UM CASO INDIO GALDINO
Por: marilais • 15/8/2015 • Trabalho acadêmico • 926 Palavras (4 Páginas) • 447 Visualizações
CASO INDIO GALDINO
No dia 20 de abril de 1997 cinco jovens de classe média em Brasília escolhiam uma forma inusitada e cruel de se divertir durante a madrugada, depois de uma festa com os amigos. Planejaram com calma por cerca de duas horas, trocaram de carro para não serem identificados, pararam em uma rua paralela, buscaram gasolina em vários postos de combustível e dividiram as ‘tarefas’ igualmente.
A brincadeira? Foi atear fogo em um índio que estava dormindo num ponto de ônibus.
Galdino Jesus dos Santos, 44 anos, do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, do estado da Bahia tinha ido para a Capital com uma delegação de oito lideranças de seu povo, com o objetivo de buscar apoio para as suas reivindicações no sentido de recuperação do território, invadido por muitos fazendeiros. Neste dia chegou tarde das reuniões na pensão onde estava hospedado e a dona da pensão se recusou a abrir a porta para ele. Resolveu então dormir num ponto de ônibus que encontrou.
Por volta das cinco horas da manhã Galdino acordou completamente em chamas. Foi socorrido por jovens que voltavam de uma festa e levado para o hospital. Teve queimaduras em 95% do corpo, entrou em coma e logo faleceu.
Cometido o crime, os rapazes fugiram e foram para casa dormir, como se nada tivessem feito, mas um outro jovem que passava por ali, um chaveiro, anotou o número da placa do carro e os entregou à polícia.
Os rapazes foram reconhecidos, presos e condenados a 14 anos de prisão, mas a lei brasileira garantiu que ficassem apenas oito anos na cadeia — e com direito a várias regalias.
Para justificar o crime bárbaro, os rapazes alegaram que acreditavam ser um mendigo e resolveram "brincar" com ele. - “Não sabíamos que era um índio, pensávamos que era só um mendigo.”
Dos cinco envolvidos no crime contra o índio Galdino, um deles era menor de idade na época e foi encaminhado para o centro de reabilitação juvenil do Distrito Federal, ficou internado na unidade por três meses, mesmo tendo sido condenado a um ano de reclusão.
Cumpriram seis anos em regime fechado e dois anos em regime semiaberto. Em 2004 ganharam liberdade condicional terminando a pena em 2010.
Hoje, 18 anos depois do crime que chocou o país, os garotos "estão muito bem e reconstruíram suas vidas", um deles chegou ate ser aprovado na última fase do concurso público para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2014/04/24/interna_cidadesdf,424434/jovem-envolvido-no-assassinato-do-indio-galdino-sera-policial.shtml
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL23764-5598,00.html
http://www.gabrielasoudapaz.org/memorial/34-Galdino-Jesus-dos-Santos.htm
Negros da Terra
O livro Negros da Terra - Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo de John Manuel Monteiro, propõe resgatar o papel central que os indígenas desempenharam na história de São Paulo durante os séc. XVI e XVII e desconstruir a idéia de que os bandeirantes paulistas que contribuíram para alargar e povoar o território brasileiro, pelo contrário apenas ajudaram com a devastação de inúmeros povos nativos. Nos mostra também que os nativos foram participantes ativos e conscientes de uma história que foi pouco generosa com eles. John Monteiro Localizou muitos documentos desconhecidos e até então inexplorados, criando as condições para "repensar, de forma crítica, tanto o passado quanto o futuro dos povos indígenas neste país".
Os indígenas eram objetos de cobiça a fim de catequizá-los e explorar o trabalho desses nativos nas aldeias causando vários desentendimentos entre os povos que queriam ficar com sua mão de obra. Os interesses da Coroa eram o desenvolvimento da Colônia e uma crescente força de trabalho indígena aumentando assim a produção e o transporte excedente na área agrícola.
Os portugueses tentaram impor diversas formas de organização do trabalho aos indígenas e, em contrapartida, defrontaram-se com atitudes inconstantes que oscilaram entre a colaboração e a resistência.
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