Capitães da Areia
Por: Ivanildo85 • 30/4/2015 • Trabalho acadêmico • 698 Palavras (3 Páginas) • 366 Visualizações
2. DESENVOLVIMENTO
O romance Capitães da Areia, escrito por Jorge Amado na década de 30, se passa na cidade de Salvador numa sociedade marcada pela desigualdade social. Trata-se de um romance da segunda fase do modernismo, de caráter regionalista, sendo um romance lírico que trata de questões sociais com uma linguagem agradável e de fácil compreensão.
Em Capitães da Areia, Amado inicia sua escrita com manchetes do Jornal da Tarde, onde traz a notícia de mais um dos assaltos realizados pelas crianças delinquentes que recebem o nome de “Capitães da Areia”, após a primeira reportagem, o jornal passa a publicar várias cartas enviadas à redação, onde várias pessoas se pronunciam, começando assim um debate sobre o problema da desigualdade social, que acabou ficando em um jogo de empurra – empurra, sem chegarem a uma conclusão ou solução para resolverem a situação.
A partir dessas reportagens, Amado começa a contar a história dos meninos de ruas da cidade de Salvador, esses meninos viviam em um cais, o “Trapiche”, onde no passado recebia veleiros carregados. No presente da narrativa, é apenas uma construção abandonada, destruída, infestada de ratos, frequentada por malandros e mendigos, quando os Capitães da Areia vem tomar posse dele. Logo, as crianças eram condenadas a viver num espaço semi destruído, que servia de pousada para ratos e cães abandonados, no qual apenas passavam a noite. Durante o dia, se ocupavam em tentar arranjar o que comer e vestir, tendo muitas vezes que roubar para conseguir sobreviver.
Entre o planejamento de um furto, a realização do plano, uma briga com outros meninos, uma aula de capoeira com Querido-de-Deus, uma visita de Don’ Aninha – mãe de Santo- ou de Padre José Pedro, é assim que Jorge Amado vai apresentando as personagens. Pedro Bala, o menino que conquista pela coragem a chefia do grupo; professor, o único que sabia ler e contar histórias de jornais e livros para o grupo; Pirulito, que rezava todas as noites e tinha em seu canto um altar com várias imagens de Santos; Sem- pernas, que odiava como todos o tratavam; Volta Seca, que sonhava sempre em ir para o bando de Lampião; Gato, Boa-vida; todos se sentiam irmãos.
Mas é o personagem Pedro Bala que vai ganhando destaque ao longo do romance, onde nos mostram que as condições sociais empurram esses meninos para as ruas e assaltos. Vemos isso no trecho onde o personagem pirulito refletia sobre a vida que eles levavam:
Eles roubavam e furtavam, brigavam nas ruas, xingavam nomes, derrubavam negrinhas no areal, por vezes feriam com navalhas ou punhal homens e policias. Mas, no entanto, eram bons, uns eram amigos dos outros. Se fazia tudo aquilo é que não tinham casa, nem pai, nem mãe, a vida deles era uma vida sem ter comida certa e dormindo num casarão quase sem teto. Se não fizessem aquilo morreriam de fome por que eram raras as casas que davam de comer a um, de vestir o outro. E nem toda a cidade poderia dar a todos. (AMADO, 2006, P. 100 e 101)
Eles agiam dessa forma, pois precisavam sobreviver, já que a sociedade não podia sustentar a todos e a única coisa que restavam a elas era a liberdade de viver na rua, a qual eles não abriam mão, pois o “problema dos menores abandonados e delinquentes quase não preocupava a ninguém na cidade” (AMADO, 2006, 66).
Esta obra foi adaptada em filme, e lançado em 07 de outubro de 2011, dirigido por Cecília Amado que é neta o autor Jorge Amado, O filme é o marco inicial das comemorações pelo centenário de Jorge Amado, onde foram selecionados os principais episódios do livro para a adaptação.
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