A Resenha Ophelia

Referência: OFÉLIA. Dirigido por Claire McCarthy. Califórnia: Bert Marcus Film, 2018. 1 DVD (114 min).
                                                         Ofélia 

 Ofélia é uma adaptação do livro de Lisa Klein, que por sua vez é uma grandiosa releitura do clássico Hamlet de William Shakespeare. Nesta releitura observamos toda a história dramática de Hamlet pelo ponto de vista de sua amada. O longa metragem foi dirigido por Claire McCarthy e teve seu roteiro realizado por Semi Chellas, estrelado por Naomi Watts, Daisy Ridley, Clive Owen e George MacKay, estreou no Sundance Film Festival 2019.

 A trama se situa no castelo de Elsinor na Dinamarca e segue Ofélia (Daisy Ridley), dama de companhia da rainha Gertrude (Naomi Watts). Com a inesperada volta de Hamlet (George MacKay), príncipe da Dinamarca, Ofélia e ele rapidamente se envolvem em uma conturbada e secreta relação. Mas Ofélia se vê em meio a artimanhas da corte que ameaçam sua felicidade, desde segredos do passado e presente da Rainha à maquinações e intrigas da realeza, grande parte arquitetada por Claudius (Clive Owen), tio de Hamlet, que está sedento pela coroa e pretende conquistá-la a todo custo. No final os dois enamorados deverão escolher entre viver seu amor ou nutrir o desejo de vingança.

O filme atualiza a obra de Shakespeare, nos entregando uma versão mais feminista com a mulher no centro da trama. Na obra original Ofélia é testada a todo momento e é reprovada pela sociedade para a qual foi designada, enquanto Hamlet finge enlouquecer como parte de seu plano obstinado por vingança, Ofélia enlouquece de verdade, por acreditar que Hamlet perdeu a razão por amor a ela e isso resulta em um fim trágico para os dois personagens. Entretanto, o filme nos entrega um final mais esperançoso e menos romanticamente mórbido.

 Quanto às atuações no filme Naomi Watts e Clive Owen se sobrepuseram, Naomi teve uma interpretação impecável dando vida a rainha Gertrude e sua irmã gêmea Mechtild , assim como Clive Owen que nos entregou um excelente vilão. Daisy Ridley, que interpretou a personagem principal, não teve uma performance brilhante, mas não chega a ser fraca como a de George MacKay que deixou a desejar quanto ao Hamlet, o ator não conseguiu expressar todo sentimentalismo e paixão do personagem, como exemplo temos a cena do primeiro beijo entre Hamlet e Ofélia, a cena não transmitiu convencimento ao telespectador parecendo abrupta e que os sentimentos do casal não foram construídos com o devido aprofundamento.

Um grande ponto positivo foi a produção que agraciou ao filme uma ambientação impecável, nos entregando cenários muito bem feitos e típicos do século em que se passa a história. Além de uma fotografia sensacional e trilha sonora que arrematam a obra um ar de magia. Entretanto os figurinos foram o que mais se sobressaíram, eles foram desenhados pelo premiado Massimo Cantini Parrini, receberam aprovação unânime dos críticos com suas referências a Grécia antiga e o trabalho de Mariano Fortuny. Os trajes da época foram desenvolvidos com exímio e cumpriram bem o seu papel de exaltar a feminilidade das mulheres no centro de toda a trama.

Ofélia é comovente, dramático e nos traz a mensagem de esperança, da resiliência em seguir a vida independente das dificuldades e tragédias que ocorrem e além disso, ele traz uma lição de que no mundo real não existem finais felizes e, por isso, devemos aproveitar tudo aquilo que nos é disposto no agora.

Ofélia é comovente, dramático e nos traz a mensagem de esperança, da resiliência em seguir a vida independente das dificuldades e tragédias que ocorrem e além disso, ele traz uma lição de que no mundo real não existem finais felizes e, por isso, devemos aproveitar tudo aquilo que nos é disposto no agora.