Alfabetização A Partir De Paulo Freire

ALFABETIZAÇÃO A PARTIR DE PAULO FREIRE

André Ribeiro Fernandes

Profª. Maria Salete Oenning Dias

Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI

Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura (LED0150)

Prática do Módulo II

05/12/2012

RESUMO

A alfabetização a partir de Paulo Freire dispõe de um método de educação utilizado pelo educador, onde o educando aprende a ler e escrever através do diálogo, do meio sociocultural em que vive, do vocabulário de sua comunidade. Este método tem por objetivo a união entre professor e aluno na busca de um conhecimento diferenciado, trazendo palavras e temas voltados ao seu povo, construindo através da coletividade uma educação consciente acerca dos problemas cotidianos, compreendendo o mundo e conhecendo melhor a realidade social. Este processo de ensino é composto por cinco fases rigorosamente planejadas e desenvolvidas com intuito de permitir aos alfabetizadores, juntamente com o povo, a busca por elementos teórico-empíricos proporcionando um direcionamento a esta ação alfabetizadora. Portanto a necessidade de uma educação popular, voltada para o analfabetismo, para as condições socioeconômicas, fome e miséria, fez com que Paulo Freire, através de seus conhecimentos e experiências, criasse um método de educação diferente do tradicional.

Palavras-chave: Alfabetização. Paulo Freire. Método.

1 INTRODUÇÃO

Neste texto analisaremos a contribuição do educador brasileiro Paulo Freire para a Alfabetização de Jovens e Adultos e, principalmente, a sua benéfica influencia para a educação popular (educação não formal), resgatando através da mediação, interação e diálogo, o direito à educação básica.

Paulo Freire com sua Teoria do Conhecimento criou um método de aprender que marcou uma ruptura na história pedagógica do Brasil e da América Latina. Através da concepção de educação popular, ele fortaleceu a teoria da pedagogia contemporânea, combatendo com muito radicalismo a educação elitista e comprometendo-se verdadeiramente com homens e mulheres.

O Método Paulo Freire torna o ensino mais abrangente, com menos exclusão, buscando a união da escola com a sociedade. Ele contribui de forma efetiva para a formação de uma sociedade democrática na construção de um projeto educacional voltado para a liberdade.

Ao longo de sua trajetória educacional, Freire jamais deixou de lutar pela superação da opressão e desigualdades sociais, entendendo que um dos elementos decisivos para que ela se dê é o desenvolvimento da consciência crítica através da consciência histórica. Portanto, seu pensamento e sua obra são, e continuarão sendo, um marco na história da educação nacional e Internacional.

Seu projeto educacional sempre apreciou essa prática, construindo sua teoria do conhecimento, através do respeito pelo educando, da conquista da autonomia e do diálogo. Paulo Freire acreditava ser possível unir as pessoas numa sociedade com equidade e justiça. Esse pensar crítico e libertador serve como inspiração para educadores do mundo inteiro, fazendo com que Freire seja hoje um dos educadores mais lidos do mundo.

Na sequência será apresentado de forma mais desenvolvida o Método Paulo Freire de alfabetização, as etapas e as fases que compõe este projeto.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O MÉTODO PAULO FREIRE

No início da década de 1960, Paulo Freire propõe um novo método para alfabetização de adultos, que trouxe uma inovação político-metodológica, uma significativa diferença em relação aos métodos anteriores para adultos, com o uso de cartilhas infantis adaptadas, o uso da silabação ou palavração, que era o estudo das famílias silábicas, com palavras soltas, fragmentadas e descontextualizadas da vida social e experiência pessoal dos alunos, resultando num aprendizado mecânico do “BA-BE-BI-BO-BU”.

“É um método que se constrói a cada vez que ele é coletivamente usado dentro de um círculo de cultura de educadores e educandos” (FREIRE, 1983, p.25). Neste trecho Paulo Freire demonstra sua preocupação com a coletividade dos envolvidos em seu método e usa o termo “círculo de cultura” como forma de destaque desse projeto, pois para ele o círculo significa a união e a cultura diz respeito à forma de vivência de cada um integrante daquele meio social.

Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu.

Paulo Freire oferece uma alfabetização partindo de palavras, e não de sílabas, sendo essas palavras como Freire chama de palavras geradoras, partindo dos temas sociais colhidos do universo vocabular dos educandos.

“A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.” (FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que completam. 3.ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1983, p. 22). Não basta apenas ler, é preciso conhecer a palavra e consequentemente construir uma consciência crítica sobre ela.

As atividades de alfabetização de seu método exigem a pesquisa do que Freire chama de “Universo Vocabular Mínimo” entre os alfabetizandos. É trabalhando este universo que se escolhem as palavras que farão parte do programa. Estas palavras, mais ou menos dezessete, são as palavras geradoras, devem ser de grande riqueza fonêmica e colocadas, necessariamente em ordem crescente das menores para as maiores dificuldades fonéticas, dentro do contexto mais amplo da vida dos alfabetizandos e da linguagem local que por isso mesmo é também nacional.

A decodificação da palavra escrita, que vem em seguida à decodificação da situação existencial decodificada, compreende alguns passos que deve rigorosamente se suceder.

Exemplo:

Tomamos a palavra LAJOTA

1° Apresenta-se a palavra geradora “LAJOTA” inserido na representação de uma situação concreta: homens