos mais alarmantes, eram colocados sob sigilo. Segundo a autora, não só os jornais da época como os trabalhos dos historiadores ficaram limitados quantos aos fatos que realmente ocorreram à época desses conflitos.

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