Revoluções Russas
Monografias: Revoluções Russas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: MatheusAleixo • 11/9/2014 • 1.839 Palavras (8 Páginas) • 229 Visualizações
Desde o século XVIII, grande parte do território do Leste Europeu e Ásia fazia parte do Império Russo, cujo regime político se baseava na monarquia absolutista, sendo o chefe de Estado o czar. E enquanto o czar e a aristocracia se beneficiavam de riquezas e privilégios, cerca de 80% da população do Império era formada por camponeses que viviam sob a condição de servos de grandes proprietários de terras, em uma estrutura social semelhante à da Europa feudal.
Ocorreram, entretanto, várias rebeliões organizadas por servos que lutavam por melhorias, questionando o descaso do governo com as condições de vida dos camponeses, sujeitos a fome, doenças e analfabetismo. Até que em 1861 a servidão foi abolida, o que não significou, entretanto, melhorias de vida para a população rural, já que não houve uma nova política efetiva para adequar os antigos servos à nova condição social. Isso acarretou em uma migração massiva de camponeses para as cidades.
O fim da servidão foi parte de um período de grandes mudanças estruturais do Império Russo, pois foi justamente na segunda metade do século XIX que a Rússia passou por um rápido processo de modernização, investindo em indústrias, tecnologia, ferrovias e meios de comunicação. Deu abertura para capitais estrangeiros, oferendo mão-de-obra barata composta pela enorme população de imigrantes camponeses que chegavam às cidades em busca de trabalho. Muitas cidades russas tornaram-se grandes centros industriais, com destaque para Moscou e São Petersburgo.
Mesmo com todas as reformas econômicas e sociais, a maior parte do povo continuava sob péssimas condições de vida, explorados agora por proprietários industriais. Greves e manifestações eram recorrentes nas cidades, geralmente reprimidas severamente pela polícia imperial. Foi nesse contexto de insatisfação crescente que ideias socialistas e anarquistas foram se propagando entre operários e intelectuais descontentes com o autoritarismo do czar e sua política considerada arcaica. Assim surgiram conselhos operários, chamados sovietes.
A força popular crescia e se organizava cada vez mais. Em 1898 foi criado o Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), sob o comando de nomes como Lenin e Trótski. No entanto, divergências internas acarretaram em uma divisão política: os mencheviques, grupo que propunha a tomada do poder sob meios pacíficos através de vias eleitorais e em aliança com a burguesia, e os bolcheviques, ala mais radical que objetivava uma revolução socialista que unisse operários e camponeses na luta contra todo o tipo de dominação, do czar à burguesia.
No início do século XX a Rússia travou um conflito com o Japão disputando o domínio da Manchúria, conflito no qual saiu derrotada. O desfecho da guerra, que trouxe prejuízos ao império, somente contribuiu para elevar o sentimento de revolta no povo, o que desencadeou, em um domingo de 1905, em uma manifestação com mais de um milhão de operários, juntamente com suas famílias, que marcharam pacificamente até o Palácio de Inverno, sede do governo, a fim de apresentar ao czar uma petição reivindicando uma série de fatores que objetivavam melhores condições de vida. No entanto, a multidão foi contida violentamente por soldados com o uso de armas de fogo disparadas à queima-roupa, o que resultou em milhares de mortos e feridos.
Esse acontecimento passou a ser conhecido como Domingo Sangrento, e foi o marco principal dentre as várias revoltas que se espalharam pelas cidades e campos do Império Russo naqueles anos, como a também famosa revolta dos marinheiros do encouraçado Potemkin. Isso tudo se constituiu como a Revolução Russa de 1905, que é considerada o “pontapé” inicial que desencadeou na Revolução Russa de 1917, um ensaio para os acontecimentos decisivos que viriam a seguir.
Sendo assim, podemos considerar que, na verdade, foram várias revoluções que formaram a chamada Revolução Russa, se for considerado tanto a que ocorreu em 1905 como a de 1917, inclusive porque ocorreram dois movimentos revolucionários nesse mesmo ano, um em fevereiro (menchevique) e outro em outubro (bolchevique), sendo o último com os resultados mais determinantes.
Em 1917, ano das principais revoluções, o Império Russo estava envolvido na Grande Guerra, lutando juntamente com os Aliados contra os impérios centrais (Império Austro-Húngaro e Império Alemão) com o objetivo de controlar o acesso do Mar Negro ao Mar Mediterrâneo, além de defender os povos eslavos contra a dominação dos austro-húngaros. Contudo, o despreparo do exército russo somente determinou sua derrota frente à força alemã, resultando em milhões de soldados mortos, além de prejuízos econômicos que afetaram a Rússia em decorrência da guerra.
O povo, que já estava descontente com o governo do czar, viu na guerra um novo motivo para protestar por mudanças. Desde a revolução de 1905 o imperador já desenvolvia medidas que buscavam acalmar a população, como a criação do Duma. No entanto, seu governo autoritário e de descaso com o proletariado não melhorou em nada a situação popular, agravando a insatisfação geral. Com os efeitos negativos da guerra, o povo mais uma vez saiu em marcha, em fevereiro de 1917, rumo ao Palácio de Inverno, agora com o apoio do exército russo. O palácio foi invadido e o imperador se viu obrigado a renunciar.
Primeiramente, foi instituído o governo provisório, comandado por forças mencheviques. Dentre as medidas tomadas pelo novo governo, se destacam a libertação de presos políticos (opositores do antigo czar) e a concessão da liberdade de imprensa. No entanto, o povo continuava em euforia, sobretudo porque o principal anseio popular, a saída da Rússia da guerra, não foi atendido.
Foi em meio a essa efervescência popular que o partido bolchevique, que já era maioria, cresceu definitivamente em sua capacidade de alcance e atuação. Os mencheviques, apesar de terem conquistado o poder, não foram capazes de dialogar com a força popular que ainda agitava as ruas, algo que os bolcheviques, sob a liderança de Lenin, utilizaram como artifício para conduzir sua própria revolução. “O feito extraordinário de Lenin foi transformar essa incontrolável onda anárquica popular em poder bolchevique” .
Sob o lema “Paz, terra e pão”, Lenin defendia a retirada da Rússia da guerra e a redistribuição de terras, propagando a ideia de que o governo provisório também deveria ser deposto para finalmente dar lugar ao povo, “todo o poder aos sovietes”. Em outubro de 1917 foi iniciada uma nova revolução, desta vez com a população às ruas sob o comando de uma força articulada, os bolcheviques. A disputa destes (Exército Vermelho) contra os mencheviques (Exército Branco) culminou na vitória
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