As Finalidades Educativas

Falar sobre as finalidades educativas escolares não é uma tarefa fácil, pois de acordo com autores como Libâneo(2014) e Lenoir(2016), não há um consenso quanto à significação atribuída a elas. Mesmo assim, os dois autores defendem que é de suma importância que tais finalidades sejam discutidas por todos os envolvidos no meio educacional escolar visto que vinculam-se a interesses de grupos específicos e às relações de poder em âmbito nacional e internacional. Portanto, são carregadas de implicações ideológicas, políticas, sociais, acadêmicas etc.  

Segundo Libâneo há nos documentos das Conferências Mundiais Educação para Todos, a indicação de quatro finalidades educativas: satisfação das necessidades básicas (mínimas); atenção ao desenvolvimento humano; educação para o mercado de trabalho; educação para a sociabilidade e convivência para a contenção de conflitos sociais.  Assim, há um empobrecimento do currículo e da didática, pois são impostos aos professores e a educação perde a função de promotora do desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos e de suas personalidades, passando a atender objetivos de solução de problemas sociais e econômicos, atuando na exclusão social dos alunos dentro da escola e, possivelmente, agravando a injustiça social. (LIBÂNEO; FREITAS,2018)

Esse ensino instrumental, recebe um monitoramento em larga escala por meio de avaliações externas que servem principalmente para controlar o trabalho dos professores. Mesmo assim, há professores que seguem o currículo, sem, no entanto, esquecer a formação humana do aluno, acolhendo-os nas suas diversidades: culturais, de gênero, sociais, econômicas, raciais etc. E é nesse ponto que esse profissional se faz insubstituível.

De acordo com Reboul (1971) a educação é inseparável da política, isto é, da vida da cidade, das relações econômicas e sociais que a constituem, a forma de governo...Ela é diretamente influenciada pelo contexto social e ideológico. Segundo Legendre(1993) toda organização escolar persegue a finalidade: de manutenção da ordem estabelecida e a reprodução social; ou a evolução e a adaptação da sociedade; ou ainda a transformação radical da sociedade. Portanto é importante analisarmos a educação no contexto atual. Observando os acontecimentos, é possível afirmar que a política educacional atual do nosso país, tenta, equivocadamente propor uma educação menos ideológica, mais conteudista, ou seja mais voltada para a visão da pedagogia tradicional, pela qual, segundo Libâneo, a principal finalidade da educação é a preparação intelectual e moral dos alunos para assumirem papéis na sociedade, com base nas orientações morais do passado acerca do sentido de dever, amor à pátria, da dedicação à família e à religião, da manutenção da autoridade dos agentes educativos e a prevalência da fé sobre a ciência. No entanto, é sabido que esse tipo de educação visa o controle social por meio da educação.

Em relação à

Considerações finais

No contexto das disputas ideológicas no terreno das finalidades educativas, a hegemonia do modelo liberal impõe como finalidade educativa da escola a preparação de força de trabalho disciplinada associada à obtenção de rudimentos de cidadania, incluindo preparação para iniciativa e empreendedorismo. Nessa perspectiva, a educação escolar ocupa seu papel social de potencializar as capacidades dos pobres para sua inserção na economia, ao mesmo tempo em que contribui para amenizar problemas sociais que podem obstaculizar a expansão da globalização econômica capitalista. Estas finalidades são monitoradas por sistemas de avaliação em escala cujos resultados levam a formas de controle do trabalho das escolas e dos professores. Restringindo as funções da escola a objetivos utilitários, são dissolvidas suas funções de instituição formativa de desenvolvimento dos processos psicológicos superiores e da personalidade. Tem-se, assim, um ensino instrumental subordinado a objetivos de competências medido por testes, valorizado muito mais pelos especialistas em avaliação em larga escala do que pelos professores. São excluídos os conhecimentos significativos e os processos de ensino-aprendizagem que podem promover e ampliar o desenvolvimento humano. Suspeita-se que fórmulas que sustentam um modelo de escola dentro de um projeto de alívio da pobreza na qual se junta o currículo instrumental e imediatista para a empregabilidade e políticas de inclusão apaziguadoras, levem ao agravamento da injustiça social, pois, ao colocar em segundo plano os elementos pedagógico-didáticos da qualidade de ensino, é sonegado aos filhos das famílias pobres o acesso ao conhecimento universal e o desenvolvimento das capacidades intelectuais por meio desse conhecimento (LIBÂNEO, 2014).

...