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A importância da brincadeira para a aprendizagem e desenvolvimento da criança no contexto escolar

Por:   •  26/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  4.768 Palavras (20 Páginas)  •  508 Visualizações

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A importância da brincadeira para a aprendizagem e desenvolvimento da criança no contexto escolar

RODRIGO CEZAR OLIVEIRA

RESUMO

Este artigo tem como objetivo discutir as contribuições que a brincadeira pode oferecer à aprendizagem e ao desenvolvimento infantil. Para tanto, primeiramente é feita uma discussão sobre a utilização das definições dos termos brinquedo, brincadeira e jogo. A brincadeira é vista na literatura como um recurso que pode estimular o desenvolvimento infantil e proporcionar meios facilitadores para a aprendizagem escolar. O que se pode concluir é que, utilizar a brincadeira como um recurso escolar é aproveitar uma motivação própria das crianças para tornar a aprendizagem mais atraente. Entretanto, o meio escolar encontra dificuldades que impedem a utilização do recurso da brincadeira como um facilitador para a aprendizagem.

Palavras-chave: Brincadeira, Aprendizagem, Desenvolvimento.

O brincar é a atividade predominante na infância e vem sendo explorado no campo científico, com o intuito de caracterizar as suas peculiaridades, identificar as suas relações com o desenvolvimento e com a saúde e, entre outros objetivos, intervir nos processos de educação e de aprendizagem das crianças. Este artigo tem por finalidade, com base em pressupostos teóricos e resultados de pesquisas, apresentar evidências sobre as contribuições que a brincadeira oferece ao desenvolvimento infantil e à aprendizagem no contexto escolar.

A perspectiva teórica que dará base ao artigo está amparada no pressuposto de que tanto a aprendizagem quanto o desenvolvimento humano são construídos e influenciados por um contexto histórico, social e cultural. Para tanto, serão utilizados, neste artigo, os construtos teóricos fornecidos por Vygotsky (1991) e a contribuição de autores que levam em conta a concepção sócio-cultural em alguns de seus estudos, tais como Leontiev (1994), Friedmann (1996), Bomtempo (1997), Blatchford (1998), Brougère (1998), Elkonin (1998), Dohme (2002), Dias Facci (2004) e Biscoli (2005), entre outros.

A forma como o fenômeno é abordado traz influências na compreensão dos resultados de pesquisas. Para tanto, faz-se necessário, em primeiro lugar, discutir as diversas concepções existentes sobre a definição dos termos e dos conceitos brinquedo, brincadeira e jogo.

A importância da brincadeira no desenvolvimento infantil

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.

Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,

E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,

Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.

Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul,

Vou com ela, viajando, Havaí, Pequim ou Istambul.

Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.

A música de Toquinho enuncia a temática que escolhemos para discutir a importância do brinquedo na infância. Nas palavras do cantor encontramos um passeio pelo mundo imaginário, no qual consideramos que o brinquedo seja grande instrumento propiciador para tal desenvolvimento. Para tanto, este diálogo entre o poético e o teórico, possibilita o leitor construir sentidos que vão além dos já determinados até então.

Diante deste cenário, entendemos que a brincadeira é a atividade principal da infância. Essa compreensão se dá não apenas pela freqüência em que as crianças brincam, mas principalmente pela influência e importância que esta exerce no desenvolvimento infantil. Vygotsky (1991) ressalta que a brincadeira cria as zonas de desenvolvimento proximal e que estas proporcionam saltos qualitativos no desenvolvimento e na aprendizagem infantil.

No entanto, como aponta Cordazzo e Vieira (s/ data), apoiados em Elkonin (1998) e Leontiev (1994), explanam que esta teoria afirma que durante a brincadeira ocorrem as mais importantes mudanças no desenvolvimento psíquico infantil. Para estes autores a brincadeira é o caminho de transição para níveis mais elevados de desenvolvimento.

Além disso, as crianças também conseguem, através da brincadeira, avaliar suas habilidades e compará-las com as das outras crianças. A brincadeira também permite à criança a se apropriar de códigos culturais e de papéis sociais (BROUGÈRE & WAJSKOP, 1997). Elkonin (1998) confirma isto ao afirmar que a história do brinquedo acompanha a história da humanidade. O autor relata que os brinquedos mudam conforme mudam os padrões de uma sociedade. Para constatar isto basta fazer uma análise a respeito das características dos brinquedos utilizados pelas crianças de 40 ou 50 anos atrás. A boneca por exemplo, ainda é utilizada pelas crianças da atualidade, contudo, este objeto passou por mudanças significativas em sua confecção, material utilizado, formas e atribuições. Enquanto que a maioria das bonecas de 50 anos atrás era construída de porcelana, pano ou palha de milho e com características infantilizadas, as bonecas atuais têm as mais diversificadas matérias primas, suas formas imitam o padrão de beleza estipulado pela sociedade (jovem, alta e esguia), além das inúmeras características extras das quais são dotadas, tais como falar, andar, dançar, cantar, etc.

Independentemente do tipo ou das características do brinquedo, pelo brincar o desenvolvimento infantil está sendo estimulado (VYGOTSKY, 1991; FRIEDMANN, 1996; BROUGÈRE, 1998; DOHME, 2002). As primeiras brincadeiras do bebê, que são caracterizadas pela observação e posterior manipulação de objetos, oferecem à criança o conhecimento e a exploração do seu meio através dos órgãos dos sentidos. Leontiev (1994) afirma que as brincadeiras mudam conforme muda a idade das crianças. Logo que a criança começa a falar os jogos de exercícios começam a diminuir e dão espaço aos jogos simbólicos. Para Vygotsky (1991) as crianças querem satisfazer certos desejos que muitas vezes não podem ser satisfeitos imediatamente. Desta forma, pelo faz de conta, a criança testa e experimenta os diferentes

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