ATITUDES LINGUÍSTICAS: UMA ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA NA CIDADE DE CAXIAS-MA
Por: VaViSa • 12/5/2019 • Abstract • 3.425 Palavras (14 Páginas) • 356 Visualizações
ATITUDES LINGUÍSTICAS: UMA ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA NA CIDADE DE CAXIAS-MA
Antonio Luiz Alencar Miranda (CESC-UEMA)
Valdinete Vieira dos Santos (CESC-UEMA)
Frankilson Carvalho da Silva (CESC-UEMA)
“Ora, as línguas não existem sem as pessoas que as falam
e a história de uma língua é a história de seus falantes”.
(Louis-Jean Calvet) 2002
Resumo
O estudo das atitudes linguísticas vem ganhando espaço no cenário da Sociolinguística moderna, possibilitando esclarecer fenômenos não explicáveis pelo contexto linguístico e social. Dentro desse contexto, outro fator é de suma importância para a análise de fatos voltados para a linguagem: as atitudes valorativas que cada falante assume frente à sua fala e à fala dos outros. Por essas razões, optamos como objeto de estudo as atitudes dos falantes na cidade de Caxias-MA, com os objetivos de: (i) Pesquisar as atitudes linguísticas dos falantes de Caxias em relação à sua fala e à fala dos outros; (ii) Avaliar o nível de consciência do falante em relação às variedades intradialetal e interdialetal. A pesquisa foi realizada a partir da amostra do projeto Atitudes Linguística dos Falantes do Maranhão (ALFMA). O corpus foi construído por meio de entrevistas, tipo laboviana, com 16 informantes estratificados por localidade de nascimento e escolaridade. Assumimos como base teórica e metodológica, entre outros, os trabalhos Labov (2008), WEINREICH, LABOV e HERZOG (2006), Lambert & Lambert (1966), Lambert (1967). Os resultados apresentam um grau de consciência linguística, ao identificarem estereótipos à fala de outros estados como, por exemplo, o ocê de Belo Horizonte, e o “falar preguiçoso” do baiano.
Palavras-chave: Atitude linguística, variação, mudança.
Abstract
The study of language attitudes has been gaining ground in the scenery of modern sociolinguistics, enabling clarify phenomena not explainable by different linguistic and social. Within this context, another factor is of paramount importance for the analysis of facts facing language: evaluative attitudes that each speaker takes forward to your speech and the speech of others. For these reasons, we chose as the object of study the attitudes of the speakers in the city of Caxias, MA, with the objectives of: (i) Find the language attitudes of speakers of Caxias regarding their speech and the speech of others, (ii) assess the level of consciousness of the speaker in relation to varieties and intradialetal interdialetal. The survey was conducted from the sample project Linguistic Attitudes of Speakers of Maranhão (ALFMA). The corpus was constructed through interviews, type Labovian with 16 informants stratified by place of birth and education. We assume as theoretical and methodological basis, among others, works Labov (2008), Weinreich, Labov and Herzog (2006), Lambert & Lambert (1966), Lambert (1967). The results show a degree of linguistic awareness, to identify stereotypes to speak of other states, for example, the ocê of Belo Horizonte, and "lazy talk" of Bahia.
Keywords: Attitude linguistic, variation, change.
1- INTRODUÇÃO
O estudo de atitudes linguísticas focaliza os usuários da língua, considerando a fala como objeto real e concreto, carregada de valores sociais que divergem em situações diversas nas relações sociais. Corbari e Sella (2013) apontam que os estudos de atitudes de forma geral, constituem uma categoria particular, uma vez que o objeto da atitude não são as línguas, mas os grupos que as falam. Desse modo, as atitudes linguísticas representam um componente fundamental da identidade linguística do falante e possibilitam a compreensão do próprio comportamento linguístico. Uma pesquisa em atitudes linguísticas precisa estar fundamentada na relação entre língua, sociedade e identidade, pois, segundo Barbosa (2004), apud Rodrigues et. al (2000), reconhece a atitude como “uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, providas de carga afetiva a favor ou contra um objeto social definido” (Barbosa, 2004:30). Já crença é entendida como uma forma de pensamento, uma maneira subjetiva da realidade que implica experiências resultantes de processos sociais. Barbosa, ao diferenciar crença de atitude, relata que a crença seria “uma opinião de certeza e a atitude uma manifestação dela, mas que ambos os termos estão inter-relacionados” (BARBOSA, 2004: 35).
Qualquer indivíduo é capaz de perceber diferentes formas quanto ao uso da língua e, por essa razão, terá comportamentos linguísticos que aprovam ou desaprovam a própria fala e a fala dos outros. E por isso, partindo dessa percepção, investigamos as atitudes linguísticas dos falantes que moram em Caxias-MA, nascidos ou que para cá vieram de outras localidades do Brasil.
3- METODOLOGIA
Tomamos como base os princípios teóricos e metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1966, 2008), e os estudos de atitudes linguísticas (LAMBERT, 1966) mediante aos parâmetros cognoscitivo, afetivo e conativo nos procedimentos de análise.
O corpus deste trabalho é composto de dados coletados da fala de 16 informantes residentes na cidade de Caxias, região leste do Maranhão. Desses 16 informantes, 8 são naturais de Caxias e 8 de outros municípios do Maranhão e de estados vizinhos, divididos homogeneamente pelas variáveis sociais: escolaridade (Ensino Fundamental e Ensino Superior) e localidade.
Os 16 informantes foram selecionados do projeto Atitudes linguísticos dos falantes do Maranhão – ALFMA. O instrumento de coleta de dados foram entrevistas gravadas com 22 perguntas, das quais destacamos apenas 4, para avaliar atitudes linguísticas em relação à fala maranhense em Caxias e a fala de outro estado brasileiro, bem como a consciência linguística dos informantes.
As questões guias das entrevistas foram: 1) Quando você percebe que alguém falou alguma palavra errada, o que você faz diante disso? 2) Em sua opinião, o maranhão é o estado que fala o melhor português? 3) O português que você fala é melhor falado que o do seus pais? 4) O que é típico do falar maranhense?
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