A VIDA TEM DESSAS COISAS

JÔ acorda sobressaltada mais uma vez. Mais uma mensagem de celular. O número é o mesmo das outras vezes. Já começara mal o dia. Perdeu a fome.Outra vez não vai conseguir tomar o desjejum.

Passa o dia martelando e pensando poderia fazer algo tão terrível com ela. Não tem inimigos, pelo menos pensa que não. Mas, quem lhe quer tão mal, então? “-Deve ter muito ódio de mim”, pensa consigo.

O dia promete:muitos clientes para atender, contas a pagar, esclarecimentos a dar… Jô toca a vida no pequeno comércio que possui juntamente com uma amiga e sócia: a Ruth.

Ruth não é só uma sócia. É amiga, confidente, cozinha para Jô, entende-a e até a presenteia generosamente. São amigas de anos. Ela comenta com Ruth o que está lhe acontecendo. Essas mensagens a torturam. Agora, telefonemas também fazem parte do pacote.

As mensagens de celular são de conteúdo pesadíssimo, acusações, mentiras… Ela já não consegue comer direito pensando nisso e em quem poderia odiá-la tanto.

Os dias vão passando… Seu namorado Clóvis também recebeu trotes.Os passos deles são vigiados. Tudo que Jô fala, a pessoa que lhe manda mensagens ou telefonemas sabe. Sabe o que faz e onde ela vai.

No sábado passado, Jô foi visitar sua irmã. Passou uma hora e meia lá com o namorado. Tomaram chimarrão. Quando iam sair: que surpresa! Os dois pneus esvaziados! Como? Em frente de casa! Ninguém viu nada!

No outro dia sua irmã recebeu uma ligação: “a senhora aluga quartos?” A voz era conhecida, mas ela não sabe dizer de quem é. E desligaram.

Jô e a irmã conversam em outra língua para não serem entendidas com tanta facilidade, pois parece que tem escutas, gravações… sabem de tudo. As duas procuram vestígios, provas…

Jô decide ir a polícia, conta tudo e aguarda.A essa altura já emagrecera vários quilos de tanto se preocupar. Fora lá várias vezes, disseram-lhe, apenas, que estão investigando. Nesse tempo, Clóvis recebe um presente: chifres de boi insinuando que ele era traído por Jô. E as coisas vão se complicando.

Certa vez os investigadores comentaram que era uma pessoa muito próxima de Jô. Ela suspeita de muitos a essa altura dos acontecimentos.

-“É Ruth, tua amiga”, sentencia o investigador Rafael, que cuidava do caso.”Ela estava apaixonada por você, Jô.