A Noiva
Tese: A Noiva. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: guedesdias • 20/10/2014 • Tese • 10.415 Palavras (42 Páginas) • 331 Visualizações
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A Noiva
JULIE GARWOOD
(LIVRO 3 DA SÉRIE THE ENGLISH BRIDES)
Revisado por Isabela
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PRÓLOGO
Escócia, 1100.
A vigília acabara.
Por fim, a mulher de Alec Kincaid iria ao seu descanso final. O tempo estava tão sombrio como os semblantes dos escassos membros do clã reunidos ao redor da sepultura no topo do rochedo árido.
Helena Louise Kincaid não seria depositada em terra sagrada, pois a jovem esposa do poderoso caudilho havia disposto de sua própria vida e, portanto, estava condenada a descansar fora do cemitério cristão. A Igreja não permitia que o corpo de uma pessoa que cometera um pecado mortal descansasse em solo bendito. Os chefes da Igreja consideravam que uma alma corrupta era como uma maçã podre, e era impossível considerar a possibilidade de que esse espírito manchado contaminasse os puros.
Sobre os homens do clã caía uma chuva intensa. O corpo, envolto no manto dos Kincaid, vermelho, negro e da cor das urzes, gotejava água e parecia pesado quando o depositaram dentro do caixão novo de pinheiro. O próprio Alec Kincaid se ocupou de fazê-lo. Não permitiria que ninguém tocasse sua esposa morta.
O padre Murdock, o ancião sacerdote, permanecia de pé a respeitável distância dos outros. Não parecia sentir-se muito à vontade por não ter celebrado a cerimônia
habitual: não existiam preces destinadas aos suicidas. Por outra lado, que consolo poderia oferecer aos presentes, se todos sabiam que Helena ia para o inferno? Era a própria Igreja quem decretara esse penoso destino. O único castigo para o suicídio era o fogo eterno.
Não foi fácil para mim. Estou de pé junto ao sacerdote com expressão tão grave como as de todos os outros membros do clã, e também elevo uma prece, mas não por Helena. Não, dou graças ao Senhor por ter completado enfim minha missão.
Helena demorou muito a morrer. Tive que suportar três dias completos de agonia e de suspense, e rogar que não abrisse os olhos nem dissesse a horrível verdade.
Ao negar-se a morrer imediatamente, a noiva d’O Kincaid submeteu-me a uma dura prova; claro que o fez para obrigar-me a arder por dentro. A tortura terminou quando por fim tive a possibilidade de asfixiá-la apertando sobre seu rosto o manto dos Kincaid. Não levou muito tempo, e Helena, já muito fraca, quase não opôs resistência.
Deus, que instante de satisfação! Embora minhas mãos estivessem suadas, pelo temor de que me descobrissem, ao mesmo tempo a excitação fez correr um estremecimento por minhas costas.
Cometi um assassinato sem que me descobrissem! Como me orgulho de minha audácia! Mas sei que não posso dizer uma palavra, e tampouco me atrevo a revelar a alegria no olhar.
Agora observo Alec Kincaid. O marido de Helena está de pé junto à cova da sepultura. Tem os punhos apertados de cada lado do corpo e a cabeça inclinada
e me pergunto se ele sofre ou se enfurece pela morte pecaminosa de sua esposa. Não é fácil saber o que passa por sua mente, pois ele sempre consegue ocultar suas emoções.
Na realidade, não importa o que sinta neste momento. Passado certo tempo, ele superará a morte da esposa. E eu também preciso de tempo, antes de desafiá-lo pelo meu lugar de direito.
Subitamente, o sacerdote tosse com um som rouco e doloroso que volta minha atenção para ele. Tem aaparência de quem deseja chorar, e o observo até que recupera a compostura. Então começa a menear a cabeça e eu sei o que está pensando: a idéia está impressa em seu rosto e qualquer um pode vê-la.
A mulher d’O Kincaid envergonhou a todos.
Que Deus me ajude; não devo rir!
CAPÍTULO UM
Inglaterra, 1102.
Dizia-se que ele havia assassinado a sua primeira esposa.
Papai afirmou que, possivelmente, a mulher merecia a morte. Foi infeliz ao fazer semelhante afirmação diante das filhas, e o barão Jamison compreendeu a estupidez no mesmo instante em que as palavras brotaram de sua boca. Certamente, muito em breve lamentaria esse comentário tão pouco piedoso.
Agora, três das filhas do barão tinham levado a sério o espantoso rumor referente a Alec Kincaid e, por outro lado, não lhes importava muito a opinião de seu pai a respeito. Agnes e Alice, as filhas gêmeas do barão, soluçaram com força e em uníssono, segundo um costume irritante que tinham, enquanto que a outra irmã, Mary, de caráter mais doce, rodeou
com passo ágil a mesa longa do imenso salão, para onde o pai se retirara, confuso, bebendo uma taça de cerveja e procurando recuperar a calma. No meio do ruidoso coro das gêmeas, Mary intercalou uma série de observações escandalosas sobre o guerreiro das Terras Altas, que chegaria ao lar dos Jamison em apenas uma semana.
Querendo ou não, Mary provocou nas gêmeas uma onda de resmungos e bufos. Era suficiente para acabar até com a paciência do próprio demônio.
O pai tentou defender o escocês e, como só tinha ouvido comentários funestos e irrepetíveis com respeito ao caráter sombrio daquele homem, viu-se obrigado a inventar as observações favoráveis.
Mas tudo foi inútil.
Simplesmente um esforço vão, pois as filhas não prestavam a menor atenção ao que dizia. “Nada de novo”, reconheceu com um grunhido e um sonoro arroto, “pois meus anjos nunca se interessam por minhas opiniões”.
O barão não tinha a menor habilidade para acalmar suas filhas quando ficavam assim, e até aquele momento essa incapacidade não o preocupara absolutamente. Mas agora parecia fundamental impor-se, já que não queria ficar como um idiota diante dos visitantes, escoceses ou não, e se suas filhas continuassem ignorando suas ordens, era exatamente o que iria parecer.
O barão bebeu outro gole de cerveja e se armou de coragem. Deu um murro sobre a mesa de madeira para chamar a atenção e afirmou que todas essas afirmações sobre
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