A VARIAÇÃO LINGUISTICA E A SALA DE AULA: UM PROCESSO DE DESCONSTRUÇÃO DE CONCEITOS E PRECONCEITOS ESTABELECIDOS
Por: Bia Alves • 20/5/2019 • Artigo • 4.436 Palavras (18 Páginas) • 243 Visualizações
A VARIAÇÃO LINGUISTICA E A SALA DE AULA: UM PROCESSO DE DESCONSTRUÇÃO DE CONCEITOS E PRECONCEITOS ESTABELECIDOS
Bianca Bruna Alves
Elisangela Renata Tomaz Denardin
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de discutir a Língua Portuguesa com suas variações linguísticas, o preconceito que essas variações enfrentam principalmente no âmbito escolar, onde é um espaço democrático e de direito e deveria promover uma mudança na concepção do ensino da língua portuguesa. A variação linguística ainda é abordada de maneira insuficiente nos livros didáticos, e superficial pelos professores, dificultando um resultado satisfatório na compreensão desses conceitos de “certo” e “errado” em relação aos falantes da língua materna.
Palavras-chave: Variação linguística. Preconceito. Sociolinguística
Abstract:
This article aims to discuss the Portuguese language with its linguistic variations, the prejudice that these variations face mainly in the school environment, where it is a democratic area of law and should promote a change in the conception of Portuguese language teaching. Linguistic variation is still insufficiently addressed in textbooks and cursed by teachers, making a satisfactory result in understanding these concepts of "right" and "wrong" in relation to native speakers.
Keywords: Linguistic variation. Preconception. Sociolinguística
Introdução
O trabalho com variação linguística nas escolas tem sido alvo de grandes discussões, principalmente no que se refere a forma de trabalhar e os gêneros utilizados para este fim. Geralmente os livros didáticos traziam aquela batida tirinha do Chico Bento, hoje sabemos que inadequada, para trabalhar a questão da variação linguística. Ao analisarmos alguns livros, percebemos que eles estão mudando suas posturas e seus gêneros para trabalhar esse aspecto tão importante na sala de aula. Para exemplificar essa questão, propusemos trabalhar o gênero meme, em sala de aula, que é um gênero muito acessado pelos alunos e que surtiu um grande efeito positivo na sequência didática trabalhada.
A língua portuguesa no Brasil, possui muitas variedades dialetais. Identificam-se geográfica e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos diferentes modos de falar: é muito comum considerar as variedades linguísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas (BAGNO, 2007, p. 27). De acordo com o autor o problema do preconceito deve ser enfrentado na escola, com uma educação voltada para as diferenças, a escola precisa livrar-se de alguns mitos de que existe apenas uma maneira correta de falar, que é a que se parece com a escrita, outra crença é a de que precisa-se consertar a fala do aluno para que ele escreva certo, essa forma de pensar desvaloriza a forma de falar do aluno, a forma de falar da sua comunidade.
A língua é considerada um meio de comportamento social, e a sociedade é muito diversificada, e o uso da linguagem segue um padrão. Assim, a língua varia de acordo com as pessoas que a usam e de acordo com o contexto de comunicação na qual ela é utilizada. O ensino de línguas visa a propiciar aos alunos a competência comunicativa, ou seja, a “capacidade do usuário de empregar adequadamente a língua nas diversas situações de comunicação” (TRAVAGLIA, 2002, p. 17).
O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E SUAS VARIAÇÕES: É PRECISO ENSINAR E DESCONSTRUIR CONCEITOS
Para a Sociolinguística, entende-se a língua como um complexo heterogêneo, inacabado, dinâmico, fluido e multifacetado. Além disso, considera-se que a língua é reflexo da sociedade (ALKMIN, 2001; CAMACHO, 2001; MARCUSCHI, 2008; entre outros). Dentro de uma mesma comunidade, podem ocorrer variações devido a fatores políticos, de escolaridade, de gênero, religiosos, econômicos, entre outros. Todavia, a variação também pode ocorrer entre diferentes comunidades, devido a fatores geográficos, principalmente. No Brasil, as variações linguísticas presentes carregam suas riquezas, heranças culturais e representam a identidade do povo brasileiro. Pela individualidade, essas variações podem sofrer influências de vários fatores, tais como fatores políticos, de escolaridade, de gênero, religiosos, econômicos, entre outros. Contudo, a variação também pode ocorrer entre diferentes comunidades, devido a fatores geográficos, principalmente, em que os indivíduos de vários lugares se reúnem com suas particularidades e individualidades.
Para (MUSSALIN e BENTES, 2006, p. 34), “de uma perspectiva geral, podemos descrever as variedades linguísticas a partir de dois parâmetros básicos: a variação geográfica ou (ou diatópica) e a variação social (ou diastrática)”. As autoras ainda asseguram que:
A variação geográfica ou diatópica está relacionada às diferenças linguísticas distribuídas no espaço físico, observáveis entre falantes de origens geográficas distintas. A variação social ou diastrática, por sua vez, relaciona-se a um conjunto de fatores e que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala (MUSSALIN e BENTES, 2006, p. 34).
Esses tipos de variações ficam evidentes quando se escuta um falante da região sudeste e um da região nordeste, atribuindo nomes diferentes para o mesmo substantivo, como no Sudeste chamam a mandioca de aipim e no Nordeste chamam de macaxeira.
As autoras citadas acima, destacam que em relação aos aspectos sociais, fatores como a classe social, idade, sexo, situação ou contexto social são determinantes nesse processo. E é baseado na sociolinguística, que é a ciência que estuda a língua falada em um contexto social, se torna importante para o entendimento do fenômeno e suas implicações em sala de aula no processo de ensino aprendizagem, não só da língua materna como também das diferentes disciplinas e seus linguajares específicos.
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