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A SUBORDINAÇÃO E NATURALIZAÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS: Uma perspectiva da ficção com a realidade

Por:   •  2/6/2018  •  Ensaio  •  852 Palavras (4 Páginas)  •  238 Visualizações

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A SUBORDINAÇÃO E NATURALIZAÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS: Uma perspectiva da ficção com a realidade

Binto Traule[1]

Enzo Amorim[2]

Mateus dos Santos[3]

Paulo Vitor Santos [4]

RESUMO: A naturalização da desigualdade social tem sido um marco na história da classe social. O trabalho doméstico sempre foi motivo de exploração. Este ensaio tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre o filme “Que horas ela volta?” e como a ficção representa uma realidade exposta em nossa sociedade. O quanto a subordinação está presente no cotidiano de domésticas brasileiras devido a subalternização.

Palavras-chaves: Naturalização, Desigualdade social, Domésticas, Subordinação, Subalternização


O filme “Que horas ela volta?” mostra os papéis de subordinação e a naturalização das desigualdades sociais

O filme “Que horas ela volta” tem como personagem principal Val, que trabalha há mais de 10 anos em São Paulo numa casa como empregada doméstica e babá de Fabinho, o filho da patroa e único da família que demonstra ter algum vínculo afetivo com a trabalhadora, mesmo como os patrões afirmando em algumas falas que ela é considerada " como da família". Val a todo tempo é marginalizada em seu trabalho, pois ela faz todas as obrigações da família, até pegar água para eles, sendo vítima da exploração do trabalho na profissão de empregada doméstica. Logo quando ela vai conversar com a vizinha, outra empregada doméstica, que também passa pela desvalorização do trabalho doméstico deixando claro a existência da desigualdade entre a classe pobre e a classe rica. A classe média explora os mais pobres, e no Brasil essa exploração é uma espoliação notável, no filme são retratadas as questões de privação, entre elas estão as supostas regras que proíbem o trânsito da emprega em determinados cômodos da casa. Até mesmo a escolha dos alimentos que Val pode ou não consumir são decididos pelos patrões, o que reforça a ideia de hierarquização e subordinação sobre a empregada.  

   

A realidade é que em nossa sociedade as mulheres trabalhadoras são tratadas como mercadoria. Vemos esta exploração da trabalhadora doméstica cristalizada como algo natural desde a escravidão até os dias de hoje” (VALENTIM; MENDONÇA 2012 p. 2)

A chegada da filha de Val, chamada Jéssica, em São Paulo, mexe com a estrutura de poder e subalternização da casa. A Patroa, que ela chama de dona Barbara, passa a se incomodar com a presença da menina quando ela infringe regras que em nenhum momento foram explícitas, mas que estavam naturalizadas na rotina da casa. Regras que estabelece os papéis dos patrões e empregados, no qual é perceptível o privilégio de uns e a exploração de outros. Regras que são seguidas e compreendidas como normal. Como dizia Karl Marx, a desigualdade é causada pela divisão de classes, onde existem os que detêm os meios de produção (burguesia), e os que oferecem sua força de trabalho em troca de um salário (proletariado). Essa divisão consiste na busca desenfreada pelo lucro, onde uns querem ter mais que o outro, onde "o melhor é aquele que possui mais capital". A normalização de papéis de subordinações do proletariado é compreendida como algo normal em uma sociedade como a brasileira que tende a invisibilizar as desigualdades sociais pois há uma “extraordinária influência de Estado e mercado sobre o nosso comportamento em todas as dimensões da vida, muito especialmente na dimensão “moral”, ou seja, a dimensão na qual separamos o “bem” do “mal”, o “nobre” do “vulgar”, o “superior” do “inferior”, é tornada invisível, posto que a “naturalizamos”.” (SOUZA, p.109,2009)

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