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ANÁLISE DO CONTO A TEORIA DO MEDALHÃO

Por:   •  10/7/2015  •  Artigo  •  2.187 Palavras (9 Páginas)  •  1.650 Visualizações

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ANÁLISE DO CONTO A “TEORIA DO MEDALHÃO”

Denise Rodrigues martins lima

tânia regina sampaio

ORIENTADOR: PROF. MESTRE ÁUREO JOAQUIM CAMARGO

RESUMO

Este estudo analisou o conto Machadiano, “Teoria do Medalhão” publicado inicialmente em 1881. O objetivo foi analisar se a contextualização vem sendo vivenciada nos dias atuais.

A fundamentação teórica consistiu no estudo do conto a partir do rito de autoridade, Você sabe com quem está falando?, descrito por Roberto da Matta, antropólogo e escritor. A metodologia incluiu o estudo e análise do capítulo IV do livro, Carnavais, Malandros e Heróis, de da Matta; a coerência entre a contextualização e os conceitos da sociedade e política brasileira, a aniquilação do indivíduo em favor de uma imagem e posição social considerada privilegiada.

Os resultados indicaram que apesar dos séculos, a sociedade continua hierárquica, fazendo uso do sistema de disfarces e de máscaras para aparentar algo que na verdade não é, e que os medalhões estão por toda parte, circulando por todas as classes sociais, mas sempre com um único objetivo, levar vantagem e ascender ao todo da pirâmide social.

Palavras-chave: Teoria do Medalhão, Você sabe com quem está falando?, Crítica à literatura e a política brasileira.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é apresentar uma leitura do conto a Teoria do Medalhão de Machado de Assis, levando em consideração a análise feita pelo antropólogo Roberto da Matta.

Primeiramente apontaremos o uso ideológico da linguagem, que serve de artifício para criticar duramente a sociedade, para tanto faz uso da ironia e do sarcasmo atacando a hierarquia social, seu convencionalismo, futilidade, a aparência, o jogo do poder.

Em um segundo momento, realizaremos um paralelo entre “A teoria do medalhão” e o capítulo IV do livro, Carnavais, Malandros e Heróis, de Roberto da Matta, no qual o rito de autoridade “você sabe com quem você está falando?” citado pelo autor, se coloca no mesmo patamar de hierarquização da sociedade brasileira que o medalhão até os dias atuais.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Análise do Conto A Teoria do Medalhão.

No fim do século XIX, a economia brasileira era baseada na agricultura, a província do Rio de Janeiro era a principal exportadora de café, outras províncias como São Paulo, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, apesar de centrar-se na mesma monocultura, buscavam diversificar sua economia com a pecuária e engenhos de açúcar, contudo o café e seus barões continuavam reinando. Havia um certo atraso da região Nordeste em relação a Centro-sul.

O cenário político era instável, já que seu regime estava prestes a mudar, era a República brotando em nosso país. Apesar de todas essas mudanças, a sociedade era pautada pela mentalidade agrária, senhorial, políticas paternalistas, valores estes herdados da colonização portuguesa.

É neste ambiente que Machado de Assis escreve e publica seu conto a “Teoria do Medalhão”, mais precisamente em 1881 na Gazeta de Notícias, no ano seguinte o conto foi adicionado ao livro, Papéis Avulsos, uma coletânea de contos.

Machado como escritor realista que era, observava a sociedade na qual estava inserido, adorava o Rio de Janeiro, por diversas vezes o retratou, buscava traçar a identidade humana, suas ações comportamentais e psicológicas e não foi diferente na “Teoria do Medalhão”, “A Cartomante”, “O Espelho”.

O autor utiliza a ironia e o sarcasmo para criticar a sociedade da época que era superficial e fútil, adjetivos estes que continuam arraigados nos brasileiros, como poderemos verificar à frente sob o ponto de vista de Roberto da Matta, com a famosa frase “Você sabe com quem está falando?”.

Machado de Assis acompanhava a política na capital do Império, cobriu por inúmeras vezes o parlamento, sua experiência como jornalista o fez conhecer in loco vários medalhões e sua arte, talvez isto o impulsionou a escrever a teoria do medalhão.

O autor vale-se de um diálogo entre pai e filho, que em um primeiro momento seria trivial, para criticar a sociedade que se escondia sob máscaras e tinha como preceitos a busca incansável pelo sucesso e fama, a qualquer preço, o “vale tudo” na conquista da ascensão social.

Com a passagem do filho para a maioridade, o pai começa a dar conselhos, bem como explanar o procedimento, que na sua concepção estaria correto, para que seu herdeiro alcançasse o tão almejado reconhecimento, transformando-se em um medalhão.

Na perspectiva do pai, apenas sendo um medalhão garantiria ao filho um futuro próspero, o status social, o reconhecimento da sociedade de sua grandeza e importância, o que nenhuma profissão ou posses pudessem lhe dar. É de se destacar que o genitor faz uma projeção em seu filho, dos seus próprios ideais que não conseguiu realizar, o que fatalmente lhe deixou frustrado.

No discorrer do diálogo, é traçado pelo pai todo o procedimento para se tornar um medalhão, a fórmula do sucesso. Para tanto, o filho deveria mudar suas atitudes, costumes, extirpar suas opiniões, sua originalidade, se afastar de toda e qualquer manifestação de ideias. O medalhão deveria se manter neutro e fora de discussões, possuir um vocábulo e humor simples, já que palavras rebuscadas exigiriam um conhecimento aprofundado e o humor baseado na ironia, obrigaria o ouvinte a ter raciocínio e imaginação. É advertido de que a solidão é perigosa, por ser um celeiro para o pensamento, mas que deve fazer uso de frases, citações e ideias já difundidas e pacificadas pela sociedade.

Ainda no objetivo de tornar-se um medalhão, o filho deveria fazer-se conhecido através de festas, eventos, até mesmo da política, usando a tribuna para a chamar a atenção pública.

Com o ensino da prática da dissimulação, Machado nos expõem os disfarces da sociedade burguesa brasileira para aparentar algo que não é.

O conto é uma narrativa onde o narrador está ausente, já que se trata de um diálogo entre pai e filho, que aliás é uma ilusão denominar como diálogo, pois logo se percebe que o pai monopoliza a fala ditando regras e procedimentos que deveriam ser acatados pelo filho, que simplesmente concorda com seu pai autoritário, indo de acordo com o papel social destinados aos filhos naquele momento histórico. Neste sentido valia os desejos, os caprichos, as vontades do pai em detrimento de seus filhos, mulher e escravos.

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