Uma experiência no Colégio Estadual João das Botas

INTRODUÇÃO:

O relatório apresentado diz respeito às observações às aulas de História, feitas no Colégio Estadual João das Botas no período de abril a maio de 2016, que pretende compartilhar os resultados e as experiências adquiridas ao longo do período observado. O objetivo dessa atividade de observação da prática docente é analisar as interações que são construídas entre o professor, alunos e os conteúdos trabalhados em sala de aula, de modo que sirva como aprendizado para aqueles que cursam licenciatura e desejam se preparar para enfrentar os desafios de uma carreira profissional como professor.

Por meio deste relatório é possível refletir sobre didática, metodologia e práticas de ensino de história. O trabalho vem pretendendo avaliar a prática docente relacionando com o material teórico trabalhado ao longo do curso em Didática e Práxis Pedagógica em História I, apresentando e discutindo a questão da identidade e do fazer docente, de modo que seja possível compreender algumas longas distâncias entre o universo teórico e o prático, que acompanham a jornada de aprendizado do ser e estar na profissão de professor de história.

Visando apresentar o melhor resultado dessa experiência, analisando a questão do pensamento teórico e crítico sobre a formação e a atuação do professor/educador, ao final encontram-se algumas reflexões e sugestões para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da prática pedagógica tanto nos processos de formação do profissional como no processo de formação continuada, pois o professor deve ser entendido como um ser em permanente construção, produzido pelas condições sociais do lugar e do tempo em que atua e vive.

OBSERVANDO A ESCOLA:

O Colégio observado está situado no Morro do Gavazza, uma comunidade do Calabar, nas proximidades da Barra, Salvador-Ba. São ofertadas 337 vagas de alunos matriculados no Ensino Fundamental - Séries Finais: e 284 para alunos do ensino médio. Esse quadro é composto por estudantes de baixa renda, que residem no Calabar e nas suas proximidades.

RELATO DAS OBSERVAÇÕES DA PRÁTICA DOCENTE:

ATIVIDADE I – Estive presente na escola dia 29 de abril de 2016 para observar duas aulas de história na turma do 2º ano B, no turno da manhã. Ao ser meu primeiro dia ali presente na sala de aula, a professora regente, Nina Rosa Marcon Casagrande me apresentou aos alunos e em seguida expliquei que assistiria ás aulas de história com eles num determinado período para observar a prática docente da professora. Neste dia estavam iniciando a segunda unidade do ano letivo e começaram acompanhando o livro didático num assunto sobre Colonizações. A professora deu uma aula expositiva sobre a presença dos ingleses e espanhóis na América e em seguida foram discutidas questões acerca da conquista espanhola.

ATIVIDADE II – Estive presente na escola mais uma vez, dia 06 de maio de 2016 para observar duas aulas de história na turma do 2º ano B, no turno da manhã. Neste dia, o tempo das aulas foi reduzido por falta de funcionários que fazem a merenda escolar, a justificativa foi a falta de pagamento aos funcionários, portanto sem merenda os alunos foram liberados mais cedo. Ainda assim, com tempo reduzido foi possível da continuidade ao assunto. A professora sugeriu uma leitura coletiva no livro didático e trabalhou com a ideia de “Como poucos venceram muitos?” para explicar a resistência indígena aos colonizadores espanhóis.

ATIVIDADE III – Estive presente novamente na escola no dia 13 de maio de 2016 para fazer a observação de duas aulas de história na turma do 2º ano B, no turno da manhã. Ainda com os horários de aulas reduzidos, também pelo mesmo motivo citado acima, foi possível observar a atuação da professora outra vez. Neste dia, foi trabalhada a leitura de um texto no livro didático, e aula expositiva sobre a ocupação da América Inglesa.

METODOLOGIA DE ENSINO:

O livro didático, como sempre, é o guia do professor. Uma das observações mais recorrentes é que professores, metodologicamente seguem as coordenadas do seu manual. O livro didático que está em vigor no Colégio Estadual João das Botas é uma nova coleção que vale de 2015 a 2017, de Alfredo Boulos Junior – História, Sociedade e Cidadania. Um livro bastante desenvolvido e atualizado, com recursos super. didáticos. Contendo questões dos mais importantes exames nacionais. Ao longo da coleção foram sugeridas várias atividades, entre elas, o passo á passo para a criação de um blog da turma, sugestões de filmes e dicas de documentários de curta duração referentes a cada capitulo, que de certo modo acaba sendo uma alternativa para o desafio de mobilizar os alunos a desenvolverem o conhecimento de maneira mais atraente. Além dos recursos oferecidos pelo livro didático, há um esforço da professora em incluir em seus planos de aulas, opções metodológicas que facilitam o processo de transmissão do conteúdo, com o uso de imagens, obras de ficção, artigos de jornais, indicações de alguns programas de TV, que trazem o conhecimento de forma mais dinâmica e flexível. Porém há dificuldade de executar o que foi planejado por falta de estrutura no ambiente de exposição das aulas e também do colégio como um todo.

Espero que os professores, assim como eu, futuramente, estejam dispostos a estar continuamente desenvolvendo no dia a dia, na sala de aula, ou em qualquer espaço social, uma atitude de questionamento, de reflexão, de experimentação e interação que de certo modo venha promover mudança. Impulsionando seus questionamentos até ir rompendo com práticas formativas, que simplesmente seguem os parâmetros fixos e predeterminados pelo sistema nacional de ensino, como por exemplo, o livro didático, que tendem a tirar dos professores o poder de agir como sujeitos produtores de conhecimento.

ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES:

Com base nos estudos realizados ao longo do curso em Didática e Práxis Pedagógica em História l, pude analisar que o terreno da teoria em muitos momentos se desagrega da pratica, de modo que nem sempre é possível colocar em prática aquilo que se faz num plano de aula. A turma observada foi uma turma de 2º ano do ensino médio, portanto já são adolescentes mais maduros e em grande maioria desmotivados. Sei que cabe aos professores uma parcela majoritária na tentativa de motivá-los a querer obter conhecimento, mas percebi que já existe uma desmotivação muito grande da parte do professor.