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A FORMAÇÃO DO SUJEITO LEITOR NO AMBIENTE ESCOLAR: ANÁLISE DA ESCRITA DE ALGUNS FRAGMENTOS DE TEXTO

Por:   •  19/3/2017  •  Artigo  •  6.129 Palavras (25 Páginas)  •  434 Visualizações

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A FORMAÇÃO DO SUJEITO LEITOR NO AMBIENTE ESCOLAR: ANÁLISE DA ESCRITA DE ALGUNS FRAGMENTOS DE TEXTO

Daniel Luis Aparecido Santos ¹

INTRODUÇÃO

O presente trabalho discute questões relacionadas à leitura e escrita de alunos de uma escola pública e, como esses indivíduos se constroem nos processos mencionados anteriormente, haja vista que se tem notado certo desinteresse pelos alunos no que se refere a questões ligadas à leitura e escrita.

Muitos alunos não são estimulados a ler e escrever com muita frequência, o que faz com que os mesmos não sintam prazer em ler e escrever. Nesse sentido, tem-se uma [1]concepção negativa sobre a leitura e a escrita no Ensino Médio, pois muitos encontram dificuldades. Quando se trata de leitura e escrita, há que se retomar os diversos textos de diferentes esferas sociais, retornando a concepção de língua como forma de interação verbal, proposta por Bakhtin (2010).

 No movimento de interação social, os sujeitos constituem os seus discursos por meio das palavras alheias de outros sujeitos e, ao mesmo tempo, geram as réplicas ao dizer do outro, que, por sua vez, vão mobilizar o discurso desse outro, e assim por diante. De tal modo, espera-se que alunos leiam e escrevam os gêneros textuais/discursivos que são propostos pela escola.

Perante esses fatos, foi realizado um trabalho com alunos de uma escola publica, dando destaque, às atividades de leitura e escrita de crônicas. Logo após foi feita uma análise dos testos dos alunos, com enfoque em suas subjetividades como leitores e escritores. Tem-se a ideia pré-concebida de que um aluno que tem conhecimentos básicos para produzir um bom texto é por que ele lê muito.

A partir do tema acima, surgiram às seguintes questões: Como se dá a constituição do sujeito leitor no ambiente escolar? Qual a importância da leitura para uma melhor escrita?

Tendo como hipótese de que o sujeito se constitui pela fala e pela escrita, a leitura é importante para melhorar o vocabulário do aluno e ela traz novos conhecimentos, traz a possibilidade de expressar pensamentos e sentimentos, abre um leque infinito de probabilidades, além, é claro, de ajudar a desenvolver uma ótima escrita e um falar mais enriquecido, pois se percebe que quem muito lê fala melhor.  Como aportes teóricos têm-se: Bahktin (2010), Manguel (1997), Kleiman (2003), entre outros.

1 A LEITURA E A ESCRITA: CONCEITOS E PRÁTICAS

A leitura e a escrita são conceitos que podem variar de acordo com aquilo que se quer dizer em um dado momento. Nesse sentido, Ferreiro (2002, p 13) afirma que “Ler e escrever são construções sociais. Cada época e cada circunstância histórica dão novos sentidos a estes verbos”. Assim, é preciso refletir sobre tais conceitos, uma vez que não são atividades homogêneas e deixaram de ter um sentido único na atualidade.

Desse modo, a pesquisa em questão busca abordar a leitura e a escrita do ponto de vista do sujeito, de forma que suas subjetividades são, de algum modo, colocadas à tona quando o sujeito escreve. Sabe-se que a leitura e a escrita são a base para a formação do sujeito, para que o mesmo seja um bom profissional e se torne indivíduo ímpar, de modo a aprimorar o seu senso crítico.

1.1 O QUE É LEITURA?

Conforme Solé (1998, p.22) “a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; neste processo tenta-se satisfazer [obter uma informação pertinente para] os objetivos que guiam sua leitura.” Desse modo o leitor interage com o texto de forma a buscar o que lhe interessa em cada esfera social e fazer uso dos conhecimentos adquiridos nesse processo.

Para Koch (2008) a leitura deve ser visualizada de acordo com o foco que se deseja, a saber: foco no autor, foco no texto e foco na interação autor-texto-leitor. Assim, vai depender dá concepção de língua que o sujeito tem ou que o professor transmite.

Quando a leitura tem foco no autor, de acordo com Koch (2008, p.09) tem-se “a concepção de língua como representação do pensamento e sujeito psicológico, individual, dono de suas ações”. Dessa maneira, o sujeito constrói a representação daquilo que ele deseja e acredita que seu interlocutor a entenderá como tal.

A autora Isabel Solé (1998) fez uma classificação dos objetivos de leitura. Segundo a mesma, tal classificação não tem validade para todos os leitores, mas pode servir como norte para os professores de Língua Portuguesa, ou que trabalham com a leitura em suas aulas. Desse modo, segue um quadro sistematizado sobre tais objetivos.

Quadro 1 - Objetivos da leitura do ponto de vista de Solé

Quadro explicativo sobre os objetivos da leitura

Objetivos da leitura

Momentos em que ocorre

Obter informação precisa

Localizar algum dado interessante.

Seguir instruções

Permitir fazer algo concreto.

Obter informação de caráter geral

Saber de que se trata um texto.

Aprender

Ampliar os conhecimentos.

Revisar um escrito próprio

Leitura crítica do que escreveu.

Prazer

Envolve emoções.

Comunicar um texto a um auditório

Transmitir uma mensagem a um público

Praticar em voz alta

Ensino de leitura

Verificar o que se aprendeu

Uso escolar, compreender o que leu.

Fonte: Elaborado pelos pesquisadores com base em Solé (1998)

Nesse quadro demonstra que os objetivos da leitura determinam como o leitor se coloca frente a cada um e podendo seguir qual objetivo será necessário para uma determinada leitura.

De acordo com Manguel:

ler é cumulativo e avança em progressão geométrica: cada leitura nova  baseia-se no que o leitor leu antes. Comecei fazendo suposições sobre as histórias que Borges escolhia para mim – que a prosa de Kipling seria afetada, a de Stevenson infantil, a de Joyce ininteligível -, mas logo o preconceito deu lugar à experiência, e a descoberta de uma história deixava-me na expectativa de outra que, por sua vez, era enriquecida com as lembranças das reações de Borges e das minhas. (1997, p.33)

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