Resenha O Conquistador - Federico Andahazi
Por: Adegildo Junior • 21/6/2018 • Resenha • 1.600 Palavras (7 Páginas) • 294 Visualizações
A obra que será tratada intitulada “O conquistador” foi escrito por Federico Andahazi. Publicado no Brasil, pela editora Planeta do Brasil em 2007. Classificado como Ficção Argentina. Federico Andahazi é um escritor argentino, nascido em Buenos Aires em 6 de junho de 1963. Escritor do best-seller, o anatomista. Faz parte da escola literária de pós-modernismo.
O livro tem um foco narrativo e descritivo muito grande, o que nos leva a perceber muitos detalhes da vida das populações em suas 262 páginas. Se divide em 3 seções, a primeira com 25 capítulos, a segunda não tendo capítulos e sim se dividindo em um conjunto de cartas, e a terceira contendo 28 capítulos.
O livro trata da história de Quetza, um menino que quando jovem estava destinado a ser entregue em sacrifício a um dos deuses do povo Mexica. Mas, é salvo por um sábio chamado Tepec e por ele adotado. Acompanhando o crescimento do garoto, suas descobertas, sua entrada no Calméac (escola para filhos da nobreza), seu amor pelo mar, e suas aventuras nele, o autor nos descreve com uma riqueza os detalhes da sociedade, da vida cotidiana com muita clareza e sem se desviar da história, o que muitas vezes me levou a questionar até onde era literatura e onde era história.
O livro começa com um ritual de sacrifício em Tenochtitlan, no qual o autor irá não só descrever os eventos ali passados, mas ir além e começar a nos introduzir nas formas de viver e pensar do povo Mexica, descendente dos Toltecas. Nesse ritual quem está prestes a ser sacrificado pelo sacerdote Tapazolli é Quetza, um menino pequeno e doente de apenas dois anos de idade. Ali assistindo está um velho sábio Tepec, que não concorda em nada com os sacrifícios feitos em sua cidade e resolve interceder pelo garoto. O governante Axayácatl acata o seu pedido, mas lhe diz que como Quetza é órfão, agora ele tem a responsabilidade de cuidar do garoto.
Tepec então tem como primeira missão não deixar o garoto morrer da doença que o aflige, tem medo de perder mais um filho tendo já perdido dois para a guerra. Então vai ao mercado e após dias e noites sem dormir ou comer consegue curar o garoto que cresce forte, saudável e inteligente. No capitulo 5 temos uma descrição sobre sua infância, passando também por hábitos comuns a vida infantil nessa cultura, como o começo do trabalho aos 4 anos e a diferenciação de educação entre meninos e meninas. Quetza, passava a maior parte dos seus dias em seu Calpulli brincando com seus amigos Huatequi e Ixaya.
Desde muito cedo demonstrou grande interesse e sabedoria em assuntos relacionados ao mar e a astrologia. Encantava Ixaya com suas explicações sobre o universo e ao crescer percebeu estar apaixonado por ela. Ao completar certa idade Tepec teve que tomar a difícil decisão de enviar Quetza ao Calméac. A transição foi difícil, ele parecia não se adaptar, e era visto com desdém por outros estudantes e ate mesmo sacerdotes, em especial Tapazolli, que guardava rancor por ele ter escapado ao sacrifício. No primeiro ano, houve muito sofrimento, castigos. No segundo ele começa a aprender sobre o calendário, a história dos mexicas, sendo nesse ponto que Andahazi dá uma verdadeira aula sobre a origem do povo Mexica, e a velha lenda da águia e da serpente que deveriam estar pousados sobre um cacto para aí fundarem sua cidade.
Uma tradição aos estudantes era o combate. Primeiro eles assistiam e depois teriam que lutar. Quetza e sua velha rixa com um outro estudante Etheca, sabiam que lutariam entre si como os dois lideres da turma. E assim foi, a turma foi dividida e o combate deveria começar quando um amigo de Quetza que estava no time adversário, se matou dando a vitória ao time de Quetza. Quetza teve piedade de Etheca e se tornou sem dúvida o único líder. Após isso ele se mostra um aluno excepcional, conseguindo até aperfeiçoar o calendário tendo o reconhecimento até mesmo de Tizoc, o novo monarca.
Tudo ia bem, ate que um dia Tapazolli com sede de vingança convence o monarca a sacrificar Quetza mais uma vez. Mas o monarca ouvindo tudo que o jovem lhe falava resolveu não o sacrificar e sim manda-lo a Huasteca território conquistado pelos mexicas era o lugar para onde iam os mal vistos de Tenochtitlan. Lá ele deveria construir uma nau e ir em busca do novo mundo que ele tanto afirmava existir. Mesmo diante de muitos sacrifícios e falta de tripulação Quetza consegue construir seu navio e embarcar com seus marinheiros e seu braço direito Maoni. Encerrando assim a primeira parte do livro.
A segunda parte é composta pelo diário de viagem e cartas de Quetza a Ixaya. É essencialmente uma parte descritiva, dizendo tudo que estão vivendo, terras que vão encontrando, perigos e seus sentimentos. Passaram por grandes perigos como tempestades ao mar e um breve conflito com os chamados canibais. Como o próprio autor descreve após avistarem as terras do chamado novo mundo as anotações começam a ficar mais escassas então muito do que se sabe veio de relatos posteriores.
A terceira parte é repleta de relatos sobre o que eles encontraram após chegarem a terra que eles apelidaram de Tochtlan, “o lugar dos coelhos”, ao que hoje conhecemos como Europa. O choque de contato entre as duas culturas foi imenso, tudo os surpreendia, desde a imagem de Jesus na cruz até os cavalos. Quetza queria conhecer o máximo possível pois seu objetivo era voltar e tomar aquelas terras. Com medo de que esses povos tão gananciosos por ouro descobrissem de onde vinham, passaram a afirmar que vinham do Oriente, terra fruto de bastante cobiça entre eles. Para conseguir o que queria, afirmou conhecer o caminho para as Índias e assim foi tratado com pompa, e recebeu tudo o que precisava levar para sua cidade para entender sobre aquele povo e provar o que havia visto.
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