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Resumo Noiva do Cordeiro

Por:   •  25/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.945 Palavras (8 Páginas)  •  4.252 Visualizações

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Noivas do Cordeiro

Márcio Oldack Silva

RA: 1710318

Psicologia Comunitária e Institucional - Profª Ms. Karla Ribeiro

SÍNTESE

Relação de irmandade, educação, companheirismo, exercício do amor são alguns dos pontos observáveis na Associação Comunitária Noiva do Cordeiro, e demonstrados no documentário. A alegria também é um dos ingredientes que não falta no dia-a-dia dos seus moradores. Mas uma ferida na alma ainda não foi cicatrizada por muitos que viveram uma triste história, marcada por preconceito, difamação e discriminação.

O documentário realizado por Alfredo Alves, e veiculado em 2013 pelo canal de TV GNT, mostra a história deste povo que cresceu ao redor de um casarão, em um distrito da cidade de Belo Vale, no estado de Belo Horizonte.

Em 1890, Maria Senhorinha de Lima e Artur Pierre se casaram. Alguns anos depois, o casal não teve filhos e a união ficou cada vez mais distante. Maria conheceu Chico Fernandes, um homem solteiro, que atraiu-lhe e com quem iniciou uma relação extraconjugal, que resultou em uma gravidez não esperada.

Determinada a enfrentar as consequências do seu amor por Chico Fernandes, Maria abandonou o seu esposo e foi morar com a sua irmã, e posteriormente mudou-se junto com o pai do seu primeiro e futuros oito filhos em um casarão, habitado pelos seus familiares até os dias atuais.

Mesmo casada e mãe de nove filhos, Maria Senhorinha era sinônimo de prostituta, por morar com um homem sem a bênção da Igreja Católica, entidade muito mais conversadora naquele tempo, que chegou até dar a excomunhão para o casal e as suas próximas quatro gerações.

Em 1940, Maria Senhorinha e Chico Fernandes já possuíam uma grande família, que deu origem a uma comunidade.

Na região havia chegado um Pastor, Anísio Pereira, de 43 anos, com quem se casou com Delina, de 16 anos, uma das mulheres pertencentes à família de Maria e Chico. O pastor foi também morar na comunidade, batizada de Noiva do Cordeiro, nome esse originado da Igreja evangélica implantada por Anísio naquele local.

Todos da comunidade foram convertidos ao protestantismo, e seguiam à linha as regras mais severas impostas pelo Pastor Anísio.

A discriminação que a comunidade já tinha aumentou, pois toda a população das cidades e comunidades ao redor de Noiva do Cordeiro era católica, e os próprios padres difamavam os evangélicos.

Por causa das rudes regras, os homens deixaram até de trabalhar, dando início a um período de muito sofrimento e miséria.

Após alguns anos, os fiéis foram deixando de frequentar a Igreja Noiva do Cordeiro. Uma das causas que motivou isso foi quando durante um casamento os convidados começaram a dançar, coisa que era extremamente proibida. Até o ato de ouvir música era impedido pelo pastor.

Em 1990, em Noiva do Cordeiro, local regido pela matriarca Dona Adelina, filha de Maria Senhorinha, a religião foi abolida, apesar da fé que cada um carregava consigo. Com isso, o casamento parou de ser imposto pelos pais. Quem se amava, se unia, sem a formalidade de papéis ou evento.

Viver em comunidade, não ter uma religião e não formalizar o casamento fizeram com que o preconceito aumentasse.

Nas escolas, nos postos de saúde e até nos hospitais, os moradores de Noiva do Cordeiro eram excluídos. As mulheres eram rotuladas como prostitutas pelos moradores de outras comunidades.

Para ajudar na renda da comunidade, os homens começaram a trabalhar em Belo Horizonte, e voltavam para os braços de suas famílias todos os fins de semana. Isso era outro fator que fazia as "fofocas" aumentassem, junto com o preconceito.

Mais de cem anos se passaram, Noiva do Cordeiro passou a ser uma Associação Comunitária. Benefícios começaram a chegar ao local, sendo a primeira comunidade rural de Minas Gerais a conquistar uma escola de informática. Isso fez com que chamasse a atenção da mídia, que através da veiculação de matérias sobre Noiva do Cordeiro trouxe respeito à comunidade.

Noiva do Cordeiro teve a sua primeira representante no legislativo do município de Belo Vale, trazendo mais notoriedade à comunidade.

A instalação de uma fábrica de costura foi outro grande passo. As mulheres uniram as suas máquinas e começaram a produzir tapetes e lingeries, que hoje são vendidas em diversas lojas.

A quinta geração da família de Maria Senhorinha e Chico Fernandes já vive sem a maldição imposta pela Igreja Católica. Os mais de 300 membros de Noiva do Cordeiro são respeitados e possuem os mesmos direitos de qualquer outros habitantes da região. Os anos se passaram, mas a vida em comunidade permaneceu, se enraizou.

Hoje, a felicidade e, o mais importante, a paz reinam em Noiva do Cordeiro.

ANÁLISE

Durante a maior parte dos mais de 100 anos de existência da comunidade Noiva do Cordeiro, os problemas fizeram parte da sua população. A discriminação e a difamação tiraram todos os direitos dessas pessoas, como o à liberdade de opinião e de expressão, à educação, à saúde, entre outros.

Sem o apoio de um psicólogo comportamental e até mesmo do governo, o jeito que os membros da comunidade usaram para se sobreviver foi o da perseverança, em acreditar que um dia tudo aquilo iria modificar e que eles seriam vistos como seres iguais aos demais.

Os trabalhos de psicologia comunitária enfatizam sobretudo a ética da solidariedade, os direitos humanos fundamentais e a busca de melhoria da qualidade de vida da população focalizada. Ou seja, questiona-se a visão da ciência como atividade não-valorativa, e assume-se ativamente o compromisso ético e político. Em termos éticos, busca-se trabalhar no sentido de estabelecer as condições apropriadas para o exercício pleno da cidadania, da democracia e da igualdade entre pares. Em termos políticos, questionam-se todas as formas de opressão e de dominação, e busca-se o desenvolvimento de práticas de autogestão cooperativa. (BOMFIM, 1987).

Mesmo sem o aprendizado transferido e ensinado por profissionais, a comunidade conseguiu se manter em uma harmonia interna. Funções domésticas são designadas a cada membro, que ocupam cargos de acordo com as suas vocações. O papel de matriarca também é divido entre o de diretora/presidente, na qual postula as regras, que são colocadas em prática em comum acordo. Com isso, vê-se uma hierarquia estruturada naturalmente, onde o respeito e a lealdade mútua fazem com que a comunidade prospere cada dia mais.

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