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Teoria Da Historia - Estudo Dirigido

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Por:   •  11/2/2014  •  2.388 Palavras (10 Páginas)  •  749 Visualizações

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Estudo Dirigido – I Unidade

História e Temporalidade

Questão 1.

R – O historiador francês, François Hartog, tem como tema de vários de seus textos a discussão e a análise do conceito de Regime de Historicidade. Segundo ele esse Regime de Historicidade consiste basicamente na forma como o indivíduo enxerga a história, como as pessoas, em determinado momento histórico, relacionam (ou não) o passado, o presente e o futuro.

Para Hartog, a forma como os historiadores pensam e utilizam o tempo é muito influenciada pelo contexto histórico e cultural ao qual o historiador pertence. É a partir disso que Hartog passa a problematizar a ideia de “regime moderno” e “história magistra”, esse último fazendo referência ao regime antigo de historicidade.

Segundo Hartog, a história magistra originou-se no século IV ou V, com Tucídides. Nesse regime de historicidade antigo a relação entre o passado e o futuro era regida por referências ao passado, mas nunca indo além do mesmo. Esse regime viveu seu auge no Renascimento, onde os escritos antigos eram utilizados para criticar a cristandade. Analisando a Mesopotâmia, a Grécia Antiga e a Idade Média, Hartog procura chegar a uma conclusão sobre o término do regime antigo. Apesar de não ser uma questão simples, atribui-se o “fim” da história magistra no momento da criação do regime moderno, em 1789.

O regime moderno se difere muito do regime antigo. De acordo com Hartog, esse regime resume um período em que o ponto de vista do futuro domina, onde a história positivista domina. Essa ideia estava muito ligada ao momento pelo qual a sociedade da época estava passando. Muitas transformações que facilitavam a vida da população estavam ocorrendo. Cura para doenças, empregos, novas tecnologias, enfim, a sociedade caminhava para o progresso. Mas, com a explosão da Primeira Guerra, juntamente com uma crise profunda, o regime moderno passou a ser questionado. Daí passou-se a atribuir o fim do regime moderno. Mas terminou ocorrendo o processo inverso. Depois de ser posto em dúvida, o regime moderno terminou se fortalecendo. O pensamento de progresso passou a abrigar o pensamento das pessoas novamente. Segundo Hartog, ideias como reconstrução, modernização e até mesmo revoluções ajudaram a fortalecer novamente o regime moderno.

Mas com a queda do muro de Berlim, em 1989, tem-se também a queda do regime moderno, que passa a dar lugar ao presentismo. No presentismo o momento histórico que mais tem importância é o presente. Como pensa Hartog, é o tempo da aceleração e da desaceleração, o tempo do instantâneo.

Questão 2.

R - A problematização do tempo exposta pelo historiador francês François Hartog em passagens da entrevista publicada no número 10, de dezembro de 2012, da Revista de História da Historiografia está em sintonia com o conceito de regimes de historicidade apresentado e debatido por este pensador, o qual consiste em reconhecer e compreender como se opera dentro de um contexto histórico e social a articulação entre passado, presente e futuro, ou seja, as três categorias do tempo com as quais se deparam os homens e que define a própria percepção social de tempo (histórico) e, por conseguinte, a ação política no tempo.

A emergência de um novo regime de historicidade no ocidente a partir de 1989, com a queda do muro de Berlim, símbolo da derrocada de uma alternativa ao capitalismo, caracteriza-se, segundo Hartog, pela predominância do presente na articulação desta tripartição, ao que chama de presentismo. Esse novo regime de historicidade difere do futurismo característico do regime de historicidade moderno, vigente segundo Hartog de 1789 a 1989, no qual a hegemonia do futuro, associado à ideia de progresso, na relação entre as três categorias do tempo determina a construção do passado, ou seja, onde cabe ao futuro esclarecer o passado, não mais o passado como esclarecedor do futuro, como na historia magistra.

O presentismo, nas palavras de Hartog,

“é o tempo do instantâneo, do imediato, da circulação generalizada, da rapidez das trocas, da mobilidade, em todos os sentidos do termo, mas é também o tempo da desaceleração, é também o tempo de todas essas pessoas que estão na incapacidade de encontrar os meios da sua sobrevivência, todos os imigrantes, todos os desempregados, todos os jovens, particularmente na Europa, que não encontram trabalho, que vivem no que o sociólogo Robert Casel (1933-...) define como précariat. Ou seja, passa-se de uma situação precária, que normalmente não dura muito, a uma situação chamada précariat, que é justamente alguma coisa na qual nós nos instalamos. A précariat tem por consequência imediata que todos os projetos são interditos. Projeto no sentido etimológico, isto é, poder se projetar em direção ao futuro, poder dizer ‘eu vou comprar um automóvel’ ou ‘eu vou alugar um apartamento’. Tudo isto fica interdito” (Revista de História da Historiografia, 2012).

No presentismo, o presente é visto como único horizonte. O presentismo é o tempo em que não há nada além do evento.

Na entrevista, o autor crê que a crise do capitalismo em evidência a partir de 2007/2008 e que se expressa através de contornos financeiros, contribui à confirmação do diagnóstico sobre a problematização do tempo levantado em 2003, quando da publicação de Regimes d’historicité. O presentismo se expõe como característica fundamental deste capitalismo contemporâneo, dos últimos 20 anos, dominado pelo capital financeiro, que nas palavras de Chesnais, economista francês, François como Hartog, “perdeu a paciência de passar pela produção”. O imediatismo, o instantâneo, é o imperativo deste novo regime de historicidade e ao não transitar pela produção o capital financeiro está livre à reprodução imediata, instantânea.

A partir desta percepção é possível compreender porque, segundo Hartog, apesar de caracterizado pela “circulação generalizada”, pela “rapidez das trocas”, sobretudo dos fluxos financeiros, o presentismo também é o tempo da desaceleração, no sentido de que o presentismo se caracteriza pela incapacidade das pessoas de encontrar os meios da sua sobrevivência, fundamentalmente de encontrar trabalho, simplesmente porque não há trabalho. E sem trabalho não se pode projetar em direção ao futuro. Por isso, vive-se permanentemente no presente, na condição de précariat.

Questão 3.

R - O

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