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Análise Sobre o Livro Triste Fim de Policarpo Quaresma

Por:   •  2/6/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.266 Palavras (6 Páginas)  •  766 Visualizações

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01.

I.

―O grande inconveniente da vida real e o que a torna insuportável ao homem superior é que, se para ela transportarmos os princípios do ideal, as qualidades se tornam defeitos, de tal modo que frequentemente o homem íntegro aí se sai menos bem que aquele que tem por causas o egoísmo e a rotina vulgar.

RENAN, Marc-Aurèle. In: LIMA BARRETO, A. H.

Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Ática, 1996. p. 17. Epígrafe.

II.

―Dona Quinota retirou-se. Este Genelício era o seu namorado. Parente ainda de Caldas, tinha-se como certo o seu casamento na família. A sua candidatura era favorecida por todos. Dona Maricota e o marido enchiam-no de festas. Empregado do Tesouro, já no meio da carreira, moço de menos de trinta anos, ameaçava ter um grande futuro. Não havia ninguém mais bajulador e submisso do que ele. Nenhum pudor, nenhuma vergonha! Enchia os chefes e os superiores de todo incenso que podia. Quando saía, remancheava, lavava três ou quatro vezes as mãos, até poder apanhar o diretor na porta. Acompanhava-o,

conversava com ele sobre o serviço, dava pareceres e opiniões, criticava este ou aquele colega, e deixava-o no bonde, se o homem ia para casa. Quando entrava um ministro, fazia-se escolher como intérprete dos companheiros e deitava um discurso; nos aniversários de nascimento, era um soneto que começava sempre por — ‗Salve‘ — e acabava também por — ‗Salve! Três vezes Salve!‘. O modelo era sempre o mesmo; ele só mudava o nome do ministro e punha a data‖.

LIMA BARRETO, A. H.

Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Ática, 1996. p. 49.

III.

‗Esta vida é absurda e ilógica; eu já tenho medo de viver, Adelaide. Tenho medo, porque não sabemos para onde vamos, o que faremos amanhã, de que maneira havemos de nos contradizer de sol para sol... O melhor é não agir, Adelaide; e desde que o meu dever me livre destes encargos, irei viver na quietude, na quietude mais absoluta possível, para que no fundo de mim mesmo ou do mistério das coisas não provoque a minha ação o aparecimento de energias estranhas à minha vontade, que mais me façam sofrer e tirem o doce sabor de viver... Além do que, penso que todo este meu sacrifício tem sido inútil. Tudo que nele pus de pensamento não foi atingido, e o sangue que derramei, e o sofrimento que vou sofrer toda a vida, foram empregados, foram gastos, foram estragados, foram vilipendiados e desmoralizados em prol de uma tolice política qualquer... Ninguém compreende o que quero, ninguém deseja penetrar e sentir; passo por doido, tolo, maníaco e a vida se vai fazendo inexoravelmente com a sua brutalidade e fealdade. (Fragmento de uma carta do Major Quaresma à sua irmã.)‘.

LIMA BARRETO, A. H. Triste fim de Policarpo Quaresma.

São Paulo: Ática, 1996. p. 167.

Faça uma análise do caráter das personagens Genelício (II) e Major Quaresma (III) levando como base o pensamento de Renan (I) – epígrafe do romance de Lima Barreto.

R: O livro de Lima Barreto, traz temas bem atuais aos nossos dias. É comum na sociedade, não apenas na política, encontrarmos “Genelícios” usando de artifícios considerado errados pela sociedade para se dar bem na vida. Genelício é uma pessoa que usa sua malícia, sua postura sem pudor, a seu favor. Não está preocupado com a sociedade, com o país, mas sim com seu próprio futuro, seu próprio sucesso; que consegue graças ao seu bajulamento com superiores e convivência com a alta sociedade. Já Policarpo, está sempre preocupado com o país, mesmo que de uma maneira equivocada e exagerada algumas vezes; não liga para política, não bajula ninguém para conseguir o que quer, acredita que pode vencer seus ideais por acreditar nelas de verdade, e considerar que pode melhorar o futuro do país. Só que a sociedade não entendeu isso, e o ridicularizou, desprezou. No pensamento de Renan, ele diz exatamente isso, o que anda de uma maneira tortuosa, leviana, tem mais chances de se dar bem na vida, do que aquele que segue as regras e tenta defender seus ideais de uma maneira limpa, verdadeira.

02. Comente a figura da mulher dentro da obra Triste fim de Policarpo Quaresma com base nas personagens Ismênia, Adelaide, Olga e do trecho abaixo:

Na antiguidade as mulheres eram submissas ao homem, pai e marido – oprimidas e incumbidas de educar os filhos e cuidar da casa, sendo educadas desde crianças para serem donas de casa e terem como única perspectiva o matrimônio. Por muitos anos as mulheres viveram neste "cárcere" imposto pela sociedade.

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