Resenha The Corporation
Por: Thaís Tenório • 16/1/2017 • Resenha • 554 Palavras (3 Páginas) • 2.630 Visualizações
THE CORPORATION
A música “Homem Primata”, clássico da banda Titãs – que faz parte do álbum Cabeça de Dinossauro, lançado em 1986 – apresenta uma crítica acerca do estado capitalista, o chamado “Capitalismo Selvagem”, fazendo-nos refletir acerca de diversos pontos de nossa sociedade, um deles o progresso destrutivo e desenfreado buscado pelos seres humanos. É essa relação de destruição mutua desencadeada pelo “progresso” que rege o documentário The Corporation (2003). Onde os diretores vasculham os porões do mundo coorporativo, apresentando ao espectador um sistema predador e inescrupuloso, enraizado em nossa sociedade de tal forma tornando-se quase imperceptível.
Lançado em 2003 e dirigido por Mark Ackban, Jennifer Abbott e Joel Bakam, o longa metragem The Corporation, faz uma crítica a entidade empresarial, considerando-a como uma classe de indivíduos, avaliando através alguns exemplos seu comportamento para com a sociedade em geral. Para alcançar este propósito, foram realizadas diversas entrevistas com importantes nomes ligados a debates acerca do capitalismo. Desde Noam Chomsky, e o documentarista Michael Moore – inimigos do sistema – até grandes defensores da iniciativa privada, magnatas das grandes corporações.
O documentário mostra o desenvolvimento dos negócios realizados pelas corporações nas sociedades contemporâneas, considerando-as como uma "pessoa" com direitos constitucionais e com funções públicas específicas. Expõe que o atual sistema de corporação é egoísta, psicótico, fundamentado na satisfação individual imediata. Apesar de a estrutura ser formada por pessoas de “bem”, tal organismo tem suas próprias regras, agindo sem nenhum compromisso com a moral e os direitos básicos da vida, visando apenas a corrida pelo lucro.
Todavia, para compreendermos melhor o assunto abordado, devemos esclarecer o que seria “A Corporação”: tal estrutura tem suas origens na Revolução Industrial, onde a maioria das empresas de alcance mundial desenvolveram-se, tratando-se de um grupo de pessoas unidas por um mesmo objetivo, a construção de ferramentas para a geração de grandes lucros.
A discussão recai sobre diversos temas, sempre norteando a legalidade das operações das corporações. A questão ambiental é um ponto relevante no documentário, onde podemos perceber que apesar da falta de tato, as empresas já davam os primeiros passos para a tentativa de um possível equilíbrio entre lucros e meio ambiente. Outro ponto importante é o quanto o público consumidor, desprovido de informações acerca das empresas que os servem, negligenciam uma série de fatos ao consumir uma marca. Nesse ponto, podemos fazer um paralelo com as aulas de História Econômica Geral e do Brasil, a respeito do fetichismo econômico: mediante a ele, não nos importa saber se o produto foi produzido sobre condições miseráveis, degradando o meio ambiente, e burlando uma série de leis. O objetivo principal é alcançar um status, uma posição social de destaque a partir da aquisição e do consumo de um determinado item.
Em suma, o longa não deve ser entendido como uma profecia apocalíptica, nem de cunho acusador, a procura de um culpado a ser punido. Pelo contrário, ao fim de cerca de 2h e meia de filmagem, The Corporation oferece ao seu espectador uma série de reflexões a respeito do “admirável mundo novo”, que se fundamentalista no consumismo, na futilidade e satisfação imediata de prazeres. Nos fazendo refletir entre tantos outros aspectos, que tipo de sociedade herdara as gerações futuras: será essa sociedade doente, consumista, que beira a desumanidade? Até quando permitiremos que vidas sejam sacrificadas para caprichos serem atendidos?
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