Considerações Sobre o Ritmo na Balada “Meu sonho”, de Álvares de Azevedo, e no “Rondó dos cavalinhos”, de M. Bandeira.
Por: bielzcavalcanti • 27/5/2019 • Trabalho acadêmico • 495 Palavras (2 Páginas) • 888 Visualizações
Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Departamento de Letras
Disciplina: IEL I
Considerações sobre o ritmo na balada “Meu sonho”, de Álvares de Azevedo, e no “Rondó dos cavalinhos”, de M. Bandeira.
O ritmo poético construído na balada de Manuel Bandeira é assegurado por diversos aspectos. Com um número fixo de 7 sílabas poéticas e por aliterações, que promovem a intensificação do ritmo e produzem um efeito sonoro significativo, já é possível caracterizar uma certa percepção rítmica do poema, mesmo que rasa.
Assim, Antônio Candido explica em seu livro Na Sala de Aula, que "uma leitura meramente silábica não adianta nada para a compreensão. Mas se lermos obedecendo rigorosamente à pontuação, isto é, dando força às pausas determinadas pelas vírgulas, teremos a combinação de um ritmo corredio com um ritmo picado" (pg. 71 e 72).
Desta forma, Antônio Candido introduz ao leitor não só o movimento de galope presente no ritmo do plano estrutural do dístico-estribilho, sendo este corredio no primeiro verso (onde os cavalos de corrida correm no prado, em ritmo deslizado) e picado no segundo (onde os homens, comparados a cavalos, estão comendo e participando de uma reunião social, mas em ritmo de galope), como também abre espaço para uma análise de contrastes nos ritmos do dístico, que juntamente ao estudo gramatical comprova essa leitura quando "cavalo" é sujeito no primeiro verso, mas aposto do sujeito no segundo e assim recebe um destaque sonoro e semântico.
Portanto, "o estudo do nível estrutural revela o significado, que é mais profundo em relação ao sentido ostensivo" (pg. 73) e mais uma vez podemos recorrer à semântica e atentarmos ao grau dos substantivos: A palavra "cavalo" no diminutivo impõe certa delicadeza e retira dela o que há de animalizado, enquanto o aumentativo infunde animalidade ao homem.
"Meu sonho" é um caso mais simples que o do "Rondó dos cavalinhos" porque a análise da estrutura ostensiva fornece os elementos constitutivos da estrutura profunda.
Conferido por versos eneasílabos, com acentos tônicos na 3ª, 6ª e 9ª sílabas, o ritmo de galope, por seu caráter imitativo e sugestivo, traduz tanto os sentidos ostensivos e o sentido oculto do poema.
A distribuição de tonicidades e atonicidades (duas átonas e uma tônica) formam pausas que dividem o verso em três segmentos de três sílabas cada um, podendo ser facilmente percebidas pronunciando levemente as sílabas átonas, e com bastante força as tônicas. Dessa forma a sonoridade expressa claramente o ritmo, que representa não só o galope d’ O fantasma, mas o fôlego de angústia do Eu.
O ritmo (a pulsação regular) gerado por essa leitura distributiva de átonas e tõnicas, pode, portanto, ser considerado a "razão" profunda da estrutura e do significado, pois "os valores de construção se confundem com os de significado, havendo fusão completa entre ação e emoção, isto é, entre o ritmo do galope e a angústia. A força unificadora do anapesto, extremamente eficaz, supera o desequilíbrio das partes, fundindo "Eu" e
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