A Pesquisa Sociolinguística
Por: André Luís • 26/7/2022 • Pesquisas Acadêmicas • 2.902 Palavras (12 Páginas) • 172 Visualizações
A obra “A Pesquisa Sociolinguística”, foi escrita por Fernando Tarallo 1 na
década de 90 e publicada pela Editora Ática na série “Princípios” em 1997. Tem por
objetivo conferenciar o método de pesquisa em Sociolinguística — como o próprio
título antecede —, com base nos estudos do linguista estadunidense William Labov 2 ,
um dos principais expoentes da área. O livro oferece aporte teórico/metodológico,
explica conceitos básicos desde o que é pesquisa em sociolinguística, termos
específicos que são usados na área (variante, variação, vernáculo, narrativas, entre
outros) até a realização de uma pesquisa. É destinado à pesquisadores, estudantes
e pós-graduandos na área de Letras, visto que sua linguagem é voltada para esse
campo do conhecimento.
O livro está organizado em seis capítulos, além do vocabulário crítico e da
bibliografia comentada, distribuídos em noventa e seis páginas, sendo eles: “A
relação entre língua e sociedade”, “O fato sociolinguístico”, “A variação linguística:
primeira instância”, “A variação linguística: segunda instância”, “Variação e mudança
linguísticas” e “Conclusões”.
Quando o autor discute no primeiro capítulo “A relação entre língua e
sociedade”, logo nas palavras iniciais, ele apresenta que a sua obra tem a intenção
de combater o “caos” linguístico. Ele convida o leitor a entender o sistema da língua
falada. “Você irá enfrentar o desafio de tentar processar, analisar e sistematizar o
universo aparentemente caótico da língua falada.” (TARALLO, 1997, p. 05)
Posteriormente, o autor compara o “caos” como um campo de batalha na qual as
variantes linguísticas lutam por sua sobrevivência no meio. A partir disso, para
esclarecer ao seu leitor/pesquisador, ele enfatiza que o “caos” —na qual irá tratar na
obra— refere-se a um modelo teórico/metodológico que o assume como objeto de
estudo. Quando discute o surgimento da Sociolinguística, o autor menciona William
Labov como pioneiro desse modelo teórico/metodológico, pois, Labov persistiu no
1 Fernando Tarallo fez doutorado na Universidade da Pensilvânia e foi professor do Departamento de
Linguística da Unicamp. Foi sociolinguística e trabalhou com a variação sintática sincrônica e
diacrônica do português. Publicou diversos livros na área de Linguística, principalmente no que tange
a Sociolinguística. Faleceu em 1992, deixando suas contribuições.
2 William Labov é um linguista americano, considerado fundador da disciplina variacionista da
sociolinguística. Contribuiu em grande parte na criação da metodologia atualmente utilizada nos
estudos sociolinguísticos.
tocante entre língua e sociedade. Por conseguinte, o autor discute a questão das
variáveis linguísticas e as variantes. Ele afirma que são frequentes as formas de
variação em toda comunidade de fala e atribui essas variações como “variantes”. As
variantes linguísticas são maneiras diversas de se dizer a mesma coisa em um dado
contexto. Ou seja, a fala sofre modificações (variantes linguísticas) porém, não deixa
de transmitir o que deseja. Ainda, o autor apresenta um modelo de roteiro de como é
possível levantar esses dados de variantes linguísticas. O sociolinguista, ao discutir
sobre as variantes, estabelece um paralelo entre variantes padrão, não padrão,
estigmatizadas, de prestígio, conservadoras e inovadoras. Relaciona as variantes
entre si, a variante padrão é conservadora e está presente na comunidade, são mais
deterministas, as inovadoras não são padrão e são estigmatizadas.
No segundo capítulo “O fato sociolinguístico”, o autor levanta questões que
trata a Sociolinguística como ciência e reforça a importância de traçar relações entre
a teoria, método e objeto a serem estudados, como eles se relacionam para se
desenvolver a pesquisa e como eles podem ajudar ou dificultar na hora do
levantamento dos dados. Para entender melhor esses aspectos da pesquisa o autor
tenta discutir conceitualmente esses processos para deixar mais claro ao
leitor/pesquisador como se dá esse processo.
Ao se alongar um pouco mais, Tarallo começa a definir o conceito de língua
falada:
A língua falada a que nos temos referido é o veículo linguístico de
comunicação usado em situações naturais de interação social, do tipo
comunicação face a face. É a língua que usamos em nossos lares ao
interagir com os demais membros de nossas famílias. É a língua usada nos
botequins, clubes, parques, rodas de amigo; nos corredores e pátios das
escolas, longe da tutela dos professores. ( TARALLO, 1997, p. 19)
Desta maneira, o pesquisador de Sociolinguística trabalha diretamente
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