Análise O Fantástico (Conceitos básicos da Literatura)
Por: Warmzone • 17/9/2018 • Trabalho acadêmico • 582 Palavras (3 Páginas) • 236 Visualizações
Análise de gênero literário - O fantástico
Segundo o autor de Problemas da poética de Dostoiveski, a origem da formação da variedade do romance que ele classifica de dialógica possui dois determinantes que são dois gêneros do campo cômico-sério: o diálogo socrático e a sátira menipéia, o primeiro dos quais teve vida breve, mas que no processo de sua desintegração provocou outros gêneros dialogais. Esse gênero (a sátira menipéia) deve sua denominação ao filósofo do séulo III aC MENIPO DO Gadare, cujas sátiras não chegaram até nós. A sátira menipéia, entretato, não é apenas um produto da decomposição do “diálogo socrático”, mas as raízes de sua formação remontam ao folclore carnavalesco.
As situações extraordinárias fazem a provocação, a experimentação de uma verdade, de uma visão, na qual, desde os tempos mais remotos, o ser humano convive com fenômenos que, por muitas vezes, são inexplicáveis segundo as leis naturais. Mitos ou fatos, tais acontecimentos intrigaram e ainda intrigam várias sociedades e culturas. Histórias, contos, relatos e lendas mexem com o imaginário do homem, que, incessantemente, busca explicações para aquilo que não consegue entender. Essas histórias que afloram na mente do ser humano são preservadas ao longo do tempo e se tornam imortais. Recorrendo aos mitos europeus, podemos citar o já conhecido panteão grego, com deuses e titãs dotados de poderes que extrapolam as leis tais como conhecemos. No extremo oriente, temos a milenar China, com seus dragões e suas simbologias; ou, trazendo nosso foco para as Américas, podemos citar o México e a sua cultura ligada à morte, além do próprio Brasil onde os mitos folclóricos, tais como o Boi Bumbá, Iara, Saci-Pererê, a Mula Sem-Cabeça, a Caipora, o Curupira, foram preservados até os dias atuais, e são conhecidos por boa parte da população brasileira. Todas estas histórias estão cercadas de acontecimentos inexplicáveis, ou sobrenaturais. A convivência do real com o real tornando-se fantástico.
Fantasia, pensamento filosófico que se traduz por imaginação ou aparição. Gênero que se originou explorando o medo e o susto, mas que foi se transformando até chegar em uma narrativa mais sutil. A percepção deste sutil dado intangível prescreve o que os gregos chamavam de nous, órgão com que eles desconfiavam da realidade.
“O homem dotado de sensibilidade artística comporta-se para com a realidade do sonho da mesma maneira que o filósofo se comporta perante a realidade da existência”. O fantástico trabalha a partir do questionamento da realidade, que põe e questiona como hipótese falsa, através de acontecimentos estranhos que acontecem, e a que dá uma aura de incerteza e para os quais não encontra nenhuma explicação satisfatória.
Devido a isso, a narrativa fantástica passou a tratar de assuntos inquietantes para o homem atual: os avanços tecnológicos, as angústias existenciais, a opressão, a burocracia, a desigualdade social. Assim, o gênero fantástico deixou de ser apenas narrativa de entretenimento, pois “não cria mundos fabulosos, distintos do nosso e povoados por criaturas imaginárias, mas revela e problematiza a vida e o ambiente que conhecemos do dia-a-dia.
A falta de compreensão da realidade contida na narrativa é o que origina o fantástico, segundo Volobuef (2000). Para a autora, o leitor, à princípio, sente-se desorientado, pois são deixadas lacunas no texto, não há explicações ou justificativas para os acontecimentos. “O texto realiza uma espécie de jogo com a verossimilhança”. Dessa forma, surge a incerteza em meio a um ambiente antes considerado familiar (nosso cotidiano), e aparece o fantástico. Por conter enredos complexos e tratar de temas críticos, Volobuef afirma que esse gênero “ultrapassa as fronteiras da literatura trivial”.
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