Crônica Sobre Metáfora
Por: rogereduardo11 • 7/3/2019 • Trabalho acadêmico • 255 Palavras (2 Páginas) • 253 Visualizações
Figura
Sou usada como transporte, é minha função, não há como evitar! Levo vários nomes, talvez a outros com um mesmo significado. Posso ter várias ramificações, seria eu uma árvore? Não!
Não sou exclusiva da linguagem literária que tem suas raízes na intenção deliberada de criar efeito emotivo, mas na linguagem falada sou tão abundante quanto nos textos literários. Geralmente me usam de forma vazia, clichê, que você já deve estar bem acostumado. Ontem mesmo deve ter ouvido a dona Maria me usando enquanto conversava com a Júlia:
−Sua irmã está queimando em febre Júlia.
Há também quem diga que sou estereotipada, como o Carlos que me usou pra falar com seus amigos do futebol:
−Ontem acabei machucando a batata da perna.
Já que transporte é meu cargo, sou responsável pela transferência de percepção de um sentido para outro, repare em como Manoel contou para a esposa o pôr-do-sol que viu na praia: − A cor cantava-me nos olhos... Também posso ser exagerada, deformo a realidade ampliando uma ideia, Fernando me aplicou muito bem quando descreveu Usain Bolt ao correr a prova de 100 metros rasos do atletismo:
−Ele correu como um raio.
Além disso posso ser personificadora, atribuo vida ou qualidades humanas a seres inanimados, irracionais, ausentes, mortos ou abstratos. Juca me empregou hoje pela manhã ao acordar com um forte temporal acontecendo:
−O dia amanheceu enfurecido.
Essa sou eu, em profundas ramificações com outras figuras de linguagem. Minha base é a semelhança. Você me reconhece?
Róger Eduardo da Silva
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